domingo, 1 de novembro de 2009

A VISITA DO PRESIDENTE ÀS OBRAS DE TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

No mês de outubro deste ano, os mensageiros jornalísticos de toda ordem do núcleo duro neo-liberal do País, como em campanha organizada, saíram a detratar a visita presidencial às obras de transposição de águas do rio São Francisco, na tentativa de impingir à população a ideia de que fora mero ato precursor de campanha eleitoral governista, em favor de Dilma Roussef e, simultaneamente, de Ciro Gomes, que acompanharam presidente Lula durante o percurso da viagem.
Ao ler tais matérias afrontosas ao desempenho do múnus governamental, ocorreram-me duas passagens com peculiaridades administrativas afins às da detratada visita do Presidente Lula - uma comigo próprio e outra com o ex-Presidente da República Jânio Quadros.
Deu-se comigo, há seis anos, quando em viagem de trabalho a município do interior do País como consultor de um ente do Governo Federal, para encaminhamento de solução a uma questão étnico-social específica, ser peitado na entrada do hotel onde me hospedara por um lídimo ruralista local que, com explícita demonstração de estranheza, indignação e arrogância, inquiriu-mesobre “o que o governo estava fazendo ali, dada a minha presença em veículo oficial.”
Depois das explicações que cabe a todo prestador de serviços públicos dar a qualquer interessado, redargui-lhe que “é dever governamental a sua presença em todo o território nacional, através de ações as mais diversas dos agentes capacitados para tal !”
Com o ex-Presidente Jânio Quadros, quando ainda Governador do Estado de São Paulo, deu-se que a grande imprensa nacional proclamava-lhe ressoante, inclusive como qualidade administrativa admirável para o exercício presidencial, o procedimento que ele tinha de visitar as obras públicas em execução pelo seu governo.
De parte dos jornalistas áulicos dos poderosos do neo-liberalismo radical parece que, agora, as coisas devem mudar de como eram ao tempo do janismo, levado pela UDN - o PSDB da época - à Presidência da República (Período político tormentoso que durou menos que uma gestação e contribuiu de modo mediato para o golpe de março de 1964).
Mas essa mudança de critério analítico, que deve ser observada em relação às visitas do Presidente Lula, parece-me não se aplicar aos governantes integrantes do núcleo duro do neo-liberalismo, como no caso das duas seguidas viagens ao sertão do estado de Pernambuco, nos meses de setembro e outubro deste ano, do governador do estado de São Paulo, José Serra, pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB.
Não soube de uma só objurgação de jornalista arauto do neo-liberalismo duro a essas seguidas viagens, mesmo público e notório que aquele governante ali não foi a compromisso governamental algum; o que seria muito improvável, dado que o território pernambucano não se compreende na jurisdição paulista.
Na verdade, o governador paulista viajou a Pernambuco, na primeira dessas vezes, para singelamente conhecer museu dedicado ao nosso pranteado artista Luiz Lua Gonzaga, no sertão central do estado, e na segunda, para conhecer áreas irrigadas à margem do rio São Francisco, em movimentados recreios, aproveitados ao mínimo para indisfarçável proselitismo partidário, quando não se queira perceber ali desenvoltura de pré-campanha eleitoral; mesmo porque jamais veio a público as devidas justificativas administrativas dessas turnês.
Entrementes, verificou-se em colunas políticas publicadas em periódicos do Recife críticas de estupidez inimaginável, mormente por quem se considera profissional de escol, com passagens em jornais de mais de uma capital e em assessoria de imprensa governamental, tal como às feitas ao suposto luxo da barraca de campanha onde pernoitou o presidente Lula, instalada na proximidade das obras visitadas no sertão pernambucano.
Criticou-se que a barraca estava forrada de tapete azul.
Ora, é de se indagar: “Deveria tal tapete ser de outra cor ou, por outra face, é o presidente obrigado a dormir, fazer refeições e se reunir em chão de terra batida ?”
Criticou-se, também, que a barraca tinha banheiro/sanitário e ar condicionado. Então: "Deve o presidente se desobrigar das suas necessidades primárias em público, ou em local retirado no meio da caatinga, e será que lhe é obrigado, em prol da moralidade administrativa, proceder às suas atividades pessoais e funcionais em clima de sauna?”
E ainda se criticou o cardápio francês do qual se teria servido o presidente, até por que preparado pelo restaurante La Cuisine, do Recife.
O serviçal crítico não se atentou que boa parte dos pratos franceses já se integrou ao nosso cardápio comezinho, tal como o cassoulet - inclusive as batatas fritas, vendidas nas nossas esquinas, são internacionalmente conhecidas como french.
Aliás, La Cuisine não é restaurante de luxo da mais alta classe social do Recife, como quer fazer parecer o inexato colunista crítico; mas é um excelente restaurante, frequentado pela classe média, inclusive por este escriba.
Quanto ao acompanhamento da visita presidencial pela Ministra Dilma Rousssef e pelo Deputado Federal Ciro Gomes, nada há que fundamente a crítica, pois que antes de serem possíveis pré-candidatos à Presidência da República pelo lado governamental, são os mesmos diretamente vinculados às obras visitadas: um porque foi o ministro responsável pelo seu planejamento e inserção no plano operacional da União Federal e a outra por ser a ministra responsável pela execução do Programa de Aceleração do Crescimento, onde se insere a transposição das águas do rio São Francisco. PCS