quarta-feira, 31 de março de 2010

O DOMÍNIO DA OPINIÃO PUBLICADA, artigo do Prof. Marcos Coimbra


Em 17/04/2003, no jornal MONITOR MERCANTIL, foi dado a público artigo do Prof. Marcos Coimbra, intitulado O DOMÍNIO DA OPINIÃO PUBLICADA que, por esposar objetivamente as razões e a prática desse domínio, é da maior valia a sua repercussão neste blog, fundado na direção do esclarecimento dessa falácia de imprensa livre e opinião pública dominadas pelas empresas, com seus interesses particulares a serem preservadas. 

O DOMÍNIO DA OPINIÃO PUBLICADA
Artigo publicado em 17.04.2003 no Monitor Mercantil
Prof. Marcos Coimbra
Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.
       Todos sabem, mas poucos dizem, que os meios de comunicação no Brasil são dominados por cerca de seis famílias. E, ao contrário de outros países, como, por exemplo, os EUA, onde o grupo, possuidor de TV, não pode ter rádio e jornal, ao mesmo tempo, e vice-versa,  ou então operam em cadeia regional, para permitir a livre concorrência, aqui uma única rede tem o controle de mais de 60% da audiência. E as relações com o poder econômico e as autoridades públicas, são incestuosas, seja no nível de direção, seja no âmbito intermediário. Os meios de comunicação precisam de verbas de publicidade, de anúncios das empresas e da propaganda oficial para sobreviverem.
       Na esfera intermediária, de um modo geral, os editores, colunistas e jornalistas ganham pouco, mas possuem um elevado padrão de vida. Assim, são vulneráveis a convites para ocupar cargos de assessoria de relações públicas, formal ou informalmente. Até empresas de publicidade são usadas como "biombo" para essas consultorias altamente rentáveis. Isto sem considerar o engajamento político partidário notório de vários articulistas. Desta forma, fica difícil esperar imparcialidade do chamado quarto poder, o da imprensa, em especial da mídia amestrada, assim denominada em virtude de estar cooptada pelos "donos do mundo" e pelos governos, em todos os níveis.
              Os mercenários da globalização procuram impingir ao mundo a crença de que ela é irreversível e os povos somente possuem uma opção: aderir a ela. Caso não o façam, ficarão a margem da História, transformando-se em párias. Contam para isto com  a prestimosa colaboração de Instituições respeitadas, de acadêmicos influentes e da quase totalidade da imprensa mundial. Os neoliberais procuram impor seu ideário aos principais países do mundo, agindo por intermédio de organizações diversas, inclusive organismos internacionais como o FMI, Banco Mundial, BID e até de ONGs. Através da coordenação da Trilateral, usam associações como o Diálogo Interamericano e sua conseqüência lógica, o denominado Consenso de Washington, para criar o pensamento único na comunidade mundial.
       O genial escritor Eric Blair, pseudônimo de George Orwell, escreveu várias obras magistrais. Mas, sem dúvida alguma, "1984" marcou toda uma geração. Previu o que poderia acontecer no mundo futuro, só não acertando a época precisa. Hoje, no início do terceiro milênio, os piores pesadelos dele tornaram-se realidade. O "Grande Irmão" existe e está cada vez mais presente. Governos instalam câmaras de TV para vigiar os passos da população, inclusive nas vias públicas, a pretexto de manutenção da segurança. Empregados marcam o ponto por intermédio de impressões digitais. Satélites monitoram todas as atividades de porte na superfície terrestre, sendo capazes até de identificar os movimentos de um homem. No melhor estilo de Gramsci, todos os centros de irradiação de prestígio cultural são dominados, um a um, pelos "donos do mundo", apátridas, possuidores do capital transnacional.
       Erodem os valores e princípios da sociedade. Destroem as instituições basilares (Família, Igreja, Escola, Forças Armadas e outras). Assumem o controle das Universidades, transformando-as em "shopping centers". Dominam os meios de comunicação de massa (jornal, rádio, TV), impondo-lhes, de fato, um pensamento único, aquele imposto pelo "globoritarismo"( totalitarismo da globalização). Em nome da liberdade de imprensa, praticam a mais acirrada das censuras, impedindo o acesso à chamada grande imprensa dos que não comungam com suas idéias. Os que discordam somente possuem acesso à imprensa alternativa. E, mesmo assim, são eliminados quando começam a incomodar. Ou economicamente, ou moralmente, ou judicialmente. Vamos relembrar a Oração dos Moços, elaborada por nosso  grande Rui Barbosa, em 1920: "Não busquemos o caminho de volta à situação colonial. Guardemo-nos das proteções internacionais. Acautelemo-nos das invasões econômicas. Vigiemo-nos das potências absorventes e das raças expansionistas. Não nos temamos tanto dos grandes impérios já saciados, quanto dos ansiosos por se fazerem tais à custa dos povos indefesos e mal governados. Tenhamos sentido nos ventos que sopram de certos quadrantes do céu. O Brasil é a mais cobiçável das presas; e, oferecida, como está, incauta, ingênua, inerme, a todas as ambições, tem, de sobejo, com que fartar duas ou três das mais formidáveis. Mas o que lhe importa é que dê começo a governar-se a si mesmo; porquanto nenhum dos árbitros da paz e da guerra leva em conta uma nacionalidade adormecida e anemizada na tutela perpétua de governos, que não escolhe. Um povo dependente no seu próprio território e nele mesmo sujeito ao domínio de senhores não pode almejar seriamente manter a sua independência para com o estrangeiro."
Nunca esta Oração foi tão atual. Depois do massacre do Iraque, a mesma mídia amestrada que, na administração anterior, defendia a famigerada reforma da previdência, volta a tentar "demonizar" os servidores públicos, tentando jogar a população contra eles, para entregar a previdência aos fundos particulares de pensão e para as seguradoras.
       É preciso lutar, em todos os campos, especialmente no espaço  democrático propiciado por jornais isentos, para reverter esta funesta situação !
Depois da leitura do artigo acima transcrito, espera-se que aqueles leitores deste blog, especialmente os que se deixam levar facilmente pelos escândalos, campanhas insidiosas e notícias plantadas da opinião publicada, cotejem o conteúdo a que tenham acesso por essas fontes com outras fontes mais isentas, ou mesmo contrárias, para que formem os seus próprios raciocínios, inclusive afastando de si o temor de conviver fraternalmente, na sua classe social, com  os egressos das classes que lhes seguem abaixo.
PCS

terça-feira, 30 de março de 2010

DENÚNCIA E ELEIÇÕES, TUDO A VER !

No último domingo passado, 28/03/2010, a Folha de Pernambuco publicou notícia da agência FOLHAPRESS (São Paulo) sobre a "investigação" que o Ministério Público paulista procede sobre supostas irregularidades  cometidas no BANCOOP (Cooperativa Habitacional  dos Bancários de São Paulo), a cargo do Promotor de Justiça José Carlos Blat.
A notícia reporta que o promotor da investigação demorará cerca de um mês na análise da documentação que apreendeu, para então "avaliar" se apresentará ou não denúncia judicial contra a BANCOOP e seus dirigentes (passados, presentes ou ambos ?), entre os quais João Vaccari Neto, atual tesoureiro do PT.
Ainda segundo esse mesmo despacho noticioso, o promotor já adiantou, entretanto, um relatório de 50 páginas para o Senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que preside a CPI das ONG, sob a alegação (em nota) de que assim fez porque não poderá ir ao Senado prestar esclarecimentos sobre o caso,  a proporcionar às lideranças do DEM, do PSDB e do PPS pedirem a intervenção do Ministério Público Federal nas investigações da promotoria paulista.
O relatório encaminhado ao Senador H. Fortes narraria uma suposta triangulação entre uma certa consultoria denominada Mizu, a BANCOOP e o PT, que serviria para encobrir doações ilegais ao partido político.
Depois que a revista VEJA escandalizou o País sobre o assunto, com as informações da investigação promovida pelo MP paulista,  seria de toda correção funcional que a promotoria de justiça responsável pelo caso, já instrumentada com as provas dos supostos ilícitos amplamente repercutidos na mídia nacional, procedesse aos trâmites devidos para a competente denúncia judicial.
Ledo engano, pois o pressuroso promotor paulista não dispunha de tais provas e teve, então denegado pelo juízo competente seu pedido de bloqueio das contas do BANCOOP e de outras providências judiciais necessárias para o encaminhamento criminal do assunto, como se vê da transcrição de excertos dessa mencionada decisão, prolatada pelo MM Dr. Carlos Eduardo Lora Franco, Juiz de Direito na capital paulista, a seguir, textualmente:

"Inicialmente não se pode desconsiderar a repercussão política que a presente investigação passou a ter a partir do momento em que o teor do requerimento do Ministério Público de fls. 5649 e ss. veio a ser divulgado pela imprensa no último final de semana, antes mesmo que fosse apresentado em juízo. E isso porque, faltando cerca de apenas sete meses para as eleições presidenciais, uma das pessoas de quem foi requerida a quebra de sigilo (João Vaccari Neto) estaria sendo indicado como possível integrante da equipe de campanha da virtual candidata do partido atualmente ocupante da Presidência da República.
Tal contexto, porém, apenas reforça ainda mais a necessidade de cautela e rigor no exame dos requerimentos formulados, justamente para que tal atmosfera política não venha a contaminar a presente investigação ou, noutro sentido, que esta não venha a ser utilizada por terceiros para manipulação da opinião pública por propósitos políticos.
O Ministério Público e o Poder Judiciário são, antes que tudo, instituições de Estado, e não de governo. Assim, é imprescindível que sua atuação fique acima de circunstâncias ou convicções políticas.
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A manifestação apresentada pelo Ministério Público descreve uma série de fatos e circunstâncias, narrando como seria o suposto esquema de desvio de valores da Bancoop, inclusive para fins de financiamento ilícito de campanhas políticas.
Porém, não há em tal manifestação a indicação clara e precisa dos elementos de prova dos autos que sustentam tal narrativa, bem como os pedidos formulados.
E, sendo este um feito bastante complexo, já com 26 volumes (mais de 5.600 páginas), além de 59 anexos, como citado pelo próprio Ministério Público, é imprescindível que indique de forma discriminada e detalhada os elementos que sustentem cada uma de suas afirmações.
A manifestação cita, por exemplo, que “aproximadamente 40% da movimentação das contas correntes de titularidade da Bancoop tiveram recursos sacados em dinheiro na própria agência bancária” (fls. 5652), mas como base para tal alegação indica apenas um cheque, no valor de R$ 50.000,00, sem sequer citar em que volume ou apenso, e folha, consta tal informação. Cita, ainda, que numa avaliação, entre 2001 e 2008, teria constatado que os valores assim circulados chegariam a R$ 18.000.000,00, mas novamente não há indicação precisa da fonte de tais informações.
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Já, quanto ao item 6 (bloqueio imediato de todas as contas bancárias, fundos e aplicações da Bancoop), observo que é manifesto seu descabimento e despropósito nestes autos, sendo de rigor o pronto indeferimento.
Ora, é informação disponível na internet, e que foi também trazida a estes autos pela própria Bancoop após o requerimento ministerial, de que foi proposta pelo próprio Ministério Público uma ação civil pública (autos n° 583.00.2007.245877-1, da 37ª Vara Cível do Fórum Central - fls. 5701/5720) contra a cooperativa e que nesta houve um acordo homologado judicialmente em março de 2009 estabelecendo uma série de providências a serem adotadas para garantia dos cooperados, inclusive pela realização de auditorias. Evidente, portanto, que a administração da cooperativa, se foi temerária em algum momento, ao menos agora está sendo acompanhada pelo Ministério Público, e que foram tomadas medidas saneadoras (ao menos é o que se deve presumir pelo próprio fato de o Ministério Público ter firmado um acordo nesse sentido).
Nesse panorama, o pedido feito pelo Ministério Público nestes autos (bloqueio de todos os valores da Bancoop) implicaria, basicamente, na imediata interrupção de todas as suas atividades, com prejuízo evidente não só para todos os seus cooperados, como, por exemplo, impedimento até do pagamento dos salários dos funcionários da cooperativa. E tudo isso baseado apenas num retrato do passado, que é o que se tem nestes autos, e não do presente, que é o que deve estar sendo acompanhado pela Promotoria de Justiça do Consumidor, na citada ação civil pública."
No que tange à propalada triangulação para encobrimento de doações ilegais ao Partido ds Trabalhadores, base para toda a querela a afetar a CPI das ONG e fundamento de pedidos de intervenção do MPF pelas lideranças do DEM, PPS e PSDB, eternos vigilantes da moralidade pública, que lance vista d'olhos a partes conclusivas da decisão judicial aqui colacionada, da qual se transcreve mais excertos, textualmente:

"Ante o exposto, assim decido:
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3- Indefiro de plano o requerido no item 6 de fls. 5661 (bloqueio de todas as contas da Bancoop);
4- Determino que tornem os autos ao Ministério Público para que complemente seu requerimento, indicando de forma clara e detalhada quais os fundamentos dos autos para suas alegações, e especialmente:
a- Apresente um quadro com planilhas indicando em resumo quais os valores recebidos pela Bancoop em cada um dos meses (sua entrada) e quais os cheques que teriam sido emitidos e descontados diretamente no caixa, sem indicação do destinatário, informando seu valor, data de desconto, e folha, volume e apenso dos autos no qual consta a informação, demonstrando que superam R$ 18.000.000,00 e 40% da movimentação da cooperativa, como alegado;
b- Apresente quadro, nos mesmos termos, referente à movimentação entre a Bancoop e a Germany, indicando também a origem nos autos da informação de que as empresas Germany e Mizu/Mirante eram fornecedoras exclusivas da Bancoop, demonstrando especialmente o grau vinculação da Mizu com a Bancoop, que levou à alegação de que o esquema de desvio se destinava ao financiamento político, demonstrando assim a alegação de “confusão negocial” entre as empresas (3° par. de fls. 5653);
c- Apresente um resumo, indicando as folhas dos autos que contenham tais informações, sobre quais os integrantes da Diretoria da Bancoop em todo o período investigado, bem como quais deles já tiveram seu sigilo quebrado, ou assim requerido, nestes autos, e demonstrando as razões da opção, agora, pelo pedido de quebra de sigilo especificamente de João Vaccari Neto e Ana Maria Érnica ;
d- Esclareça a conveniência da oitiva de tais pessoas pela autoridade policial nesse momento (tem 5 de fls. 5661), e não após eventual vinda das informações bancárias, quando então poderão ser indagados e esclarecer também sobre o que eventualmente se revelar;
e- Em complementação ao quadro de item ‘c’ supra, apresente um quadro informando os sócios de cada uma das empresas citadas a fls. 5650 e 5651 (Germany e Mirante), indicando quais pertencem aos quadros da Bancoop, e indicando as fls. dos contratos sociais nos autos;
f- Esclareça a pertinência quanto ao pedido do item 2 nestes autos (cópia de cheques de R$ 20.000,00 e R$ 1.200,00 de titularidade da Mizu, que teriam sido dados em doação para o Partido dos Trabalhadores), posto que, em tese, se trata de fato a ser apurado pela Justiça Eleitoral.
Com o atendimento de todo o acima, tornem conclusos.
Int.
São Paulo, 12 de março de 2010."
No entanto, a mídia omitiu-se de repercutir - com a mesma dimensão dada aos pretendidos ilícitos na administração da BANCOOP, com extensão à pessoa do atual tesoureiro do PT e ao próprio partido político - a decisão judicial sobre as supostas provas alegadas pelo Promotor Blatt, os seus pedidos e as suas ilações.
E, agora, a FOLHAPRESS, simultaneamente com a divulgação da nova pesquisa DATAFOLHA - pela qual se busca reacender a candidatura presidencial do PSDB udenista - volta ao tema BANCOOP, estribada no fato de que o Dr. Blatt IRÁ AVALIAR SE apresentará denúncia, DEPOIS DE UM MÊS DE ANÁLISE QUE FARÁ dos documentos (já) apreendidos, acrescentando que as conspícuas lideranças pós-comunistas (ou neo-capitalistas ?), née arenistas e neo-udenistas assim mesmo irão à Procuradoria Geral da República pedir a sua intervenção no caso.
Ora, como bem concluiu o jornalista Paixão Barbosa, na TARDE ON-LINE, de 17/03/2010, 16h00 (http://politicaecidadania.atarde.com.br): DENÚNCIAS E CAMPANHA ELEITORAL, TUDO A VER.
PCS

sábado, 27 de março de 2010

CARTA DE CAMPO GRANDE - SOLIDARIEDADE AOS POVOS INDÍGENAS NO MATO GROSSO DO SUL

Aqui já postamos um artigo sobre o respeito que os aplicadores do direito devem ter à cultura própria dos povos Guarani-Kaiowá e Guarani-Nendéva, habitantes no cone sul do Mato Grosso do Sul..

Hoje, esses povos nativos, historicamente espoliados do seu habitat natural, encontram-se em estádio de miséria, arranchados em pequenos trechos de terra para a grandiosidade numérica das suas populações, quando não passsageiros da agonia que é viver nas periferias das grandes e médias cidades brasileiras.

Da maior importância para motivar uma ação nacional em pró da salvação física e da restituição da dignidade desses povos é a Carta de Campo Grande, do CIMI - Conselho Indigenista Missionário, órgão da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil..

A Carta de Campo Grande, intitulada SOLIDARIEDADE AOS POVOS INDÍGENAS NO MATO GROSSO DO SUL, deve ser compreendida  como mais que um grito de alerta para a injustiça flagrante, porque se trata mesmo de uma convocação nacional para ação. 


18/03/2010 - 12:59 - CARTA DE CAMPO GRANDE

SOLIDARIEDADE AOS POVOS INDÍGENAS NO MATO GROSSO DO SUL

Denunciamos, mais uma vez, as graves violações de direitos humanos que continuam sendo praticadas contra o povo Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul: confinamentos em pequenas reservas, altos índices de violência, mortalidade infantil, famílias acampadas à beira de estradas, realidade de miséria e desassistência.

Diante desta realidade, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) reuniu-se em Campo Grande para reafirmar seu compromisso e solidariedade aos povos indígenas de Mato Grosso do Sul, bem como posicionar-se de forma irrestrita em apoio às lutas pela garantia de seus direitos, especialmente às suas terras, como espaços de vida e não de mercadoria.

Enquanto políticos declaram que este estado não será “terra de índios”, nós nos unimos aos que afirmam: “Mato Grosso do Sul também é terra dos Kaiowá Guarani, dos Terena, dos Kadiweu, dos Ofaié, dos Kinikinawa, dos Guató”.  Só haverá justiça, democracia e fraternidade quando os direitos de todos forem assegurados, quando a pluralidade de povos for respeitada como uma riqueza e a terra voltar a ser um espaço de vida e não apenas mercadoria ou objeto de produção para o enriquecimento de alguns.
Como já denunciaram os bispos de Mato Grosso do Sul, “trata-se de uma situação insustentável e iníqua, fruto de uma sociedade de consumo que privilegia o lucro, e cuja solução, adiada indefinidamente, nada faz senão aumentar a angústia e a revolta de todos”. O próprio Conselho de Defesa da Pessoa Humana, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), em visita às comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul no início do mês, reconheceu que os indígenas do estado vivem em situação degradante e miserável. Em vários locais falta água e alimento. Os povos enfrentam problemas com a falta de demarcação de suas terras e sofrem constantemente discriminação e preconceitos. Além disso, eles estão impedidos de realizar atividades básicas à sua subsistência, como a pesca e a caça.

A certeza da impunidade e a omissão dos governos federal e estadual são estímulos para que tais crueldades continuem e se ampliem. Por isso, com os povos indígenas deste estado exigimos apuração e punição rigorosa dessas violências, bem como a imediata demarcação de todas as terras indígenas. Posicionamo-nos contra medidas paliativas pretendidas por fazendeiros e algumas autoridades, como a compra de terras ou a transferência de comunidades para regiões distantes, flagrantes violações aos direitos constitucionais dos povos indígenas.

Juntamo-nos às vozes dos bispos da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (2007), realizada em Aparecida (SP), que “a Igreja está convocada a ser advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu” (DAp. 395). Pode-se aplicar aos povos do MS o que os bispos afirmaram em Aparecida: “comunidades indígenas se encontram fora de suas terras porque estas foram invadidas e degradadas. Se não têm terras suficientes para desenvolver suas culturas, sofrem graves ataques à sua identidade e sobrevivência [...]” (DAp. 90).

Reafirmamos nosso compromisso com os povos indígenas deste estado, apoiamos sua resistência histórica, paciência sábia e profunda espiritualidade, que lhes têm permitido ultrapassar séculos de guerra, de extermínio e opressão. Com eles aprendemos a construir um outro mundo possível, necessário e melhor para todos, caminhando firmes em direção ao Reino definitivo.

O Cimi, unido à voz silenciada dos povos indígenas, diz: basta de violência, basta de negação a terra, basta de impunidade, basta de intolerância! Terra, Vida, Justiça e Paz para os povos indígenas no Mato Grosso do Sul!

Campo Grande (MS), 18 de março de 2010.

Cimi - Conselho Indigenista Missionário
Organismo vinculado à CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

segunda-feira, 15 de março de 2010

Lara, a linda.


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Falácias no argumento dos donos da mídia.

Na sua seção DEBATE ABERTO, ALMANAQUE (blog de Maria do ROSÁRIO,  prestigiada crítica de cinema com coluna em jornal paulista de grande circulação nacional,  primeira versão da edição do corrente mês de Março (09/03/2010), trás Falácias no argumento dos donos da mídia, artigo de Venício LIMA, Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília, que aborda elementos de grande importância para a discussão proposta por este blog, a dominação dos interesses das empresas privadas detentores dos veículos de comunicação de massa sobre os interesses públicos.
No objetivo de abrir mais um espaço para o debate sobre esse artigo, o OPINIÃO PUBLICADA o transcreve aqui, logo a seguir. Comentem-no ! 
             
Falácias no argumento dos donos da mídia

Qual o papel que a televisão e o cinema desempenham na formação do “gosto” cultural do brasileiro(a)? Perguntado de outra forma: quais as chances que uma criança nascida no Brasil – independente de sua origem de classe – tem de desenvolver “gosto”, por exemplo, por desenhos animados brasileiros ou por cinema brasileiro?

Para facilitar a reflexão: pense a mesma questão substituindo “criança nascida no Brasil” por “criança nascida nos Estados Unidos” ou por “criança nascida na França” e desenhos animados ou cinema, respectivamente, de produção “americana” ou francesa.

Como se formam os gostos culturais?
Como se formam, se desenvolvem e se consolidam os hábitos culturais, incluindo aqui os hábitos de assistir determinados canais e/ou programas de TV ou de ler determinadas revistas e/ou jornais?

Este é um fascinante campo da complexa sociologia do gosto e, por óbvio, não se pretende aqui, responder categoricamente a qualquer dessas questões. Elas, no entanto, são pertinentes e atuais em relação à conhecida e repetida falácia no argumento sobre a ausência da necessidade de qualquer forma de regulação da mídia tendo em vista que essa regulação já é feita cotidianamente pelo leitor/espectador/ouvinte que lê/vê/escuta aquilo que quer, podendo, a qualquer momento, simplesmente não ler/ver/escutar aquilo que não quiser ou não gostar.

Em recente debate sobre “controle social” da mídia, Sidnei Basile, vice-presidente de relações institucionais da Editora Abril e vice-presidente do Comitê de Liberdade de Imprensa da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) para o Brasil, afirmou:

“Ela (a mídia) precisa ter um controle. É o controle que o ouvinte, o telespectador, o leitor, o internauta fazem toda hora, é o melhor controle que existe. Você compra sua revista na banca, não gostou, está ruim, está mal feito, não compra mais. Esse controle social é perfeito e não precisa de outro” [cf. 
http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1511585-16020,00-FORUM+DISCUTE+DEMOCRACIA+E+LIBERDADE+DE+EXPRESSAO.html ].

Deslocar a questão da regulação da mídia apenas para o gosto, além de reduzir toda a problemática da comunicação de massa a uma única dimensão – do “consumo” individual no mercado – ignora toda a complexa questão da formação social do gosto e do enorme papel que a própria mídia nela desempenha. 

Além disso, o argumento pressupõe um mercado de mídia democratizado, onde estariam representadas a pluralidade e a diversidade da sociedade brasileira que, por óbvio, não existe. Ignora ainda o fato elementar de que não se pode gostar ou não gostar daquilo que não se conhece ou cujas chances de se conhecer são extremamente reduzidas?

A historiadora Amara Rocha (UFRJ), mostra no seu “Nas ondas da modernização: o rádio e a televisão no Brasil de 1950 a 1970” (Aeroplano/FAPESP, 2007), como a adoção do “trusteeship model”, entre nós, respondia a pressões de um programa do governo Roosevelt (1882-1945) cujo objetivo era “estabelecer as bases para as relações econômicas e culturais com a América Latina, priorizando o papel que a proximidade com o american way of life poderia significar para as mudanças consideradas necessárias à sociedade e à cultura dessa região”.

Como ignorar que o Estado brasileiro, ainda na década de 30 do século passado, priorizou a exploração dos serviços públicos de radiodifusão por empresas privadas e, a partir daí, se instalou na sociedade brasileira um modelo de exploração da mídia que trouxe com ele uma determinada visão de mundo que inclui o gosto e os hábitos culturais?

E a noção de serviço público?
Por outro lado, é preciso insistir que, se é verdade que a mídia impressa é uma iniciativa privada que está excluída de qualquer forma de licença e/ou regulação, e pode, por opção, ignorar suas responsabilidades sociais, o mesmo não se aplica ao serviço público de radiodifusão. Concessionários de rádio e televisão são prestadores de um serviço público que se obrigam a um contrato, por tempo determinado e sob prioridades e condições definidas em Lei. 

Nunca é demais lembrar a célebre frase do juiz Byron White em sentença da Suprema Corte dos Estados Unidos: “É o direito dos telespectadores e ouvintes, não o direito dos radiodifusores, que é soberano”. 

O “controle” do cidadão
De qualquer maneira, o vice presidente da SIP, não deixa de ter sua dose de razão. A acentuada tendência de queda nas audiências e na leitura dos veículos da grande mídia tradicional, revelada nos últimos anos, não deixa dúvidas de “que o ouvinte, o telespectador, o leitor, o internauta” estão, de fato, exercendo o seu “controle”. A grande mídia vai aos poucos tendo que conviver com uma nova mídia, alternativa e interativa, e, em alguns casos, construída pelo sistema público. 

Novos tempos. Nova mídia. Novos atores. Novos poderes. E muitos ainda acreditam nas falácias de seus próprios argumentos.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Nefelibatas ou a Aplicação do Oitavo Princípio da Propaganda Nazista de J. GOEBBELS.

Ontem, 11/03/2010, recebi um texto supostamente de autoria do ator Carlos VEREZA, que me mandou dileto amigo  -possuidor do único e grave defeito de ser direitista puro sangue, por cujas razões seria-lhe de extrema dificuldade não o ser.
Essse texto, encaminhado também a muitas outras pessoas, inclusive um outro dileto amigo igualmente da direita política pernambucana, é uma alucinada proposição de orquestração nacional e internacional para que o Presidente Lula paire em todo o mundo como estadista, com  o fito último de mantê-lo no poder (qual ?), que inclui menções históricas de quem verdadeiramente não sabe absolutamente nada sobre a Alemanha nazista.
Quis ignorar o texto, que é o seu merecimento único, mas me ocorreu que isso pode ser um BALÃO DE ENSAIO, ao molde do oitavo princípio da propaganda nazista de J. GOEBBELS, capaz de vir a aparentar verdade neste ano de eleição presiodencial, se repetido muitas vezes sem seu desmascaramento pela verdade.
Assim, enviei ao dileto amigo encaminhante desse testo desvairado e aos demais internautas a quem foi ele encaminhado, a mensagem eletrônica que segue aqui transcrita.
  
Caros amigos, bom dia !


Peço-lhes, encarecidamente, não me encaminhem mais textos como esse assinado como de autoria do ator Carlos VEREZA.

A justificativa é simples: Posso até parecer, mas EU NÃO SOU NÉSCIO, para perder o precioso tempo da vida com leitura de sandices que somente podem ter saído do cérebro de um mentecapto nefelibata.

Não dá para pensar, sequer por mera hipótese improvável, que alguém com um mínimo de sanidade mental leia seriamente e divulgue ilogicidade como: Há todo um lobby nacional e internacional visando a manutenção de Lula no poder.

Ora, esse lobby envolveria, então, o Presidente dos EEUU, B. OBAMA; o Primeiro Ministro inglês, G. Brown; o chefe de governo da Espanha, J. L. ZAPATERO, osprincipais líderes da economia capitalista reunidos no Fórum Econômico Mundial de Davos, Suiça; os editores do jornal francês Le Monde; entre outras das maiores lideranças políticas e econômicas do capitalismo no mundo.

Nem como anedota, por absoluta ausência de fundo de humor, pode-se cogitar da possibilidade de participação em um lobby ,como acima enunciado falso, dos maiores órgãos da imprensa e de outros meios de comunicação de massa nacionais que primam pelo mais extremado, arraigado e rançoso direitismo, tais como:

a) revista VEJA, a de maior circulação semanal, com cerca de um milhão de exemplares, pertencente e comandada pela famiglia  CIVITA (Busque-se as origens argentino-italianas das atividades dessa famiglia)

b) o conglomerado de comunicação capitaneado pela TV GLOBO, que alardeia ter cerca de 50% de média de audiência nacional, e inclui o jornal O GLOBO, tido como um dos mais importantes do País, as rádios CBN, de tarnsmissão nacional, e GLOBO, uma das de maior audiência na cidade do Rio de Janeiro, bem ainda os canais televisivos de transmissão fechada GLOBO NEWS e FUTURA, entre outros veículos (Busque-se a origem da constituição da televisão aberta, com capitais do antigo grupo Booth-Luce, dono das revistas americanas Time e Life);
c) a Rede RECORD de Televisão, a segunda em audiência de televisão aberta no País, que inclui também a televisão RECORD NEWS, com trnsmissão em UHF para todo o País, pertencente e comandada pela Igreja Universal do Reino de Deus, que professa a religião da vitória, do sucesso, pelo enriquecimento pessoal, criado e moldado pelo capitalismo norte-americano;

d) o grupo OESP (O Estado de São Paulo), encabeçado pelo jornal ESTADÃO, tradicionalíssimo defensor do conservadorismo capitalista mais radical e conceituadíssimo na alta burguesia nacional, pertencente e comandado pela família Mesquita, originada no mais puro quatrocentismo paulista;

e) o grupo FOLHA, capitaneado pelo jornal FOLHA DE SÃO PAULO, neo liberalista legítimo, que serve abertamente de linha de apoio ao PSDB, especialmente o paulista, de propriedade e administração da família FRIAS, de viva e inconteste simpatia com a alta burguesia estabelecida na Avenida Paulista;

f) a Rede BANDEIRANTES de Televisão, que inclui além da televisão aberta de transmissão nacional a televisão de canal fechado BAND NEWS, cujos editorialistas principais são verdadeiros ícones do jornalismo burguês nacional, como B. CASOY e J. BETTING, pertencente e comandada pela família ABDALA, com fundos interesses ruralistas reacionários.

O elenco acima não é exaustivo, sendo apenas exemplificativo, pois relacionou-se tão só os principais meios de comunicação de massa sediados nas duas maiores metrópolis do País; excluídos dali todos os grupos e conglomerados regionais.

A mero exemplo, tem-se o caso de Pernambuco, onde a mídia impressa diária é dominada por grupos tradicionalmente burgueses conservadores, como o Diário de Pernambuco, pertencente aos Diários Associados, criado por A. Chateaubriand e comandado por muito tempo por J. Calmon, e o Jornal do Commercio, criado por F. P. de Queiroz e pertencente, hoje, ao conglomerado de empresa JCPM, que também domina o mercado de shopping centers no estado e já concorre seriamente nas praças de Salvador e São Paulo.

Ao cabo, é-me impositivo por amor à história referir que  a Kristallnacht, A Noite dos Cristais, não marcou em 1938 o trágico início do nazismo na Alemanha; pois o nazismo teve o seu início ainda na década de 20 do século passado e assumiu o poder governamental na Alemanha muitos anos antes de 1938.

Enfim, esse alucinado texto, dito e tido como de C. VEREZA, seria a aplicação do oitavo princípio da propaganda nazista de J. GOEBBELS,  o  Principio da Verossemelhança: Construir argumentos a partir de fontes diversas, através dos chamados balões de ensaios, ou de informações fragmentadas, que conduzam à máxima UMA MENTIRA CEM VEZES REPETIDA, TERMINA POR SER VISTA COMO VERDADE.

Grande abraço a todos.
PCS

Uma mentira cem vezes dita, torna-se verdade: J. GOEBBELS.

No próximo sábado, dia 13 de março, completar-se-ão setenta e sete anos da posse de J. GOEBBELS no cargo de Ministro da Propaganda do III Reich, o estado alemão nazista chefiado por A. HITLER.
As atividades de J. GOEBBELS como propagandista do nazismo iniciaram-se em 1925, quando se tornou um dos editores do jornal Die Nationalsozialistischen Briefe ("A Carta Nacionalsocialista"). 
J. GOEBBELS, autor da celebre frase "uma mentira cem vezes dita, torna-se verdade", quando gauleiter em Berlim (espécie de chefe regional nazista), veio a ser o editor de Der Angriff ("O Ataque"), um jornal de propaganda nazista  através do qual conseguiu ampliar as bases do nazifascismo, tornando o movimento cada vez mais conhecido, difundindo as suas posições de forma agressiva.
O seu ódio ao judaísmo e ao comunismo foi expresso em incitação a toda violência e discriminação contra os mesmos, cuja propaganda nazista utilizou não só os recursos da imprensa, mas também das novas mídias, como o rádio e a televisão.
Lembrei-me, oportunamente, de ter comigo uma postagem feita, por um certo Videnanghelo, na quinta-feira - 24/07/2008, no blog português A Mulher do Próximo (http://afresquinha.blogspot.com)  reportando os onze princípios da propaganda nazista de J. GOEBBELS, que passo a transcrever em seguida.          

"Nestes dias de campanha eleitoral, convém recordar o decálogo que escreveu Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazi.

1)    Princípio de simplificação e do inimigo único. Adotar uma única idéia; um único símbolo; individualizar o adversário em um único inimigo.

2)    Princípio do método de contágio: Reunir os adversários em uma só categoria ou indivíduo. Os adversários tem de constituir-se em suma individualizada.

3)    Princípio da transposição. Atribuir ao adversário os próprios erros ou defeitos, respondendo o ataque com o ataque: “Se não podes negar as más notícias, inventa outras que as distraiam”.

4)    Princípio do exagero e desfiguração: Converter qualquer anedota, por pequena que seja, em ameaça grave.

     5) Princípio da vulgarização: “Toda propaganda deve ser popular, adotando seu nível ao menos       inteligente dos indivíduos, aos que se dirige. Quanto maior seja a massa a convencer menor há de ser o esforço mental a fazer. A capacidade de entendimento das massas é limitada e sua compreensão rara; além do mais tem grande facilidade para esquecer.

      6)
Principio de orquestração: “A propaganda deve limitar-se a um número pequeno de ideias e repetí-las incansavelmente, apresentando-as de diferentes perspectivas; mas sempre convergindo sobre o mesmo conceito. Sem
ranhuras nem dúvidas”. Daquí vem também a famosa frase: “Se uma mentira se repete suficientemente, acaba por converter-se em verdade”.

      7) Principio de renovação: Emitir constantemente informações e argumentos novos a um ritmo tal que, quando o adversário responda, o público está já interessado em outra coisa. As respostas do adversário nunca devem poder contrariar o nível crescente de acusações.

       8)
Principio da verossemelhança: Construir argumentos a partir de fontes diversas, através dos chamados
balões de ensaios ou de informações fragmentadas.

      9) Principio do silêncio: Calar sobre as questões das quais não se tem argumentos e encobrir as noticias que favorecem o adversário; também contraprogramando com a ajuda de meios de comunicação afins.

    10) Principio da transfusão: Por regra, a propaganda opera sempre a partir de um substrato preexistente, seja uma mitología nacional ou um complexo de ódios e prejuízos tradicionais. Se trata de difundir argumentos que possam se nutrir em atitudes primitivas.

     11) Principio da unanimidade: Convencer muita gente que se pensa “como todo o mundo”, criando impressão de unanimidade.

É realmente
assustador ver vigorando hoje em día este decálogo de propaganda nazi. E mais, o sistema político de mais de um país ser submetido por este famoso decálogo.

Podemos vê-lo diariamente em coisas como ETA e os nacionalismos centrífugos, ou na descarada campanha midiática antichavista ocorrida recentemente.

Tudo está preparado para que nos preocupemos mais em problemas aparentes, que uns poucos desejam que se convertam em nossa principal preocupação, em lugar de preocupar-nos por coisas que afetam a todos diretamente em muita maior medida.

Com isto também se consegue que nossos políticos recortem alegremente os direitos pelos quais tanto lutaram nossos pais e avós, enquanto os agradecemos com  efusivos aplausos.

Como dizía a rainha Amidala: “Assim morre a democracia, com um estrondoso aplauso.“

Eu, por minha parte, faz tempo que quando vejo algo nas noticias, de entrada penso que é falso (ou uma meia verdade) até que possa demostrar-se o contrário. Nossos periodistas tem demostrado em muitas ocasiões o pouco que lhes importa manipular e moldar a opinião pública, ao gosto dos poucos de sempre.

Fim.


quarta-feira, 10 de março de 2010

AMOR À MULHER (Reverência ao Dia Internacional da Mulher)

Amor nas suaves noites de verão da juventude, que findaram em doce amargura.
Amore maggiore na mocidade, terno e eterno, entristecido por Tânatos.
Amor grande de bacharel noviço, naqueles que foram os dias viajados.
Amor de homem formado, uma vez, outra vez, muitas vezes. em tempos que se renovam.
Amor inconsequente, na média idade, de jura secreta na boca da noite.
Amor à diva da vida, na curva do tempo, no céu alcançado, para quase sempre.
Amor às filhas, inexcedíveis mulheres.
Amor à neta, feição a prometer feitura de grande mulher.
Amor à mãe, às avos, que prepararam o homem para o caminho trilhado.
Amor às mulheres sem terra, sem alfabeto, sem teto, sem afeto, sem nada de seu para contar na vida.
Amor às mulheres trabalhadoras, aos seus ofícios, às suas culturas, às suas terras, às suas causas.
Amor à mulher, amor à humanidade.
Recife, 08/03/2010.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O Parque da Tamarineira


Em dia da semana passada, editorial do Jornal do Commercio, do Recife, tratou do projeto de transformação da área onde se localiza o Hospital Ulisses Pernambucano, no bairro da Tamarineira, na zona noroeste da cidade, em parque público, sob administração privada, contando com um shopping center, preservação e manutenção de  setenta por cento do terreno arborizado e dois museus, a que seriam  destinados os atuais prédios edificados no local.
O projeto foi apresentado, aos meios locais de comunicação pública,  pela Diocese de Olinda e Recife, que administra a Santa Casa de Misericórdia do Recife,  que é a proprietária e mantenedora, com auxílio governamental, do hospital ali instalado, destinado ao internamento de alienados mentais oriundos das classes mais necessitadas da região.
Segundo noticiado, a área seria cedida a uma empresa privada por cinquenta anos, a qual construiria e exploraria o shopping center, bem ainda apalheraria os dois prédios existentes para servirem como museus e manteria as condições para uso público do parque a ser por ela equipado.
Demais disso, a empresa cessionária do terreno remuneraria a Santa Casa de Misericórdia, a partir do terceiro ano da cessão, com dez por cento dos lucros que vier a obter com a exploração do empreendimento e os pacientes  ali localizados seriam transferidos para cinco unidades em locais diversos.
Essa remuneração pela cessão do imóvel viria a calhar para a Santa Casa de Misericórdia, que vive dos parcos recursos arrecadados com os alugueres dos muitos imóveis de sua propiedade no Recife, mas que são de valores ínfimos em face dos tempos imemoriais das locações ajustadas por tempo indeterminado. 
O editorial jornalístico, aqui ao início mencionado, não se posiciona de modo claro sobre o assunto. Apenas analisa-o ligeiramente, sobre os aspectos da antiguidade das edificações ali construídas e a inevitabilidade da modernidade, no caso representada pela instalação de um shopping center no mesmo lugar.
No entanto, diversas forças de expressão política em Pernambuco se levantaram contra o projeto, sem que demonstrassem efetivamente qualquer argumento relativo aos reais interesses das populações afetadas diretamente pelo projeto, salvo o aumento de fluxo do tráfego no local.
Integrantes da categoria médica organizada vieram a público expressar a sua contrariedade ao projeto, porque acreditam que os internados no hospital ali existente poderão ser abandonados em situação pior do que se encontram.
Considero esses posicionamentos contra o projeto do Parque da Tamarineira, contendo um centro comercial, antes mesmo da certificação dos termos em que se daria a transação entre a Santa Casa de Misericórdia e a empresa empreendedora, comportamento maniqueísta açodado, a permitir também avaliação de que poderiam ser meros discursos pré-eleiçoeiros.
Tem-se que observar a destinação da área urbana ocupada com o Hospital Ulisses Pernambucano, popularmente conhecido como Hospital de Alienados da Tamarineira, não como como uma questão pautada por política partidária ou de classe profissional; mas pautada pelo melhor aproveitamento possível que se possa obter com o novo destino que se der à área, em pró da população em cujo habitat se encontra encravada.
A Santa Casa de Misericórdia do Recife é também mantenedora do Hospital do Câncer do Recife e vive em crise financeira permanente, que poderia vir a ser minorada com a renda advinda da participação nos lucros gerados pela exploração do centro comercial.
A área é vocacionada à preservação ambienta,  mas não se pode afirmar que se encontra preservada, pois o seu terreno não edificado se vê a décadas BALDIO – este o termo exato. Preservar não é abandonar, desleixar; sim manter, cuidar.
Pelo que se noticiou, a área do terreno – hoje, nessa condição baldia, viria a ser efetivamente preservada e equipada devidamente para utilização pela população, com a manutenção a cargo da empresa empreendedora do projeto.
Com relação à preocupação da categoria médica com o destino dos atuais pacientes do Hospital Ulisses Pernambucano, a viverem em estado de penúria, mal atendidos por um sistema de saúde deficiente, há que se exigir da empresa empreededora a efetiva disponibilidade dos cinco prédios hospitalares previstos, devidamente adequados e aparelhados para o digno atendimento desses desafortunados viventes, bem ainda o permanente acompanhamento da assistência àqueles nosocomiados pelas entidades profissionais atinentes ao assunto.
Quanto à alegação de que o centro comercial a ser construído no Parque da Tamarineira traria transtornos ao trânsito na já conflituada Avenida Conselheiro Rosa e Silva, é de se considerar que justo ali essa via, que prossegue com o nome de Estrada do Arraial, também se abre em leque, para o Oeste e para o Norte em ampla avenida com dupla mão de tráfego, conhecida como a Segunda Perimetral da cidade, constituída pelas Ruas Padre Roma e Cônego Barata; a qual ainda conecta com a Avenida José Maria, que permite o trânsito do Parque da Jaqueira até a Avenida Norte, na Encruzilhada; cujas vias, circundantes  da área em foco, serviriam para os fáceis e desembaraçados acesso e saída tanto do Shopping Center como do parque projetado.
Enfim, sendo certo o que se anunciou na mídia sobre o projeto do Parque da Tamarineira, não se veria na sua realização contrariedade à preservação do meio ambiente e dos dois prédios ali edificados, nem a princípio aos interesses dos pacientes ali internados nem mesmo ainda  aumento dos percalços ao trânsito local.
PCS