terça-feira, 20 de outubro de 2009

POR QUE OPINIÃO PUBLICADA ?

POR QUE OPINIÃO PUBLICADA ? Os grandes veículos de comunicação de massa do Brasil têm o conceito de OPINIÃO PÚBLICA sobre as as próprias notícias e comentários que publicam. Na verdade, esse é um falso conceito, pois o que fazem é OPINIÃO PUBLICADA; como seja publicam notícias e comentários de modo a confluírem com os seus interesses privados, ou que representam. Trata-se de OPINIÃO DE INTERESSE PRIVADO PUBLICADA com o apelido de "opinião pública". Mas, por que assim é ? - Simples, porque são empresas et pour cause visam lucro. E, para tanto há se atender interesses privados os mais diversos, inclusive em contrariedade aos interesses públicos, ou mesmo da maioria da sociedade em que atuam. Demonstra bem essa esquisita situação, a comprometer a propagandeada independência noticiosa e isenção jornalística, o caso de um grupo que, detentor de uma das maiores cadeias de supermercados do País, foi simultaneamente detentor de um aglomerado de meios de comunicação social em determinado estado brasileiro, constituído de rádios, televisão e jornal. Não é difícil prever aí as notícias e opiniões estivessem condicionados aos interesses privados do grupo empresarial que lhe deteve o controle acionaário, mesmo em casos conflitantes com o interesse público ou social, ainda que alardeada a independência e isenção jornalísticas. Outro caso, que também bem demonstra tal situação periclitante ao estado de IMPRENSA LIVRE, foi o de uma empresa de prestação de serviços de TV  a cabo cujo controle acionário pertencia a uma das revistas semanais de maior circulação no País. Mais uma vez, os interesses privados do mesmo grupo empresarial somente podiam confluir para se sobrelevarem, a qualquer interesse público ou social, a comprometer a tão reclamada IMPRENSA LIVRE. Tem-se, também, o caso de grupos empresariais que, proprietários de grandes extensões de terra para criação de gado, ou para monocultura,  são detentores de canais de televisão abertao, inclusive nas principais capitais do País. Daí a se ver, nos noticiosos desses canais de TV a demonização dos movimentos sociais pelo acesso à terra; dos movimentos ambientalistas pela cessação do desmatamento insano, da homogeinização com flora exótica das nossas matas - especialmente a Atlântica, quase extinta - e pela contenção das explorações que resultam socialmente apenas em erosão; das causas indígenas pela preservação do absoluto direito permanecerem a viver e perambular livremente pela extensão de todas as terras que desde sempre ocuparam; e da causa dos quilombolas, a reclamar o cumprimento do dever histórico que a nação tem para com eles, como seja o acesso à terra que lhes proporcione vida minimamente digna (Joaquim Nabuco, pouco depois da Lei Áurea, lamentou que a libertação dos escravos tebha se dado sem uma reforma agrária, que proporcionasse acesso à terras aos libertos, e hoje, não por acaso, a grande maioria dos que povoam as favelas e mangues é constituída de negros e mulatos.) Mas esses meios de comunicação empresariais, embora investigativos e escandalosos no que respeita ao trato da coisa pública e às atividades da sociedade em geral, não revela nenhum interesse em noticiar e opinar a origem dos grandes latifúndios construídos na Amazônia e no Cerrado desde o tempo do regime militar; cujo caso mais clamoroso é do Jari, com quase dez milhões de hectares, abrangendo parte da fronteira do País e que foi detido pelo então homem mais rico do mundo: Daniel K. Ludwig; o qual pretendia até internacionalizar aquele pedaço da Amazônia brasileira. Nesse toada, é que se compreende por que a grande imprensa livre e democrática brasileira, no conflito arrozeiros (rizicultores, apropriadaamente) versus indígenas, foi tão arraigada e abertamente defensora daqueles, sem lhes perquirir a origem lícita da ocupação das terras que exploravam, ao passo que negaciava o direito histórico desses outros à permanência no que sempre lhes pertenceu. Assim é, de tal modo e por outros mais, que a nossa sagrada imprensa livre e demais meios de comunicação social de massa não exprimem opinião pública, mas OPINIÃO PUBLICADA.  

Um comentário:

  1. COLUNISMO PARTIDÁRIO
    Seria democraticamente razoável que os veículos de imprensa, no Brasil, fossem apenas órgãos de associações representativas dos mais diversos segmentos da sociedade civil brasileira, tais como as sindicais, as políticas, as religiosas, as de classe.
    O que não conduz à efetivação real da democracia no País é o domínio pleno que o poder econômico exerce sobre a grande imprensa nacional e, também, sobre os demais meios de comunicação com noticiosos públicos; pois que esses grandes veículos de comunicação, por serem pertencentes a grupos empresariais de monta, sói defendam sobremaneira os seus interesses privados e dos fechados grupos sociais a que se integram, em detrimento das causas e interesses públicos e verdadeiramente sociais.
    Para a democracia, no entanto, mais perverso ainda, por seu potencial de dano efetivo à formação da consciência cidadã da população, é que esses órgãos, a par de não assumirem publicamente suas condições de expressões de determinados segmentos do poder econômico, se auto-proclamam expressões da OPINIÃO PÚBLICA e propagam exercitarem noticiários independes e isentos.
    Nesse diapasão, não é incomum se encontrarem colunistas políticos da grande imprensa nacional, que se apresentam como severos Catões observadores da política brasileira, quando revelam-se reiteradamente, em seus escritos, meros porta-voz arraigados de determinados segmentos ideológicos-econômicos nacionais.
    Em Pernambuco, há um jornal diário que publica, comumente lado a lado nas páginas centrais do caderno de política, as colunas de dois jornalistas políticos perfeitos exemplos desse estado de potencial dano à formação cidadã.
    Uma dessas colunas políticas, assinada por um jornalista local, é a mais lídima expressão do ARENISMO pernambucano, que perpassou por pedessismo, pefelismo, até revestir-se de DEMOcratas. Para bem da democracia, essa coluna deveria assumir publicamente a sua origem e a sua ideologia, para que o público ao lê-lo saiba que opinião está a ler, não se engane com a esperança de ler algo independente ou isento.
    Do mesmo modo pratica a outra coluna, assinada por jornalista brasiliense, de posicionamento político e expressões jornalísticas que revelam a sua formação UDENISTA, o antigo partido da eterna vigilância da democracia que, depois da tentativa de golpes de estado e de contribuir efetivamente para a instauração e manutenção do regime militar, parece redivivo no PSDB.
    Há ainda outros casos no País, até mesmo de âncoras de noticiosos de TV que, à guisa de comentários, assumem escancaradamente os interesses de ruralistas, que seriam inclusive invasores de terras públicas, para demonizar impiedosamente o movimento social dos sem terra, pela destruição de laranjais ali ilegalmente plantados. Difícil é determinar em qual expressão partidária esse âncora se revela, porque os ruralistas grileiros de terra se acomodam nos muitos partidos conservadores existentes. Tem até um que já foi importante político do PPS, aquele partido neo-liberal, que se diz pós-comunista.
    É assim o COLUNISMO PARTIDÁRIO, um desserviço ao exercício da democracia, pelo seu potencial de dano à formação da cidadania brasileira.
    PCS

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