segunda-feira, 19 de novembro de 2018

O SAGRADO AOS CÃES E PÉROLAS AOS PORCOS.

Em grupo do "WhatsApp" foi publicado artigo supostamente da autoria de Stephen Kannitz, administrador e jornalista admirável por sua qualidade intelectual e equilíbrio na crítica às ações empresariais e às administrações públicas. Esse artigo, gravosamente crítico às políticas econômicas e sociais  ao período da administração federal iniciada com o primeiro governo de Luís Inácio Lula da Silva até o primeiro governo de Dilma Roussef não parece digno da inteligência, do conhecimento e do equilíbrio crítico daquele teórico da administração. Sente-se que se trata de "fake" atribuída à suposta autoria do respeitável administrador, típico artifício de "marketing" político.
Pelo conteúdo publicado não é de difícil percepção que o verdadeiro autor dessa diatribe é da grei filo-fascista raivosa instrumentada pela ação política entreguista (¹), com  atributos abaixo da linha da mediocridade e de parcas noções histórico políticas, disseminadora nas redes sociais de "fakes" que visam a degradar a discussão política nacional. A adulterar fatos e tentar conspurcar o êxito mundialmente reconhecido daquele período governamental brasileiro, seus autores assemelham-se a porcos que promanam para a sociedade miasmas da lama em que se revolvem e, então, uma resposta direta àquele artigo seria como que atirar pérolas aos porcos (²).  Mas, para que não se passe in albis, como se verdades contivesse aquela articulada raivosa aleivosia, há que se apresentar ainda que modestamente, em algum lugar como neste espaço, o encadeamento de fatos e acontecimentos políticos, sociais e econômicos sucedidos no mencionado período governamental,  com esperança de que os cães não venham a despedaçar a sociedade brasileira.
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Para o funcionamento regular da economia capitalista, é essencial a existência do desemprego sempre crescente relativamente, uma vez que essa situação é formadora do exército de reserva de mão-de-obra, indispensável para a política empresarial de achatamento dos salários praticados. Por essa praxis, de fácil gerenciamento mas fomentadora de desestabilização social permanente em face dos efeitos danosos que trás à classe trabalhadora, seja pela precarização do emprego seja pela corrosão do poder de compra do salário, o empresariado busca resolver o seu principal problema econômico, a rentabilidade que leva à distribuição de lucros.
Ocorre que a rentabilidade tem a tendência de diminuir sempre, por conta dos inversamente sempre crescentes juros que o empresariado paga sobre os financiamentos bancários necessários para investir na atualização tecnológica contínua, com vistas ao aumento da produtividade da empresa e ao lançamento de novos produtos atrativos no mercado. O aumento da produtividade advinda  do investimento constante na atualização tecnológica e na inovação dos produtos é indispensável para a sobrevivência na sempre mais acirrada competição empresarial pelo mercado; cuja disputa fatal somente é possível contornar, eventual e provisoriamente, mediante a prática de concorrência desleal, cartelização, oligopolização, divisão de mercado, açambarcamento, "dumping", corrupção et al., todos crimes econômicos.   
 Essa  uma das raízes da permanente crise do capitalismo atual, que leva à disparatada desigualdade social nos países de economia capitalista periférica, os subdesenvolvidos. O calamitoso dano à toda a sociedade resultante dessa desigualdade é possível de mitigação por meio de política pública de compensações sociais, como o programa de renda mínima e outros de acesso gratuito a serviços essencialmente de promoção social. Assim é feito nos países de economia desenvolvida, altamente industrializados, com uso intensivo da automação de ponta, que se localizam com predominância na Europa Ocidental, cuja intervenção estatal leva as suas populações menos favorecidas a fruírem uma vida minimamente digna. 
 A política de compensações sociais implementadas pelos países europeus ocidentais, no entanto, é dependente fiscalmente de que a receita pública seja beneficiada continuamente pelas transações comerciais externas, onde se opere continuamente com menos custos a importação dos insumos primários para transformação em produtos acabados pelas industrias locais para exportação (11), ou mesmo para consumo interno in natura ou beneficiado. 
 Já os países subdesenvolvidos não se veem habilitados a assim procederem por terem a sua economia centrada fortemente na exportação de produtos primários, extrativos ou agropecuários, para os países de economia desenvolvida. Somente através de uma severa transformação no modelo econômico produtivo nacional, passando-se à implementação de políticas e mecanismos de estímulo vigoroso, acelerado e consistente ao desenvolvimento industrial moderno, inclusive contemplando primordialmente o imenso potencial do mercado interno, em substituição à dependência de exportação de produtos primários, vê-se possível a execução de políticas públicas de compensações sociais efetivas.
 Se extrai desse quadro que acertada foi no seu conjunto a política de desenvolvimento econômico seguida nos governos brasileiros desde 2003 até 2014, ao apoiar firmemente a exploração do petróleo e do gás, bem assim a sua produção e comercialização interna, sob controle estrito da Petrobrás, especialmente com a descoberta dos campos de pré-sal, com tecnologias próprias na pesquisa, extração e produção.  Esse foi o estímulo de que se necessitava para o ressurgimento da indústria naval, por efeito das encomendas de plataformas submarinas de extração e de navios transportadores pela Petrobrás. A expansão das atividades de extração e de refino da Petrobrás também serviu à expansão das indústrias siderúrgicas e de construção civil.
Outrossim, estimulou-se com benefícios fiscais a implantação, com descontração pelo País, de novas unidades fabris da indústria automobilística, de alta capacidade geradora de empregos no seu complexo produtivo, pela aplicação nos seus produtos de grande quantidade de implementos de aço e de plástico, inclusive com imenso número de fornecedores a demandarem aumento na produção  na indústria siderúrgica e na petroquímica.(³) Também estimulou-se fiscalmente a indústria de bens duráveis da linha doméstica de grande consumo popular, no sentido do aumento da sua produção e do barateamento dos seus produtos.
A construção civil foi apoiada diretamente pelo BNDES na sua expansão para o exterior, o que contribuiu também para o aumento do emprego e da renda aqui no País. Inclusive a prestação no exterior dos serviços das construtoras nacionais com exportação de tecnologias e assistências técnicas próprias ensejavam entradas de pagamentos de "royalties" e outros direitos autorais na conta de serviços brasileira. O BNDES e o Banco do Brasil, grandes financiadores governamentais da indústria, do comércio e dos serviços, como a Caixa Econômica Federal, grande financiadora do programa habitacional Minha Casa Minha Vida e outros de fins sociais, tiveram crescimento de lucro como jamais houvera acontecido (4)
Adicionalmente, fator de incremento  na formação dos profissionais e da produção de pesquisas técnicas necessários a sedimentar ao longo do tempo o desenvolvimento industrial envidado, foi a adoção de uma política forte de expansão e interiorização de universidades públicas.
 Dessarte, o Brasil transmudou-se de economia subdesenvolvida para alcançar o "status" de economia emergente, pari passu com  as economias da China, Coreia do Sul, Rússia e Índia; consolidada com o 7.º PIB mundial; aumento substancial das suas reservas internacionais; diminuição da sua dívida externa a nível jamais verificados; e redução da sua taxa de desemprego a nível próximo do pleno emprego, com salário mínimo mais que triplicado no seu valor em dólar (5).
Ao deixar de ter uma economia periférica e dependente, o Brasil pôde se iniciar na prática sustentada de fortes políticas públicas de compensações sociais, tal como a de transferência de renda, de que é exemplo o programa Bolsa Família. Política essa admirada mundialmente por sua simplicidade de execução e de efeitos benéficos sociais imediatos; mais ainda por sua função exponencial de crescimento no consumo de bens, inclusive duráveis. O País retirou cerca de 35 (trinta e cinco) milhões de pessoas da miséria, que viviam com renda abaixo da linha da pobreza, para alçá-los a consumidores de produtos modernos; novo fator de crescimento econômico nacional, por via dessa política admirável de transferência de renda.
Essa política de transferência de renda direta do Tesouro Nacional para as contas dos beneficiários, elevou sobremaneira o IDH (6) do Brasil, mas também extinguiu a corrupção generalizada que viciava toda a cadeia dos antigos benefícios de compensação social como os mal-afamados vales governamentais, como ainda preveniu a criminalização do uso desses vales indevidamente pelos seus beneficiários. Isso com índice de inflação abaixado muitíssimo(7).
Mas aos interesses do conjunto das forças econômicas mais poderosas no mundo  não  convinham os melhores resultados alcançados pelo Brasil na economia global e menos ainda o seu recente protagonismo na política internacional, com acentuado viés privilegiador das relações com os latino-americanos, os localizados no hemisfério sul e  os emergentes, que houvera de se dar por razões não só puramente econômica, mas até mesmo por razões de preservação dos interesses estratégicos nacionais. Nesse passo, a China houvera passado a ser o maior parceiro comercial do País; as grandes construtoras nacionais haviam passado a ser importantes empreiteiras internacionais, com atuação crescente em países da América Latina e da África (8); por atuação proeminente do Brasil, ampliara-se o grupo de cúpula econômica de sete países - G7+1 - para dez países - G10, incluso o nosso próprio país; também com a atuação efetiva do Brasil criara-se o grupo econômico de países denominado BRICS, a compreender o próprio Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul, e não contar com nenhum país da Europa Ocidental nem da América do Norte; ainda com a atuação e participação essenciais do Brasil criara-se o Banco dos BRICS, concorrente direto do Banco Mundial e do FMI - Fundo Monetário Internacional na condição de fomentador das economias subdesenvolvidas, especialmente do hemisfério sul.
 De causar espécie aos interessados no complexo industrial militar capitaneado pelos estadunidenses também foram certos posicionamentos de política diplomática e ações de política de defesa adotadas pelo País nessa altura, assim como a liderança assumida na reivindicação por países diversos de modificação nos requisitos de composição do Conselho de Segurança da ONU - Organização das Nações Unidas, para torná-lo menos restritivo e menos manipulável pelas maiores potências mundias, no qual, integrado por quinze (15) países, até o presente mantém-se o poder de veto sobre qualquer assunto restrito a cinco desses países, os únicos membros permanentes, a saber os Estados Unidos, a Rússia, a China, a Grã Bretanha e a França.
Pode-se intuir que não foi menor o efeito negativo causado aos interesses daquele setor a aquisição a fabricante sueca de aviões a jato de caça, com o compromisso da vendedora de transferir para as forças armadas brasileira toda a tecnologia relativa aos aparelhos negociados, bem ainda de no futuro vir a construir esse tipo de aparelho no Brasil. Na disputa para essa venda foram vencidos fabricantes dos EUA e da França, que não ofereciam aquelas garantias extras para a melhor manutenção e o melhor funcionamento dos aparelhos desejados pelo País.
Agiu assim o Brasil  com a melhor ação acauteladora dos interesses de defesa nacional, tendo em vista as ocorrências de deficientes manutenção e funcionamento de aviões e foguetes utilizados na Guerra das Malvinas, cujos fornecedores de uns eram precisamente estadunidenses e franceses dos outros.
Pode-se ainda intuir que nada agradável aos interesses daquele complexo econômico militar deve ter sido  a ação governamental do Brasil em construir um submarino nuclear com tecnologia própria, necessário para melhor guarnecer as nossas tão vastas e vulneráveis  costas marinhas, que presentemente guardam no seu subsolo profundo o maior tesouro nacional, tão ambicionado pelas maiores empresa petrolíferas mundiais, as jazidas de óleo do pré-sal que se avaliam como reserva para sessenta (60) anos.(9)
 O êxito dessas  políticas e ações governamentais, que levaram o Brasil ao patamar mais alto economicamente e socialmente no mundo, constituindo-o em um novo partícipe indispensável nos foros internacionais mais importantes com participação nem sempre agradável ao país hegemônico, foi que provocaram acontecimentos recentemente vividos no País, que se iniciaram com a flagrada intromissão estrangeira mediante espionagem dentro do gabinete da Presidência de República por equipamentos telefônicos monitorados a partir do Departamento de Segurança Nacional americano, e a ferina campanha da grande mídia nacional de perseguição desmoralizante, às vezes criminalizante, das ações políticas e administrativas governamentais. Mas a grande mídia precisava de um cavalo de batalha para redobrar a sua força condutora da opinião pública contra o governo estabelecido democraticamente; o que veio se dar com os célebres distúrbios em São Paulo liderados por integrantes da classe média - muitos até encapuçados -  que se iniciou com uma simples passeata contra o aumento de 50 centavos nas passagens de ônibus, cuja administração pública competia aos governos estadual e municipal.
Passo seguinte imediato, coincidente com as atribulações que se iniciavam na política interna brasileira, foi a queda acelerada do preço do barril do petróleo no mercado internacional durante o segundo semestre de 2014, quase 2/3 (dois terços) do que se praticava então (10), comandada pela OPEP - Organização dos Países Produtores de Petróleo, da qual o país mais importante é a Arábia Saudita, em que a empresa que produz o óleo é a  ARAMCO - Arabe American Company. Empresa essa de titularidade do rei saudita, Salman, em sociedade com as maiores empresas petrolíferas ocidentais, Exxon, Gulf, Mobil, Royal Dutch Shell, ... Essa redução no preço internacional do petróleo teve o condão de inviabilizar quase de súbito projetos importantes da Petrobrás, a reduzir drasticamente seus investimentos, que causou grande efeito negativo na economia nacional.
A acelerada e drástica redução de preço do barril de petróleo no mercado internacional, contudo,  não surtiu efeito estrangulador aos negócios da Petrobrás como o foi à PDVSA - Petróleo da Venezuela S.A. e por extensão à Venezuela, visto que a produção da empresa é destinada primordialmente ao mercado interno e a extração nos campos de pré-sal sai ao custo de 7 (sete) dólares o barril. O efeito à Venezuela foi devastador por ter aquele país a sua economia dependente quase que exclusivamente da exportação desse produto mineral, inclusive sendo fornecedor de cerca de 20% (vinte por cento) do consumo estadunidense.
Concomitante, então, veio o golpe policial-judicial que complementaria os efeitos de graves danos aos negócios da Petrobrás, qual seja o processo apelidado de Lava-Jato, cujos efeitos catastróficos comprometeram profunda e definitivamente também a atuação profícua das principais empresas empreiteiras nacionais, a indústria naval e, por consequência, a economia brasileira.
Acontecimento importante também a considerar foi a promoção da aprovação de projetos de lei fortemente onerosos ao orçamento federal, naquele momento absolutamente reprováveis em face da crise econômica que se iniciara com a derrocada de negócios nas áreas do petróleo, petroquímica e e construção civil. Evidente, como reconheceu em entrevista recente o presidente de um dos maiores partidos de oposição então (11), que o objetivo daquela promoção congressual danosa à economia do País, cognominada "pauta bomba", era levar o País à ingovernabilidade sob a presidência da reeleita Dilma Roussef.
Todos esses fatores em sequência levaram, no curso do ano de 2015, à "débâcle" da economia brasileira de modo incontrolável pelo governo federal, liderado pela Presidente Dilma Roussef, reeleita com mais de cinquenta milhões de votos em disputa eleitoral duríssima. A essa agrura econômica, causadora de imediata aceleração no aumento no desemprego e no índice inflacionário, conjugou-se intensa e irada campanha de ódio ao Partido dos Trabalhadores,  encetada em todas as mídias, especialmente pelas redes sociais da rede global de computadores, instrumentalizadas pelas maiores empresas jornalísticas e de TV do País, ora a provocar ora a alarmar  procedimentos criminais extravagantes contra políticos e administradores governamentais.
O aguçamento da classe média contra as exitosas políticas econômica e social do governo federal no período compreendido entre 2003 e 2014, levando-se-a às ruas do País enfurecidamente a clamar ilusoriamente contra a corrupção moral e política, possibilitou o alcance do passo maior da derrubada da presidência de Dilma Roussef, mediante seu impedimento de ordem estritamente política, a abrir o caminho para a tomada do poder nacional pelos neo-liberais, que desde então - meados de 2016 - vêm ditando as regras de um retrocesso econômico, social e político inacreditável até bem pouco tempo. Retrocesso que vislumbra voltar o Brasil aos costumes, à economia e ao atraso social anteriores à revolução de 1930. Para tanto já se iniciou desmonte da legislação protetiva do trabalhador e já se pretende a privatização de empresas estratégicas a efetiva independência nacional, tal como a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Eletrobrás.
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(¹) Termo derivado de ENTREGUISMO, que significa o norte orientador daqueles que defendem no Brasil uma política liberal subordinada aos interesses dos Estados Unidos da América do Norte, sumarizada na célebre frase "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil", proclamada pelo político e militar reformado Juracy de Magalhães quando da sua assunção ao cargo de Ministro das Relações Exteriores, no governo do Presidente Gal. Castelo Branco, logo em seguida ao golpe de  1.º de Abril de 1964. 
(²) Mateus, 7:6, "Não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão". 
(³) Produção de veículos: 2002 = 1,8 milhões - 2013 3,7 milhões.
(4) Lucros do BNDES: 2002 = R$ 550 milhões - 2013 =  R$ 8,15 bilhões; Lucro do Banco do Brasil: 2002= R$ 2 bilhões - 2013 = R$ 15,8 bilhões; CEF: 2002 = R$ 1,1 bilhão - 2013 = R# 6,7 bilhões.
(5)  PIB: 2002 = R$ 1,48 trilhões - 2013 = R$ 4,84 trilhões; PIB per capita: 2002 = R$7,6 mil; 2013 = R$ 24,1 mil. Reservas Internacionais: 2002 = USD 37 bilhões - 2013 = USD 375,8 bilhões. Dívida Externa em Relação às Reservas: 2002 = 557% - 2013 = 81%. Taxa de Desemprego: 2002 = 12,2% - 2013 = 5,4%.Salário Mínimo Convertido em Dólares: 2002 = 86,21 - 2014 = 305,00. 
(6) ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO: 2000 = 0,669 - 2005 = 0,669 - 2012 = 0,730.
(7) Inflação Média Anual: 1995 a 2002 = 9,1% - 2003 a 2014 = 5,8%.
(87) No Oriente Médio a expansão frustrou-se antes mesmo do período de que aqui se trata, quando a construtora Queiroz Galvão teve os seus contratos rescindidos unilateralmente pelo novo governo do Iraque, com a invasão do país pelos EUA.
(9) O Vice-Almirante Othon Luís Pinheiro da Silva, criador intelectual do projeto, inicialmente secreto, abrigado num departamento fictício apelidado de Coordenação para Projetos Especiais na Comissão Naval de São Paulo, foi dirigente do Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear de 1979 a 1994, quando foi reformado por tempo de serviço.  É considerado nos meios científicos o pai do programa nuclear brasileiro, por haver realizado o maior feito de inovação na história moderna do País: o processo de enriquecimento de urânio através de ultra centrífugas de baixo custo. È lema criado por ele: "Tecnologia Própria É Independência". No presente, o almirante encontra-se preso por conta de um dos processos da Operação Lava-Jato, em que foi envolvido por sua condição de presidente da Eletronuclear - Eletrobrás Termonuclear, empresa federal. Com a nova ordem brasileira, a conclusão do projeto do submarino nuclear brasileiro encontra-se adiada para o ano de 2018. 
(10) Preço Barril Bruto Brent Mensal: Jun 2014 = USD 111,87 - Jan 2015 = 48,07.
(11) Tasso Jereissati, presidente do Partido da Social Democracia Brasileiro - PSDB.
(12) A Alemanha,não produz uma grama de café, no entanto é o 3.º país mundial em exportação desse produto beneficiado e seus derivados.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

ONU e ditadura, segundo a imprensa livre e independente.

Metro, jornal do grupo de comunicação Bandeirantes, de São Paulo, publicou na edição de ontem, quarta feira, 10 de Outubro de 2018, página MUNDO (08), na mesma coluna, duas notícias em que sita atuação da ONU - Organização das Nações Unidas. 
A primeira notícia, a encabeçar e intitular a coluna em tipo negrito e tamanho duas vezes maior do que os subtítulos das demais notícias que se lhe seguem, anuncia: "Venezuela. ONU, Brasil e UE solicitam apuração de morte de vereador opositor"; e traz ao seu lado retrato do indigitado político, inclusive com legenda abaixo. O conteúdo literal da  matéria expressa:
  "A morte  de um vereador da oposição após queda em prédio do Serviço Bolivariano de Inteligência    Nacional, em Caracas, na Venezuela, trouxe preocupação à comunidade internacional.
   ONU (Organização das Nações Unidas), UE (União Europeia) e o governo brasileiro pediram ontem investigação transparente e independente sobre o caso.
   Fernando Albán Salazar foi preso na sexta feira em apuração sobre sua participação em tentativa de    atentado utilizando drones contra o presidente Nicolás Maduro, ocorrido há dois meses.                                                            O governo venezuelano diz que o vereador pediu para ir ao banheiro e teria e teria então se jogado da janela do prédio. METRO COM AGÊNCIAS"
 Abaixo daquela notícia sobre morte com suspeita de motivação política, ocorrida em unidade policial venezuelana segue-se, tratada graficamente com rigoroso e visível desapreço ao seu conteúdo,  notícia sobre o desaparecimento dentro de uma repartição diplomática da Arábia Saudita na Turquia de um jornalista árabe que exerce sua profissão em Washington, EUA, e que ali fora em para tratar de documentos pessoais  relativos a um seu próximo casamento: matéria incrustada na coluna em subtítulo e com fundo cinzento, que não a destaca mas dificulta a sua leitura. O seu conteúdo literalmente expressa:
"Desaparecido Arábia Saudita autoriza revista em consulado O Ministério das Relações Exteriores turco informou que a Arábia Saudita autorizou revista em seu consulado mantido na capital da Turquia. A polícia quer pistas sobre o jornalista saudita opositor ao governo que sumiu após ir ao local retirar documentos. A ONU (Organização das Nações Unidas) pediu esclarecimento sobre o caso. METRO"
 Tem-se então, pelas notícias publicadas pela livre e independente imprensa brasileira, que a ONU quer investigação transparente e independente sobre a morte de um político ocorrida escandalosamente em plena rua, a partir de uma queda sofrida de um prédio governamental venezuelano; presumivelmente porque o regime da Venezuela seja ditatorial, ainda que seja o país no mundo que mais realizou consultas populares nesta década - eleições e plebiscitos, cuja oposição furibunda e golpista seja maioria no parlamento nacional, que o governo - ainda com Chaves na presidência - tenha sofrido um golpe militar revertido com apoio popular, que um prédio governamental tenha sido bombardeado por um aviador militar comprometido com a política estadunidense e  que seja vítima - quase indefesa - de um dos maiores boicotes econômicos perpetrados atualmente contra uma nação, praticado pelos EUA e por esse exigido junto aos países dependentes de relações comerciais com eles.

Mas, quanto ao desaparecimento do jornalista árabe dentro de repartição diplomática da Arábia Saudita na Turquia, sabe-se pela mesma mesma edição da coluna que publicou a outra notícia, que candidamente a ONU pediu esclarecimentos sobre o caso; de certo porque a Arábia Saudita não é um reino absolutista governado mediante um regime ditatorial considerado o mais cruel mundialmente (Assim é visto por entidades de defesa dos direitos humanos, vinculadas ou não à própria ONU). 
Ao ler essas notícias, de pronto veio-me à recordação passagens da peça Um Inimigo do Povo, de Henrick IBSEN, contida em cinco atos, em 1882. 
Ocorreu-me a lembrança dessa peça porque o fulcro dela é a luta entre a mentira e a verdade, a cobiça privada e a defesa da saúde pública ("lato et stricto sensu"), o biltre e o homem digno, que se dá numa cidade norueguesa em que é essência decisiva o posicionamento para um daqueles lados do jornal local A Voz do Povo, auto reconhecido quarto poder, por se dizer representante da opinião pública, mas para dominá-la perfidamente.
Já no terceiro ato há como que prenúncio do posicionamento vil que o jornal assumirá adiante no decorrer da peça, ao reconhecer o seu editor que "Nós jornalistas, .., não valemos grande coisa."
No quarto ato, verifica-se a reviravolta na política que adotava o jornal, com a consumação da aliança dos seus interesses financeiros com os econômicos do governante e dos empresários, contra o relatório de exigências de procedimentos públicos do Dr. Stockmann, médico da estação balneária da cidade (o protagonista da peça) contra o qual lutavam quase todos os demais personagens principais - á exceção da sua mulher, da sua filha e de um comandante de navio -  por haver descoberto contaminação das águas locais por ação industrial de curtumes também lá estabelecidos. Com a recusa do jornal em dar publicidade ao seu relatório, promoveu o Dr. Stockman uma palestra  a ser proferida  em dependência de casa que lhe arranjara seu único passivo aliado (o comandante), na qual daria a conhecimento público a verdade que descobrira sobre a contaminação das águas; intenção que veio a ser frustrada por um "coup de main" transformador da palestra em assembleia, com a proibição de ser referido o assunto do relatório pelo doutor. Tolhido por não poder dizer a verdade ao público, o Dr. Stockman então, em debate com o editor do jornal (Sr. Hovstad), exclama: 
"Admitamos que o livre pensador seja eu. Por isso mesmo, faço questão de estabelecer cientificamente , de modo a que todos fiquem convencidos, que o Sr. Hovstad e a Voz do Povo, quando afirmam que representam a maioria, a própria essência do povo, estão se divertindo a sua custa.Isso, fiquem sabendo, nada mais é que uma mentira de imprensa! Um truque. Manipulam o pensamento da população para terem vantagens."  
Logo na parte inicial do quinto ato, o final da peça, em discussão com a esposa sobre o rumo que o caso tomou e suas consequências, O Dr. Stockman reclama sobre a opinião pública assenhorada pela imprensa:
" Na verdade, acho que nas outras cidades as pessoas devem ser tão violentas e intolerantes quanto as da nossa cidade. Em toda a parte é a mesma coisa. Mas, afinal , pouco se me dá. Deixemos ladrar os vira-latas. Isso não é o pior: o pior é que, de uma extremidade a outra do país, todos estão atrelados às vontades dos partidos políticos. Na América, é possível que as coisas não sejam melhores. Por lá também existe a chamada opinião pública, a maioria silenciosa. mas tudo isso se dá em vastas proporções, há a diversidade de opiniões.Matam de uma vez só e não vagarosamente, sob tortura, como fazem aqui.Pelo menos lá o indivíduo tem o direito a optar pela solidão."
E quase de imediato, a retrucar observação da sua esposa, remata o protagonista da peça:
  "O que está dizendo?! Por acaso não é verdade o que eu disse? Eles conseguem distorcer tudo! Misturam justiça e injustiça. Não dizem que é mentira o que eu sei ser uma terrível verdade? E pior! Há loucura maior do que ver esses homens que se consideram respeitáveis, autointitulados liberais, manipulando a opinião das pessoas em benefício próprio? E ao final, Catarina, é como se houvesse um partido único; certo ou errado, todo mundo pensa igual! 

 
                                                                    

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A BICICLETA DESMONTADA (In God we trust)


O que fizeram as forças da economia hegemônica mundial com a sociedade brasileira, usando as poderosas ferramentas de dominação da opinião pública?
Em linguagem metafórica, observador atento do cenário poderá concluir que desmontaram, peça por peça, a bicicleta sócioeconômica que fora montada com pertinácia na última década e quase meia e que, depois de subir íngreme ladeira inicial, se iniciava a rodar em terreno mais plano.
O desmonte da bicicleta com apuro, determinação inabalável e ardil meticuloso iniciou-se com as manifestações de ilusória massa na cidade mais populosa e politicamente de classe média burguesa mais inculta nacionalmente.
Questionou-se, inclusive de modo violento sem antecedente, o aumento de alguns centavos de real no preço de passagens de coletivos urbanos, administrado por governo estadual de centro-direita, de oposição ao governo federal, de centro-esquerda. Um problema localizadíssimo, pela geografia e pela solução.
Ali, em 2013, deu-se a partida a um projeto de fascistização de massa - “comme il faut”. Com a cobertura nacional dirigida de propósito erradamente contra o governo federal, o acontecimento surpreendentemente (ao início, até para Arnaldo Jabor, comentarista humorístico da Rede Globo de Televisão) deu-se início à aplicação da primeira ferramenta para a desaceleração do avanço democrático e inclusivo social procedido com aquela bicicleta.
Prosseguiu-se com o uso, eficazmente alarmante, enfurecido e continuado da ferramenta da “mass media” para a fanatização – à extrema direita – da classe média burguesia, quando esta era então visivelmente favorecida pelas políticas global, setoriais e de inclusão social adotadas pelos seguidos governos objeto daquela desconstrução política. Na ocasião se alcançava índice de quase pleno emprego, jamais ocorrido, e o consumo se dava exuberante. A inflação residual decorria mais da incapacidade industrial – tecnológica e financeira - de atender bem à demanda e o incumprimento em dia das obrigações pela população do crédito concedido decorriam mais dos escorchantes juros cobrados pela banca ao consumidor e ao pequeno empresariado, como se faz até o presente.
Evidência meridiana do propósito de fascistização de parte da classe média burguesa, a partir daquela agitação de rua, surgida, procedida e multiplicada por um tempo, foi o entranhamento nela das ações provocativas e destruidoras patrimonialmente de “blackblocs” de origens desconhecidas. Notável também é que dessa agitação de rua das que se lhe seguiram não participaram efetivamente as classes mais populares nem agrupamentos comprometidos com elas, bem que tais agitações se circunscreviam a protestar contra a gestão governamental administrativa de problemas setoriais – educação, saúde e segurança, porque ausentes fortes causas econômicas, sociais ou políticas. Indício, presentemente incontestável, da funcionalidade política para acesso ao poder de elementos comprometidos com o fascismo foi o surgimento entre as principais lideranças daquele primeiro momento de desmonte de alguém (até então plenamente desconhecido por todos), com esse discurso ideológico e que, por aquela via, ascendeu agora ao parlamento nacional com impressionante votação dada por aquele estado originador do ovo da serpente; sendo ele o próprio inseminador desse ovo, sem dúvida adrede preparado para tal.
Para a continuidade do desmonte, passou-se de imediato à utilização de outra ferramenta disponível na prateleira da oficina do diabo, qual seja intensa capacitação de agentes públicos brasileiros em eventos jus policiais nos aparelhos de inteligência mais eficientes e vigorosos de atuação global, experientes na intervenção em países de todo o quadrante mundial, como famosíssimo magistrado sempre fez público a sua formação e atualização por entidades componentes desse quadro para a sua exação funcional em procedimentos judiciais que envolvem interesses econômicos estratégicos para o Brasil.
Iniciou-se, então a judicialização da política nacional, a buscar e conseguir a criminalização da atividade política, necessária para a sua substituição pelo autoritarismo e, por conexão criminal com esta, a inviabilização econômica das grandes empresas estratégicas nacionais – públicas e privadas – de modo a eliminá-las da concorrência no mercado internacional em que atuavam com sucesso inegável – América Latina, África, alguns países do Oriente Médio - ou reduzi-las, aqui no País, a meramente serviçais dos interesses das multinacionais oligopolizadas mundialmente.
Dá-se aí, concomitantemente, a “débâcle” do preço internacional do barril do petróleo, procedido pelas manipulações na produção e comercialização do óleo pelo cartel da OPEP, capitaneadas pela Arábia Saudita, o maior produtor mundial, com a sua ARAMCO – sociedade de propriedade da família Saud, reinante absoluta no país com as principais empresas petroleiras do ocidente, a Exxon Mobil, Gulf, British Petroleum, Royal Dutch Shell, …
Essa “débâcle” premeditada levou à quebra econômica de países como a Venezuela – maior fornecedor dos EUA e terceiro maior produtor mundial – que tem na exploração do óleo sua quase exclusiva fonte de riqueza, assim como inviabilizou a continuidade do desenvolvimento econômico e da inclusão social que se operava no Brasil até então.
Estagnou-se o País, mas se conseguiu retirar uma peça essencial no desmonte da bicicleta econômica, social e política nacional, uma verdadeira pedivela. A atividade econômica paralisou quase por completo, minguaram os “royalties” pagos pela Petrobrás, que irrigam as finanças dos estados e municípios onde se dá a exploração do petróleo; a Petrobrás passou a desinvestimento, com implicação na redução de produção ou paralisação das atividades de suas empresas fornecedoras nacionais, especialmente da indústria naval (navios sonda, plataformas submarinas e navios transportadores) que ficou a ver navios (perdoe-se o trocadilho), que se havia restabelecido vigorosamente com as encomendas da estatal e que empregava um número imenso de trabalhadores, principalmente em Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Parada a bicicleta que levava avante a população nacional, restou que se a desmontasse de vez agora, para que o país não mais andasse para a frente em momento seguinte, apenas voltasse atrás, para a objetivada eternização da “casa grande e senzala”, para o passado de senhores e servos da gleba; para que não mais o povo viesse a ser condutor e passageiro, a um só tempo, de um veículo ensejador de mudança contínua vívifica, que não dá ré; para que, ao invés, o povo volte a arrastar as ferramentas de exploração primária de uso, fruto e gozo das classes sociais que lhe são superiores, proporcionados pela exportação a preços vis para os países de economia desenvolvida.
Deu-se, então, o uso da ferramenta do assassinato político de todas as forças políticas democráticas no País, corrompidas ou honestas, capitalistas ou socialistas, de origem burguesa ou proletária. Há que se preparar o terreno para a passagem do veículo fascista que por ele precisa afzer o caminho para o atraso, inverso ao da bicicleta desmontada. À fanatização autoritária não convém, não é admissível, a liberalidade política. A liberalidade admissível é somente a econômica, mas cartelizada cuidadosamente, contando com a Ford e a GM, a Vokswagem e a Porsche, a Siemens e a Krupp, a Boss e a ... (a Renner e a Riachuelo que se cuidem, o Pão de Açúcar e o Bom Preço já foram devidamente cuidados).
No seguimento, para o sucesso do desmonte econômico, sócio e político objetivado por essa “razia” sobre o Brasil, era condição “sine qua non” o impedimento da presidente, eleita legitimamente em confronto direto nas urnas contra o representante eleitoral dessa “entourage” maléfica ao país. Deu-se, assim, o perfeito golpe parlamentar, muito bem executado com a colaboração prestigiosa e acovardada do supremo judiciário nacional. Deu-se o golpe sem sustentação de ordem institucional, jurídica ou ética, apenas por vontade política de uma maioria congressual de ocasião, como se não se tratasse de presidencialismo, mas sim de parlamentarismo, onde a aprovação de um voto de desconfiança é bastante para a derrubada de um gabinete governamental.
Por efeito desse golpe parlamentar, instalou-se na presidência do País, então, um dos líderes na arquitetura daquela manobra de desmonte da bicicleta nacional. Foi necessário, então, que as peças desmontadas fossem confundidas de modo a se dificultar ao extremo a sua rearrumação no bom propósito da remontagem daquele veículo importante para a retomada do caminho, pelo povo, do desenvolvimento econômico e social nacional. O agora chefe oficial da desmontagem tem cumprido bem a sua tarefa, a envidar esforços para entregar ao capital estrangeiro os pedais, a coroa e a corrente de transmissão da nossa bicicleta econômica e para tornar quase impossível o aproveitamento pelos trabalhadores nacionais do desmontado selim dos direitos trabalhistas e previdenciários.
Nessa ordem de acontecimentos, a função de oficina do desmonte passou-se para o edifício de manipulação espiritual cujos mestres há tempo colocavam seus pregos na estrada por onde rodava a bicicleta da democracia política brasileira, qual seja o fundamentalismo de exploração emocional das novas seitas evangélicas, detentoras de variados veículos de mídia importantes nacionais – onde não se incluem as tradicionais igrejas protestantes, que por largo caminhar, nos erros e nos acertos, tal a igreja católica, não se integraram a essa renovada aventura fascista. Aquelas, as novas e as novíssimas seitas, praticam desde sempre o fanatismo religioso, assim como muitos acusam a prática do islamismo em países do Oriente Próximo.
Nessas novas igrejas evangélicas apregoa-se um fundamentalismo irracional, puramente emocional, a explorar um dos piores sentimentos do ser, o medo. Daí a se multiplicarem pelo mundo afora, mesmo nos países mais desenvolvidos. É a prática da perversidade intencional na sua pior manifestação.
A conjugação desse fundamentalismo religioso ocidental com o fascismo seria inevitável, como de fato tem ocorrido aqui e alhures, seja em países subdesenvolvidos ou superdesenvolvidos. Não é por acaso que são os evangélicos fundamentalistas norte-americanos os maiores contribuintes financeiros ao estado de Israel, como incentivo ao procedimento caracteristicamente nazi de expansão territorial e submissão indigna de partes da população palestina, sob a pretensão de viabilização mais rápida possível do armagedão, do apocalipse, o dia do juízo final, no qual o Messias retornaria à terra a fim de realizar a justiça final.
Nesse compasso, um político, que há décadas se servia disfarçadamente, inclusive familiarmente, desse “cocktail” de fascismo com fundamentalismo evangélico – militar frustrado na sua carreira, mas com ímpeto a “generalizar” o País - apropriou-se do desmonte total da bicicleta a que se havia feito e veio com a pretensão de substituí-la por um tanque de guerra, para conduzir a população nacional a … onde, por onde?
A população nacional fanatizada pelo fundamentalismo religioso evangélico e pelo fascismo de soluções mirabolantes, como que chineses drogados pelo consumo de ópio estimulado pelos colonizadores britânicos, parece apoiar esse Messias.

Desmontou-se a bicicleta e confundiram-se suas peças, espalhado-as a esmo. Preocupa-me como poderá se dar a remontagem dessa bicicleta, se nem sabemos aonde está cada peça, para recolocar cada qual no lugar certo.

She e democracia à americana, do Norte.

Posto estava a ouvir uma das mais lindas composições românticas populares dos últimos tempos, que é She, com gravações consagradoras de Charles Aznavour e de Elvis Costello. A par da sua musicalidade marcante, a sua letra é uma ode à feminilidade declamada por uma hombridade consciente da complementaridade dos gêneros.                                                                                    Eis que sou perturbado no meu enlevo romântico pela leitura, que ao mesmo tempo fazia, de uma nota  jornalística a dizer sobre a suspensão da exibição de um filme de Woody Allen, o “A rainy day ir New York”.                                                                                                                                           A nota diz: “A Amazon suspendeu por tempo indefinido o lançamento de ""A rainy day in New York, Woody Allen"", cuja estreia estava prevista ainda para 2018. Será o primeiro ano sem lançamento do diretor em mais de três décadas. A principal razão seriam críticas pelo fato de o longa envolver romance entre homem adulto e uma adolescente. Allen foi inocentado em 1993 pela denúncia de abusar da filha adotiva.”                                                                                                     Nos albores do Século XXI, trata-se de uma censura à arte mais radical do que a que a medieval praticada. As pinturas de Madonas nos templos europeus advindos daquela época dão o testemunho, como as esculturas de deuses e deusas nos inúmeros museus daquele continente.                                   A constatação óbvia é o exercício desabrido e avassalador do fascismo no mundo ocidental da democracia burguesa. Presentemente, envidado através da atuação, explícita ou subterfúgia, por meios de comunicação os mais eficazes controlados por grupos financeiros e empresários, à busca de tudo fazer para a manutenção dos seus lucros e rendimentos defronte à crise permanente e irreversível do capitalismo - hoje, apelidado de economia de mercado.                                                
A novidade agora, nos EUA, é que dispensam a intervenção estatal para a censura. As próprias corporações oligopolizadoras dos meios de comunicação e entretenimento o fazem. A Amazon o fez. A notícia, entretanto, sugere que censura se arrazoaria em críticas à vida privada do autor. Mas a vida privada de um autor e sua obra não se confundem. No máximo, a análise dessa combinação, pode ser útil para o analista, o crítico, a buscar descobrir elo de razoabilidade de uma sobre a outra.     Na também má informação prestada pela nota, menciona-se o inocentamento do autor em um processo de abuso a uma filha adotiva, mas não se completa com a informação de que eles se casaram e vivem maritalmente.                                                                                                                   Estamos mesmo num período de fascismo avassalador em todo mundo ocidental, sendo a vanguarda desse retrocesso o quarto poder institucional mundial, as corporações de comunicação em geral.         No Brasil, em primeiro dominaram as pontos chaves do aparelhamento judiciário, depois a grande maioria dos legislativos, para encetar com o golpe parlamentar de 2016 , a “ponte para o futuro”, que nada mais é que a destruição da economia moderna nacional, pondo-a de volta aos idos anteriores a 1930.

ISTO É - PANFLETO FASCISTA

Passei uma olhada bem rápida na capa e em algumas matérias de um exemplar da revista ISTO É -  edição de 10/OUT/2018, ontem.
Não farei citações nem comentários específicos ao conteúdo delas, pois seria dar relevância - mínima que fosse - ao que foi criado como lixo fascista e deve ser destinado tão somente ao lixo mesmo.
Ainda assim sinto-me obrigado moralmente a referir essa publicação como extraordinariamente mais malévola à sociedade brasileira que os panfletos de divulgação nazista destinados à população francesa durante a Segunda Guerra Mundial, vistos mim no "Musée de la Résistance - Centre National  Jean Moulin de Bordeaux.    

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

OS IDIOTAS DA SUBJETIVIDADE.

Winston Churchil.

   No último dia de 2017, assisti a um documentário na televisão aberta aqui no Brasil, que tem como tema o campeonato brasileiro de futebol profissional de 1987, primeira divisão. Nele, em contexto geral, o título de campeão do certame é discutido como se houvesse ainda incerteza sobre quem é o seu legítimo ganhador, quando é público e notório universalmente que o SPORT CLUB DO RECIFE é o único e verdadeiro vencedor e detentor desse título.
    No entanto, os expoentes do grande jornalismo esportivo do eixo Rio de Janeiro - São Paulo, a exemplo de Juca Kfouri e Mauro Betting, depois de trinta anos de resistência inútil  à verdade estabelecida publicamente no campo de jogo desde 1987 e consolidada inexoravelmente ao longo do tempo em todos os campos institucionais competentes para dirimir o conflito exsurgido da inconformidade de certa entidade desportiva fluminense - seja desportivo, como a CBF (que em dada oportunidade acovardou-se perante a grande mídia nacional e deu meio passo atrás), a COMENBOL, a FIFA, seja judiciário como as instâncias comum e federal brasileiras e até o Supremo Tribunal Federal,  ao admitirem constrangidamente a legalidade da conquista e da conservação do título de campeão brasileiro de futebol unicamente pelo SPORT CLUB DO RECIFE, invocam em favor do seu estimado clube fluminense um título inaplicável e inservível ao caso de campeão "legítimo". 
     É perceptível de logo que nessa diatribe há um movimento envergonhado de rejeição ao termo  moral, embora "campeão moral", a quem se argue com maior mérito desportivo do que a quem se reconheceu institucionalmente o título de campeão, seria talvez o epíteto mais adequado e objetivo para se opor ao de campeão legal, até por oportunizar tendenciosamente o sentimento de superioridade natural ao confrontante. Mas a diatribe não apenas é uma restrição mental envergonhada  perante o termo moral como, em ginástica mental diversa daquela, também busca sofregamente "deslegitimizar" o título legal, contrapondo a ele a expressão "campeão legítimo". como seu corolário. Chega-se a argumentação de que nem sempre o que é legal será legítimo.
   Ora, a legalidade no caso não é  destituída de moralidade, porque cumprida com observância aos fatos legitimamente ocorridos, a fiel constância das normas desportivas previamente estabelecidas. O conteúdo da legitimidade legal é a moralidade. A legalidade exercida sem legitimidade, sem conteúdo moral, não apenas é imoral, como se revela autoritária, via para o exercício do autoritarismo. Vê-se, assim, que o título do SPORT CLUB DO RECIFE de campeão brasileiro de futebol de 1987  não apenas é legal como é legítimo, por que tem conteúdo moral.
   Mas aqueles senhores jornalistas desportivos, mesmo sem se atreverem a considerarem a sua entidade fluminense querida campeã moral - de certo por que não encontram conteúdo moral nisso, arguem pifiamente em prol da sua diatribe de considerarem-na campeã legítima o fundamento de que, em tese, ela teria um elenco de jogadores de futebol muito superior tecnicamente, na época, que ao do SPORT CLUB DO RECIFE e integrara uma disputa de nível nacional com adversários muito mais qualificados, também tecnicamente em tese, que os adversários que confrontaram com o SPORT na outra disputa nacional. E exemplificam com jogadores daquele clube fluminense que integravam na altura a seleção brasileira.
   Não é aqui propósito entrar nessa discussão de confronto entre valores técnicos individuais, embora deva-se recordar que aquele elenco campeão nacional de futebol do SPORT CLUB DO RECIFE teve posteriormente, pelo menos, um jogador convocado para a seleção brasileira - o zagueiro Betão, e o diretor técnico Emerson Leão. Dê-se por fundada a superioridade técnica em "tese" do elenco fluminenense de então sobre o "team" do SPORT, também de então.Mas o que quero aqui demonstrar insofismavelmente é que essa incomparável superioridade técnica "em tese" do elenco do clube fluminense sobre o do SPORT não se demonstraria de modo absoluto na prática e, até muito provavelmente, o SPORT sairia vencedor no final dos dois confrontos diretos entre os dois times; cuja probabilidade, ao ser verificada pela direção fluminense, pode ter consubstanciado a decisão daquele fantasiada soberba carioca em se negar à disputa do título almejado em campo de jogo.
   Aos fatos que arrimam a minha conclusão de temor da direção do clube fluminense, conjuntamente com a do Internacional de Porto Alegre, de disputarem no campo de jogo com o SPORT CLUB DO RECIFE e com o Guarani Futebol Clube, de Campinas, o título de campeão brasileiro de futebol de 1987.  
   Primeiro fato, do qual se deslembram aqueles jornalistas sudestinos: O campeão do futebol profissional brasileiro, primeira divisão, de 1985 foi o Coritiba Foot-ball Club, de Curitiba, e o vice-campeão foi o Bangu Atlético Clube, do Rio de Janeiro, cuja decisão se deu no Estádio Mário Filho - Maracanã, com público de mais de 91.000 pessoas. Nenhum desses clubes era consideradoda "nata" do futebol brasileiro nem participaram, por isso mesmo, do torneio particular dos grande clubes brasileiros de futebol profissional em 1987, vencido pelo inconformado clube fluminenese aqui mencionado, denominado Copa União (título oficial e vendido pelo marketing).
   O campeão brasileiro de futebol profissional brasileiro de 1986 foi o São Paulo Futebol Clube e o Vice foi o Guarani Futebol Clube, de Campinas, cuja decisão se deu no estádio campineiro do Brinco de Ouro da Princesa, com público de mais de 37.000 pessoas. O time fluminense aqui mencionado, nessa competição, ficou em 13º lugar na classificação final, não só atrás do Guarani como também do América Futebol Clube, do Rio de Janeiro; do Esporte Clube Bahia, de Salvador; do Criciúma Esporte Clube, de Criciúma; da Associação Atlética Portuguesa, de São Paulo; e Associação Atlética Internacional, de Limeira; como seja, atrás de cinco clubes que não eram considerados grandes clubes brasileiros e não CONVIDADOS a participarem da disputa nacional particular - Copa União - em que ele foi o vencedor em 1987. Esse o segundo fato
    No campeonato brasileiro de futebol profissional de 1988, o campeão foi o Esporte Clube Bahia, que em 1987 participara do torneio particular nacional vencido pelo clube fluminense como CONVIDADO - um favor ao Nordeste, desde que não era considerado grande clube, O time fluminense aqui mencionado terminou a classificação final desse campeonato de 1988 em 5.º lugar, apenas um (1) ponto a mais que o classificado em 6.º lugar, o SPORT CLUB DO RECIFE. Esse o terceiro fato.
   Então, conclusivamente, é de se indagar: Como considerar, naquele período de tempo, como verdade lógica que aquele clube fluminense seria campeão legítimo de futebol profissional brasileiro em 1987, por ser em tese tecnicamente superior ao SPORT CLUB DO RECIFE ?  Os fatos desportivos das competições nacionais de futebol profissional realizadas no período que abrange em seu centro o ano de 1987 demonstram que a única oiportunidade em que aquele clube fluminense se aproximou realmente do título nacional foi no anode 1987, mas para isso teria que disputá-lo em disputas árduas com o SPORT CLUB DO RECIFE, o Gurarani, de Campinas, e o Internacional, de Porto Alegre. Essa ilusória pretensão tratou-se sempre de mera argumentação infundada de inconformados com a realidade fática, moral e oficial.
   Contudo, resta ainda constatar por que o senhor jornalista Juca Kfouri, em conjunto com a direção ilusionista do clube fluminense em menção, liderou essa pretensão desde o início e persiste ainda que passados trinta anos de verdade estabelecida em contrário.
   Quanto à insistência dessa pretensão pelas seguidas direções do clube fluminense em questão, trata-se de manter a grande massa nacional dos seus torcedores em ilusão permanente, a inflamar o ego desses iludidos sem outro proveito real, a fim de que o clube permaneça com altíssimos proveitos econômicos, no interesse primordialmente dos seus dirigentes e, secundariamente, dos titulares dos seus únicos dois mil títulos de sócios proprietários, os quais eram apenas duzentos há até cerca de 20 anos. Daí se extrai, inclusive, a guerra sem quartel que é sempre a disputa pelo mando naquele clube.
     Já quanto à liderança veemente do senhor jornalista no início dessa descabida pretensão, trata-se de mero oportunismo jornalístico comercial na ocasião. O jornalismo era o editor responsável pela revista Placar quando dos eventos aqui discutidos, quais sejam: (1) a recusa do clube fluminense e do Internacional, de Porto Alegre, em disputar o título de campeão brasileiro de futebol profissional de 1987 com o SPORT CLUB DO RECIFE e o Guarani, de Campinas, em observância às normas desportivas aplicáveis ao caso específico; (2) a conquista do título de campeão brasileiro de futebol profissional de 1987 pelo SPORT CLUB DO RECIFE, como consequência fática e legítima de haver vencido o Guarani no cômputo final das duas partidas com ele jogadas e de os outros clubes - o clube fluminense e o Internacional -  terem desistido da disputa, tudo em conformidade com as normas reguladoras do certame legitimamente estabelecidas.  
   A edição da revista Placar com a capa a estampar o recalcitrante clube fluminense  como campeão brasileiro de futebol de 1987 deve ter vendido  uma grandeza de exemplares que é impensável prever que venderia uma edição da revista, na mesma ocasião,  com a capa do SPORT CLUB DO RECIFE como campão da mesma competição. Em verdade, aquele clube fluminense tem apelo popular nacional muitas vezes superior ao do SPORT, em que pese a liderança popular sempre deste  na região Nordeste do Brasil, Aquele clube fluminense, afinal, é sediado na antiga capital da República, onde tem sede a mais influente mídia televisa do País e tem a lhe respaldar, por certo, interesses dos mais importantes na vida do Sudeste do País. Outra não poderia ser a decisão editorial adotada, publicada e defendida até hoje pelo jornalista, tal como se fosse a salvação do planeta. Hoje ele a defende ainda porque não lhe cai bem profissionalmente a humildade da confissão do interesse comercial considerado, embora se argua homem político de boa fé.
PEDRO CORDEIRO DA SILVA.