segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Armas Nucleares


Neste domingo, a Folha de Pernambuco publicou carta do leitor Habib Saguiah Neto, em que é abordada a questão das armas nucleares frente à possibilidade de o Irã vir a produzi-las. É notável o primeiro parágrafo da missiva, em que o leitor chama a atenção para o fato de que os países mais belicamente equipados, como os EEUU e a Rússia, são possuidores de armas atômicas e, portanto, lhes faltaria a condição moral para exigirem do Irã conduta diversa, a seguir transcrito, textualmente: 

"De parabéns o presidente Lula pela ousadia de afirmar em Berlim que Estados Unidos e Rússia não têm moral para criticar o Irã por questão de armas nucleares, já que os dois países são as maiores potências nesse setor."



A questão da exigibilidade de o Irã e a Coréia do Norte não produzirem nem possuírem armas atômicas, neste preciso ponto levantado pelo leitor, demanda uma discussão mais abrangente, qual seja a de a comunidade internacional, por seus organismos multilaterais adequados, exigir também, pari passu com a feita àqueles países, que os EEUU, a Rússia e a China iniciem de imediato o desmonte drástico, sob prazos marcados, dos seus arsenais atômicos, bem que os demais detentores desse potencial bélico, como Israel, França, Paquistão e Índia, destruam desde logo todo os artefatos nucleares que possuam e igualmente as instalações capazes de as produzirem.


Exigir-se, hoje, que o Irã e a Coréia não tenham a possibilidade de possuírem e tratarem matéria possível de ser utilizada para produção de artefatos nucleares, mas que pode ser utilizada apenas para fins pacíficos - como o faz o Brasil - sem que, ao mesmo tempo, se proceda a ações objetivas de desmonte integral dos arsenais atômicos já existentes, não é somente hipocrisia.  

Essa exigência assim feita é principalmente um lance de jogo para preservar o mandonismo das potências já atômicas sobre os demais países, mantendo-se a insegurança mundial em face dos conflitos existentes, especialmente a partir da questão Palestina, com Israel possuidor de bomba atômica, e da questão da Cachemira, com India e Paquistão, inimigos, ambos também possuidores da bomba atômico e dos meios de continuar a produzi-las.  
 
Aliás, de hipocrisia no trato da questão de armas nucleares e Irã, quem deu aula de cátedra foram os maiores veículos do jornalismo nacional, ao criticarem o presidente Lula por recepcionar o presidente iraniano, por ser este dirigente maior de um país que quer ter a bomba para ameaçar os países da sua região ou próxima,e nada criticarem, quando da visita ao Brasil do presidente israelense, em dias anteriores próximos, sobre a condição de Israel ser o único estado da sua região a deter produção e posse da bomba atômica.