domingo, 17 de outubro de 2010

Patética mídia nativa

O sofisma da imprensa livre no Brasil é desnudada também pelo jornalista Mino CARTA, o mais competente deste País.
Para refrescar a memória: 1) M. CARTA foi o operário do jornalismo que estruturou a VEJA e dela saiu ao perceber que criou um instrumento para mafiosos; 2) Depois, estruturou a ISTO É e dela saiu parao seu próprio empreendimento jornalístico; 3) Foi o estruturador e é o responsável maior pela revista CARTA CAPITAL, a única hebdomadária do País que não é comprometida com o conservadorismo e menos ainda com o reacionarismo.
Sem delongas mais, ao artigo do mestre M. CARTA.

Patética mídia nativa
Mino Carta
8 de outubro de 2010 às 10:54h

As velhas redações acreditavam em jornalismo honesto. Não é o caso das nossas semanais.

Jornais e revistas ainda não perceberam que os tempos de golpismo acabaram e acreditam manter a velha in fluência do Oiapoque ao Chuí

Ocorre-me recordar Claudio Marques, que se dizia jornalista como tantos outros dispostos a enganar o público e, eventualmente, a si próprio. Assinava uma coluna no Shopping News, jornal publicitário de circulação gratuita na São Paulo de 1975. Tempo de ditadura e de recrudescimento do Terror de Estado após o discurso dito “da pá de cal”, pronunciado no começo de agosto pelo ditador Ernesto Geisel para avisar aturdidos navegantes que “a distensão lenta, gradual, porém segura” haveria de sofrer uma interrupção. Foi nesta ocasião que Ulysses Guimarães, em pronunciamento na Câmara, comparou Geisel a Idi Amin Dada.

Pois Claudio Marques, caçador de comunistas agachados atrás de cada esquina, passava seu tempo a denunciar os vermelhos comandados por Vlado Herzog, a cujos cuidados estavam entregues os programas noticiosos da TV Cultura. Marques contava com a aprovação ampla, geral e irrestrita do DOI-Codi, ex-Operação Bandeirantes, e foi enfim premiado com a prisão, ou melhor, o sequestro dos jornalistas alvejados, a começar por Herzog, assassinado pelos torturadores no mesmo dia em que deu entrada no quartel do DOI-Codi. Dia 25 de outubro, um sábado.

Os tempos mudaram, felizmente. Não há mais torturadores e porões para hospedá-los e aos seus instrumentos, por exemplo. Há, entretanto, herdeiros de Claudio Marques afinados com os dias de hoje e ainda velhacos e daninhos. A semelhança entre o caçador de comunistas a serviço do DOI-Codi e esses jornalistas (jornalistas?) é percebida pela obsessiva preocupação que cultivam desde a primeira eleição de Lula com a quantidade de anúncios governistas nas páginas de CartaCapital. Trata-se, obviamente, de uma ofensa gravíssima ao pretender insinuar, com leveza de britadeira, que vendemos a alma ao Sapo Barbudo. Alguém, no meio da tigrada, proclama: CartaCapital não tem credibilidade.

Não ouso afirmar que a vice-procuradora da Justiça Eleitoral Sandra Cureau (pronuncie Quirrô) seja sucedâneo do DOI-Codi. Creio, porém, que na sua ação inquisidora desfechada contra esta publicação ela tenha levado em conta as aleivosias assacadas contra nós por sem-número de colegas (colegas?), embora não tenha dúvidas quanto à origem tucana da assoprada final e decisiva: o candidato José Serra gosta de dar telefonemas. Assim como não me abalo a crer que o nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff- seja determinante. Obrigatórios sim, a definição e seus motivos desde o começo da campanha oficial, como se dera em 2002 e 2006 em -relação a Lula. Dever para com os eleitores.

Registro que o Estadão no domingo 26 decidiu desvendar a evidência. Um humorista diria: surpresa, estão com o Serra, e eu que até ontem não tinha percebido. Melhor o Estadão, de todo modo, do que o resto da tropa de choque, Globo, Folha, Veja, a agirem como partido político, conforme a óbvia constatação do presidente da República. Barack Obama foi além quando disse que não daria entrevista à Fox porque esta não era órgão midiático e sim “partido político”.

Lula errou, na nossa visão, ao afirmar: “A opinião pública somos nós”. A frase é certamente perigosa. Da mesma forma foi erro incluir tempos atrás no programa de governo a criação de uma entidade destinada a classificar os órgãos da mídia ao sabor dos seus comportamentos em relação aos direitos humanos. Esta não é tarefa governista, e Carta-Capital não usou meias-palavras na ocasião para condenar a iniciativa. Diga-se que o prato indigesto saiu prontamente do cardápio, graças a uma barganha lamentável pela qual se fez a felicidade dos torturadores da ditadura e dos seus mandantes, muitos já no além, ao aceitar a ideia da anistia polivalente.

CartaCapital reprovou também a criação de uma tevê pública federal por enxergar de saída o seu inescapável destino: servir ao poder contingente, como se dá com a Cultura paulista, em mãos tucanas há 16 anos. Resta ver se o Brasil estaria maduro para uma tevê estatal, nascida do entendimento de que esta há de ser uma instituição permanente a servir à nação em lugar do governo do -momento. -Sinceramente, não aposto nesta maturidade.

O fenômeno que mais me aflige põe-se, no entanto, a propor por quês. Por que os profissionais da mídia nativa aderem tão compacta e fervorosamente ao pensamento dos patrões? Por que lhe tomam as dores como se eles mesmos pertencessem à categoria? Uma premissa. Em termos econômicos, a situação nas redações é semelhante àquela da população brasileira em geral. Os jornalistas graúdos, assinaturas celebradas, ganham mais que os colegas americanos e europeus, e nem se fale dos salários da nossa televisão. Astronômicos, trafegamos entre nababos. Na zona cinzenta flutuam os remediados. À ralé sobra esperança. A maioria dos recém-formados não tem emprego. Este, ninguém que conseguiu quer perder.

Pode-se concluir que os graúdos curvam-se diante da generosidade patronal enquanto os miúdos em tempos bicudos contentam-se com as migalhas? Talvez a explicação valha em relação a muitos casos graúdos e miúdos. Mas há que se ressaltar, em relação a outros, o ardor com que assumem os interesses do patrão. Estamos diante de uma identificação visceral, a ponto de justificar, no meu ponto de vista, uma investigação profunda a se valer das lições de Balzac e de Freud. Ambos ficariam muito impressionados, creio eu, ao registrar que os profissionais nativos chamam o patrão de colega, e nisto são únicos no mundo. Quem sabe mais ainda Balzac do que Freud.

No mais, vale acentuar que esta unicidade, esta exclusividade, invade outros terrenos. Um: o nosso sindicato se dispõe de bom grado a oferecer aos empresários da comunicação carteirinha de jornalista. Dois: sem falar da mediocridade dolorosa, a nossa mídia é única na sua capacidade de se alinhar de um lado só na hora de uma eleição, por exemplo. E não somente nesta. Mundo democrático afora vigora o pluralismo que a Folha de S.Paulo, com inefável hipocrisia, afirma existir em suas páginas. Nos Estados Unidos, no Reino Unido, na França, na Alemanha, só para citar alguns países, tem vez o jornalismo de todas as tendências. Aqui não, só existe uma, a favor da minoria privilegiada.

O que espanta é a tenacidade com que essa mídia permanece atada ao passado oligárquico. Os editoriais de hoje são absurdamente iguais àqueles de 47 anos atrás, que invocavam o golpe para impedir a cubanização do Brasil. Agora falam em mexicanização e venezuelização, e clamam contra o assalto à democracia e à liberdade de imprensa, perpetrado pelo presidente da República e seu partido e fadado a prosseguir à sombra de Dilma Rousseff.

Durante o ano de 1963 e nos primeiros meses de 1964 anunciavam a iminente marcha da subversão. Nunca passou. Veio foi a Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade, de imponentes efeitos subversivos. E lá se foi a liberdade, com a bênção dos editorialistas. Os quais aí estão agora para prestar seu solerte serviço. Salvo raras exceções, editorialistas, colunistas, articulistas. Diretores, redatores-chefes, editores, repórteres. A turma toda.

Os colegas do lado de lá, um exército, prestam-se a acusar sem provas, omitir fatos, frequentemente mentir com a expressão do dever cumprido. Encantou-me, na Folha de S.Paulo de segunda 27 a entrevista da vice-procuradora Sandra Cureau, aquela que atendeu a uma entrevista anônima para cometer uma inominável prepotência contra Carta-Capital, esta sim, verdadeiro atentado à liberdade de imprensa. Mas a entrevistadora ali estava para agradar à doutora, a ponto de mencionar seus cabelos loiros e olhos azuis. Nem foi capaz, está claro, de uma única, escassa pergunta a respeito da ação movida contra nós.

Recordo que na semana passada manifestamos a certeza de que não contaríamos com a solidariedade dos barões da mídia e dos seus sabujos, bem como das chamadas entidades de classe. Aqueles são mestres em mau jornalismo. Mas será mesmo jornalismo? Quanto a estas, confirmam apenas a sua patética inutilidade. Para não dizer do viés tendencioso, ou francamente alinhado.

Patética é também um bom qualificativo para a atuação da mídia nativa ao longo deste ano, iniciado com a previsão de uma retumbante vitória tucana. E quando se viu que o ardil de Lula funcionava e que Dilma crescia graças inclusive ao seu próprio desempenho, começou a sarabanda.

Não se diga que os velhos morteiros deixaram de funcionar. É inegável, porém, que munição foi oferecida de graça pelo próprio PT, mais uma vez, do seu lado a dar tiros no pé. Está claro que o fogo aberto para denunciar ameaças à democracia e à liberdade de imprensa não passa de tentativa frustrada de invocar fantasmas do passado. Pesou, isto sim, o caso Erenice, no qual se mesclam dois fenômenos tão antigos quanto os fantasmas, contudo resistentes, dois vícios gravíssimos da tradição verde-amarela, dois pecados impredoáveis: nepotismo e clientelismo.

É espantoso: a rapaziada ainda não percebeu que o País mudou em latitude e longitude em relação à época do golpe. Certo é que a mídia detinha amplo poder há 50 anos, quadra favorável à influência dos ditos formadores de opinião. Bastava alcançar os senhores da minoria e seus aspirantes para alcançar os fins buscados.

Desta vez com o segundo turno, a mídia poderá enxergar no resultado um prêmio de consolação. Vale sublinhar, entretanto, que o PT concedeu espaço exagerado aos seus aloprados, como já houve em outras ocasiões, e mostrou, assim, lacunas sérias na organização e na união. Cabe ao presidente da República anotar que muitos dos problemas surgidos para seu governo tiveram sua origem nas fileiras petistas.

Os coronéis ainda mandavam em largas áreas e na hora da eleição lotavam a caçamba do caminhão depois de colocar a cédula preenchida nas mãos dos seus peões. Chamava-se voto de cabresto, e dava certo. Esse gênero de penosas tradições foi tragado pela transformação de um país então de 70 milhões de habitantes e hoje de 200. E com os documentos em dia para chegar logo à maioridade, à contemporaneidade do mundo.

Os senhores não apreciam a perspectiva e torcem contra. Deixa como está para ver como fica. O primeiro ato da debacle foi encenado na eleição de Fernando Henrique Cardoso e no seu segundo mandato. Cabe a ele o papel de primeiro motor da mudança, a ser concretizada no governo Lula.

FHC em 2002 lança sobre seu candidato José Serra uma sombra espessa e maligna. Com baixo índice de aprovação e pífia atuação, de sorte a deixar ao sucessor burras à míngua, o príncipe dos sociólogos torna-se cabo eleitoral de Lula. A maioria tira do governo FHC lições evidentes e parte para a votação inédita, a favor do ex-metalúrgico em vez do costumeiro bacharel engravatado. A identificação com o igual cresce naturalmente, não é imediata nas proporções que fermentarão em seguida.

A maioria não é mais aquela, a pressão dos patrões e dos capatazes não a condiciona e, principalmente, não lê jornal e ao Jornal Nacional prefere a novela e os Faustões da vida. Os editoriais e as manchetes mantêm, contudo, o tom de outrora, na desmiolada convicção de atingir a todos, do Oiapoque ao Chuí.

De todo modo, não nos iludimos quanto à possibilidade de uma redenção da mídia, pelo menos a curto prazo. Os caminhos são conhecidos porque experimentados com ótimos resultados em países mais adiantados. Difícil, por ora, percorrê-los. Trata-se de criar leis para limitar o monopólio da comunicação e conter a influência patronal nas redações, ao se cancelar, inclusive, e de vez, a figura do diretor de redação por direito divino.

Leis nesse sentido estão em vigor em países de democracia mais antiga e protegida. Aqui é dramaticamente visível, como cabo das tormentas em meio ao mar revolto, o obstáculo representado pelo próprio Congresso, que deveria debater e aprovar as novas leis. Inúmeros deputados e senadores são donos de instrumentos midiáticos e não é por aí que rapidamente chegaremos a uma solução aceitável, assim como não seria se o governo pretendesse ditar as regras.

Sobram perguntas, angustiantes: o que haverá de ler, ou ouvir, o cidadão consciente quando interessado em saber dos fatos? Em quem confiar no espectro sombrio da mídia nativa? Como distinguir entre a informação honesta e a opinião eventualmente distorcida, corrompida até pelo partidarismo?


Mino Carta

Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde. redacao@cartacapital.com.br

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O chamado Governo Mundial - Clube de Bilderberg se reuniu em Barcelona.

O noticiário cubano DIGITAL GRANMA INTERNACIONAL publicou, em 15 de agosto de 2010, uma muito importante REFLEXÃO DE FIDEL para o interesse de todos os povos da terra, intitulada A ONU, A IMPUNIDADE E A GUERRA.

As deletérias atividades dos verdadeiros detentores dos poderes efetivos do mundo ocidental, desvendadas pelas palavras de um líder de repercurssão mundial, não devem passar despercebidas por quem, independente de ideologia, se interesse pela prosperidade humana.

A seguir, a reflexão de Fidel CASTRO RUIZ sobre as atividades do Clube de Bilderberg:

R E F L E X Õ E S D O F I D E L

Havana. 20 de Agosto, de 2010

REFLEXÕES DE FIDEL
A ONU, a impunidade e a guerra

A Resolução 1929 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de 9 de junho de 2010, marcou o destino do imperialismo.

Sei lá quantos terão se apercebido de que, entre outras coisas absurdas, o secretário-geral dessa instituição, Ban Ki-moon, cumprindo ordens superiores, cometeu a gafe de nomear Álvaro Uribe — quando este estava quase concluindo seu mandato — vice-presidente da comissão responsável por investigar o ataque israelense à pequena frota humanitária, que transportava alimentos essenciais para a população sitiada na faixa de Gaza. O ataque ocorreu em águas internacionais, a uma distância considerável da costa.

Essa decisão outorgava impunidade a Uribe, quem é acusado de crimes de guerra, como se um país cheio de valas comuns com cadáveres de pessoas assassinadas, algumas contendo até duas mil vítimas, e sete bases militares ianques, mais o resto das bases militares colombianas a seu serviço, não tivesse nada a ver com o terrorismo e o genocídio.

Por outro lado, em 10 de junho de 2010, o jornalista cubano Randy Alonso, que dirige o programa "Mesa Redonda" da televisão nacional, escreveu no site CubaDebate um artigo intitulado: "O chamado Governo Mundial se reuniu em Barcelona", onde sublinha:

"Chegaram até o confortável hotel Dolce em carros de luxo com vidraças fumadas ou em helicópteros."

"Eram os mais de 100 chefões da economia, das finanças, da política e da mídia da América do Norte e da Europa, que vieram até este lugar para a reunião anual do Clube de Bilderberg, uma espécie de governo mundial à sombra."

Outros jornalistas honestos estavam acompanhando igual do que ele as notícias que conseguiram filtrar-se do esquisito encontro. Alguém muito mais informado do que eles andava no encalço desses eventos havia muitos anos.

"O exclusivo Clube que se reuniu em Sitges nasceu em 1954. Surgiu da idéia do conselheiro e analista político Joseph Retinger. Seus impulsores iniciais foram o magnata norte-americano David Rockefeller, o príncipe Bernardo de Holanda e o primeiro-ministro belga, Paul Van Zeeland. Seus propósitos fundacionais eram combater o crescente ‘anti norte-americanismo’ que existia na Europa da época e contestar a União Soviética e o comunismo que cobrava força no velho continente."

"Sua primeira reunião foi realizada no Hotel Bilderberg, em Osterbeck, Holanda, entre 29 e 30 de maio de 1954. Daí saiu o nome do grupo, que desde então se reúne anualmente, salvo em 1976."

"Há um núcleo de afiliados permanentes que são os 39 membros do Steering Comittee, o resto são convidados."

"…a organização exige que ninguém ‘conceda entrevistas’ nem revele nada do que ‘um participante individual tenha dito’. É requisito imprescindível um domínio excelente da língua inglesa [...] não há tradutores presentes."

"Não se sabe ao certo os alcances reais do grupo. Os estudiosos do ente dizem que não é por acaso que se reúnam sempre pouco antes do que o G-8 (G-7 anteriormente) e que procuram uma nova ordem mundial de governo, exército, economia e ideologia única."

"David Rockefeller disse em uma reportagem à revista ‘Newsweek’: ‘Algo deve substituir os governos e parece-me que o poder privado é a entidade adequada para o fazer."

"…o banqueiro James P. Warburg afirmou: ‘Quer gostem quer não, teremos um governo mundial. A única questão é se será por concessão ou por imposição."

"‘Eles sabiam dez meses antes a data exata da invasão ao Iraque; também o que ia acontecer com a bolha imobiliária. Com informação como essa se pode fazer muito dinheiro em toda classe de mercados. E é que falamos de clubes de poder e de saber’.

"Para os estudiosos, um dos temas que mais preocupa o Clube é a ‘ameaça econômica’ que significa a China e a sua repercussão nas sociedades norte-americana e europeias.

"A sua influência na elite é demonstrada por alguns com o fato de que Margaret Thatcher, Bill Clinton, Anthony Blair e Barack Obama estiveram entre os convidados ao Clube antes de que fossem eleitos à mais alta responsabilidade governamental, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Obama participou da reunião de junho de 2008, em Virgínia, EUA, cinco meses antes de sua vitória eleitoral e seu triunfo se previa já desde a reunião de 2007."

"Entre tanto sigilo, a imprensa foi tirando nomes daqui e dali. Entre os que chegaram a Sitges estavam importantes empresários como os presidentes da Fiat, Coca Cola, France Telecom, Telefônica da Espanha, Suez, Siemens, Shell, Novartis e Airbus.

"Também se reuniram gurus das finanças e da economia como o famoso especulador George Soros, os assessores econômicos de Obama, Paul Volcker e Larry Summers; o flamante secretário do Tesouro Britânico, George Osborne; o ex-presidente da Goldman Sachs e da British Petroleum, Peter Shilton [...] o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellic; o diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn; o diretor da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy; o presidente do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet; o presidente do Banco Europeu de Investimentos, Philippe Maystad."

Sabiam disso nossos leitores? Algum órgão importante da imprensa oral ou escrita disse uma palavra? É essa a liberdade de imprensa que tanto apregoam no Ocidente? Algum deles pode negar que estas reuniões sistemáticas dos mais poderosos financistas do mundo são realizadas todos os anos, à exceção do ano mencionado?

"O poder militar enviou alguns dos seus falcões — continua Randy —: o ex-secretário de Defesa de Bush, Donald Rumsfeld; seu subalterno, Paul Wolfowitz; o secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen e seu antecessor no cargo, Jaap de Hoop Scheffer."

"O magnata da era digital Bill Gates, foi o único assistente que falou alguma coisa à imprensa antes do encontro. ‘Sou um dos que estará presente’, disse e anunciou que ‘Sobre a mesa haverá muitos debates financeiros’."

"Os especuladores da notícia falam de que o poder na sombra analisou o futuro do euro e as estratégias para salvá-lo; a situação da economia européia e o rumo da crise. Sob a religião do mercado e o auxílio dos drásticos recortes sociais se deseja continuar prolongando a vida do doente.

"O coordenador da Esquerda Unida da Espanha, Cayo Lara, definiu com clareza o mundo que nos impõem os Bilderberg: ‘Estamos no mundo ao avesso; as democracias controladas, tuteladas e pressionadas pelas ditaduras dos poderes financeiros’."

"O mais perigoso que foi publicado no jornal espanhol Público é o consenso majoritário dos membros do Clube a favor de um ataque norte-americano ao Irã [...] Lembre-se que os membros do Clube sabiam, em 2003, a data exata da invasão ao Iraque, dez meses antes de que acontecesse".

É por acaso uma invenção caprichosa a idéia, quando isto se soma a todas as evidências expostas nas últimas Reflexões? A guerra contra o Irão está já decidida nos altos círculos do império, e apenas um esforço extraordinário da opinião mundial poderia impedir que estoure num prazo de tempo muito breve. Quem oculta a verdade? Quem é que engana? Quem é que mente? Alguma coisa do que aqui é afirmado pode ser desmentida?



Fidel Castro Ruz

15 de agosto de 2010

08h25

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

CRISE EM CUBA II : EDITORIAL FOLHA DE PERNAMBUCO DE 22/09/2010.

“A atualização do socialismo”, alegada pelo governo cubano, começou com a exoneração, segunda-feira, de parte da cúpula oficial, exem­plificada pela “liberação” da ministra da Indústria de Base, Yadira García Vera, cujo motivo invocado foi a de ser incompetente. A decisão teve a aprovação do Birô Político do Partido Comunista e do Comitê Executivo do Conselho de Ministros. Em março de 2009, idêntica medida atingiu quatro vice-presidentes e oito ministros.

Há um aspecto a ser destacado na atual conjuntura de Cuba, digno de atenção. Trata-se, a nosso ver, de um grave revés para um regime socialista, quando o Estado parece estar derrotado por forças que se distanciam do conceito marxista mais ortodoxo, caracterizado pela posse dos meios de produção e ausência de propriedades privadas.

Isso acontece ao mesmo tempo em que a grande crise mundial do regime capitalista forçou a intervenção estatal, para evitar a ruína de grandes bancos e do próprio sistema que os regulava, a partir dos Estados Unidos, quando o presidente Barack Obama decidiu investir trilhões de dólares na economia, fazendo ressuscitar a presença do Estado como fator de sustentação para enfrentar os problemas.

Feito esse parêntese, por uma questão de imparcialidade, é inegável reconhecer os avanços do regime de exceção cubano alcançados na área social. Desde 1993 ocorreram grandes progressos em biotecnologia, com registro de patentes e direitos nos EUA (há mais de 600 patentes para drogas novas, proteínas recombinantes, anticorpos monoclonais, equipamento médico com "software” especial etc.); sua capacidade científica talvez seja a mais importante dos países em desenvolvimento, à exceção de alguns asiáticos.

A vacina contra hepatite B é vendida em 30 países; a educação é gratuita no ensino fundamental, médio e superior, obrigatória até o nono ano; o analfabetismo foi erradicado, sendo a ilha o primeiro país do mundo a fazê-lo. O braço capitalista norte-americano já se faz presente em Cuba por intermédio do turismo, que é a maior fonte de renda nacional, atingindo em 2005 quantia superior a a US$ 2 bilhões. sendo, hoje, a maior fonte de renda do arquipélago formado por 1.500 ilhas. Conforme observamos, é preciso imparcialidade no julgamento do regime castrista quando aos êxitos conseguidos, apesar das restrições e repressão às liberdades.

Enquanto isso, o governo cubano, bastante acossado pelo embargo comercial norte-americano, teria um prejuízo estimado US$ 79 bilhões desde 1962. Aumentou, então, a repressão, chegando, segundo fontes da oposição, a existirem 112 mil prisioneiros políticos em 2006, reduzindo-se, progressivamente, o número para 205, em 2008.

Nesse mesmo ano, em junho, a União Européia decidiu eliminar as sanções diplomáticas contra Cuba, pela Espanha, França, Reino Unido, Suiça e Canadá, mediante diálogo político incondicional.

No momento atual, em que os problemas se aguçaram internamente, parece-nos que Cuba sinaliza pedindo ajuda aos regimes democráticos, sob as bases das mudanças anunciadas, acenando com a possibilidade concreta de maior abertura política, e, por fim, a restauração do regime democrático no médio ou longo prazo.

CRISE EM CUBA - I : EDITORIAL FOLHA DE PERNAMBUCO DE 21/09/2010

São duas ­sérias medi­das anun­cia­das pelo gover­no cuba­no, a serem con­cre­ti­za­das nos pró­xi­mos meses: a demis­são de 500 mil ser­vi­do­res públi­cos e res­tri­ções à con­ces­são da car­ti­lha deno­mi­na­da "libre­ta do abas­te­ci­men­to", com a intro­du­ção de mudan­ças que afe­ta­rão boa parte da popu­la­ção. A essas deci­sões o gover­no da ilha defi­ne um novo mode­lo eco­nô­mi­co, cha­ma­do de "atua­li­za­ção do socia­lis­mo", abran­gen­do con­cei­tos como impos­tos e micro­cré­di­tos e a con­tra­ta­ção de empre­ga­dos por empre­sas pri­va­das.
No iní­cio, a Revolução lide­ra­da por Fidel Castro em 1959, teve amplo apoio da opi­nião públi­ca inter­na­cio­nal, como, tam­bém, dos cuba­nos que resis­tiam à dita­du­ra de Fulgencio Batista. A República de Cuba sem­pre foi obje­to de inter­ven­ções exter­nas, a par­tir dos domi­na­do­res espa­nhóis que ali per­ma­ne­ce­ram duran­te 400 anos. Em 10 de dezem­bro de 1898, a Espanha ­sofreu der­ro­ta defi­ni­ti­va com a inva­são de tro­pas norte-ame­ri­ca­nas. O gover­no dos EUA esta­be­le­ceu, então, um gover­no mili­tar na ilha, man­ten­do-o duran­te qua­tro anos.
Em maio de 1902 foi pro­cla­ma­da a República em Cuba, porém o gover­no norte-ame­ri­ca­no con­ven­ceu a Assem­bléia Constituinte  cuba­na a incor­po­rar um apên­di­ce à Constituição da Repú­blica atra­vés da qual era-lhe con­ce­di­do o direi­to de inter­vir nos assun­tos inter­nos cuba­nos, limi­tan­do sua inde­pen­dên­cia por 58 anos.
No pri­mei­ro dia de janei­ro de 1959, o Exército Rebelde, sob a lide­ran­ça de Fidel Castro, der­ro­tou um gover­no cuba­no títe­re dos EUA, para ins­tau­rar em 1961 uma repú­bli­ca socia­lis­ta, orga­ni­za­do de acor­do com os prin­cí­pios mar­xis­tas e leni­nis­tas (par­ti­do único, sem elei­ções dire­tas para car­gos exe­cu­ti­vos e impren­sa sob rígi­do con­tro­le). Castro pas­sou a ser o chefe de Governo, chefe de Estado e coman­dan­te supre­mo das Forças Armadas.
Sempre man­ten­do uma rela­ção con­fli­tuo­sa com os EUA, bus­cou natu­ral alian­ça com a então União Soviética para que a nação  sobre­vi­ves­se, ven­den­do à URSS  5 ­milhões de tone­la­das do açú­car a pre­ços mais ele­va­dos do que os pra­ti­ca­dos no mer­ca­do inter­na­cio­nal, rece­ben­do petró­leo a pre­ços sub­si­dia­dos e ­cereais.
Era a vál­vu­la de esca­pe ao blo­queio comer­cial inter­na­cio­nal lide­ra­do pelos EUA na época da "guer­ra fria", quan­do Cuba per­mi­tiu a ins­ta­la­ção de mís­seis sovié­ti­cos, fato que quase defla­gra um con­fli­to ­nuclear entre as duas gran­des potên­cias mili­ta­res exis­ten­tes.
Os desen­ten­di­men­tos entre Cuba e os EUA se suce­de­ram, inclu­si­ve a der­ro­ta­da inva­são da ilha, esti­mu­la­da e finan­cia­da pelo gover­no norte-ame­ri­ca­no. Cuba, por sua vez, seguin­do os ­padrões ado­ta­dos, con­tro­lou os salá­rios men­sais, rea­li­zou uma gran­de refor­ma agrá­ria, cujas pri­mei­ros 14 mil hec­ta­res per­ten­ciam à famí­lia Castro.
Na sequên­cia da Revolução, houve exe­cu­ções de adver­sá­rios, milha­res de pri­sio­nei­ros polí­ti­cos (hoje, segun­do o grupo opo­si­cio­nis­ta Comissão Cubana de Direitos Humanos, redu­zi­dos a 200 ou 300). Doente, o coman­dan­te Fidel Castro pas­sou o poder ao irmão Raul Castro, que vem, len­ta­men­te, pro­mo­ven­do algu­mas mudan­ças.
Em ter­ri­tó­rio cuba­no, é impor­tan­te refe­rir a exis­tên­cia de uma base mili­tar dos EUA, em Guantánamo, o que impli­ca na vio­la­ção da sua sobe­ra­nia. Agora, o gover­no cuba­no pare­ce sina­li­zar para o mundo que suas difi­cul­da­des são de gran­de vulto, ampa­ra­da a eco­no­mia, pra­ti­ca­men­te, no fluxo de turis­tas que visi­tam a ilha.

RESPONSABILIDADE DO SENADO NA PRECARIEDADE DA SAÚDE PÚBLICA

Na coluna semanal O PRESIDENTE RESPONDE, em 21/09/2010, publicada em diversos jornais do Brasil, o aposentado Jorge Henriques, de Teresópolis, RJ, indagou do presidente LULA sobre a situação caótica da saúde pública que, quiçá (sic), teria piorado nos últimos anos.

O presidente Lula respondeu:

"... a própria Organização Mundial da saúde (OMS) publicou, no dia 8 deste mês, um informe mundial com elogios aos avanços no sistema público de saúde brasileiro. O informe diz que o Brasil avançou a caminho de atender toda a população, com destaque para a Estratégia de Saúde da Família, que hoje já conta com mais de 30 mil equipes e atende mais de 97 milhões de brasileiros. O documento destaca também, entre outros avanços, as campanhas de prevenção e programas como o Farmácia Popular e o Programa Nacional de Imunizações, com mais de 130 milhões de doses/ano aplicadas. A ressalva do documento é para o subfinanciamento da saúde pública. No final de 2007, o governo federal tentou colocar R$ 24 bilhões a mais no SUS. Esse avanço foi impedido por parlamentares da oposição no Senado, que se articularam e derrubaram a CPMF. Sem os recursos da contribuição, que somavam R$ 40 bilhôes e seriam aplicados na Saúde, não foi possível dar uma nova base de financiamento para a rede pública. A oposição não criou um problema para o governo como pretendia, mas prejudicou gravemente a saúde pública e, portanto, o povo brasileiro."

P.C.S.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Para quem foi Ministro do Planejamento não é demagogia ?

O candidato à presidência José SERRA, ultimamente, tem prometido aumentar o salário mínimo para R$ 600,00 (seis centos reais), a aponsentadoria e as pensões previndenciárias em 10 % (dez por cento) e os trens metropolitanos brasileiros em 400 km (qutatrocentos quilômetros).

J. SERRA é irresponsável politicamente ao fazer tais promessas demagógicas, porque:

1) Se eleito, ele assumiria a Presidência da República em 1.º de janeiro de 2011 e, portanto, quando já em execução o orçamento da República aprovado neste ano, a implicar que esse orçamento como os dos estados e municípios, também em curso no próximo ano, viessem a ser profundamente alterados nas previsões das despesas de custeio de pessoal, bem ainda em previsível impossibilidade de se alterar a receita, por falta de fonte, correspondente ao numerário desse aumento dedespesa.

2) A promessa de aumento de 10% nas aposentadorias e pensões da Previdência Social, que seria coberto com transferência de verba orçada para pagamento de juros da dívida da União, é operação orçamentariamente impossível de se fazer, ao menos em 2011, desde que os orçamentos da União e da Previdência são distintos, a não permitir que as respectivas despesas se confundam, como essa tal operação EXDRÚXULA.

3) Qual a competência gerencial para construção de 400 km (quatrocentos quilômetros) de trens metropolitanos brasileiros em 4 anos, de quem não conseguiu construir 4 km (quatro quilômetros) apenas em São Paulo, ao longo do seu governo, ainda com o desastre do mega buraco que tragaou carros e pessoas?

Competente economista e ministro de Planejamento esse candidato, ...

P.C.S.

PS - J. SERRA também pratica demagogia quando afirma que o salário mínimo de São Paulo é maior que o nacional, justamente porque o o mínimo de São Paulo é o mesmo do nacional, se não este não seria nacional.
P.C.S.

Por que a imprensa livre começa a esconder a violação do sigilo fiscal?

Foi noticiado pela Agência Estado, nesta sexta-feira, 24/09/2010, que:
"A Polícia Federal já indiciou seis pessoas dentro do inquérito que investiga o vazamento,por servidores da Receita Federal, de dados fiscais de contribuintes."

Pergunta-se: Por quê, agora, quando o inquérito policial avança, a IMPRENSA LIVRE, quer dizer OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSAS PRIVATIZADOS, não escandalizam mais o assunto?"
P.C.S.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O DEBATE DOS PRESIDENCIÁVEIS SOBRE PRIORIDADES DO NORDESTE, NO SBT/TV JORNAL


O DEBATE DOS PRESIDENCIÁVEIS SOBRE PRIORIDADES DO NORDESTE, NO SBT/TV JORNAL
  Nota da coluna Folha da Cidade, edição de quarta-feira 23/09/2010, na Folha de Pernambuco:
      “Dilma Roussef, candidata do PT e do presidente Lula e que lidera a eleição presidencial, jogou um balde de água fria na audiência do debate, promovido, anteontem, pelo SBT/TV JORNAL, ao não comparecer para discutir com os demais candidatos as prioridades do Nordeste. Ainda esnobou a região e preferiu gravar uma entrevista, anteontem à noite, para o Bom-Dia Brasil, da TV GLOBO, e que foi exibido, ontem de manhã. É o “Sul Maravilha” de sempre ..."
        A respeito desse debate dos candidatos à Presidência da República, a mesma Folha de Pernambuco, na terça-feira anterior, 21/09/2010, já publicara matéria jornalística assinada pelas suas repórteres Marileide Alves e Bruna Serra, sob o título Propostas para o NE ficam em segundo plano, cujo primeiro parágrafo é o seguinte:
 Com o objetivo de debater os problemas específicos da região Nordeste, o enfrentamento de ontem dos presidenciáveis não cumpriu o seu propósito. Os três postulantes que compareceram ao encontro, José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) não apresentaram sequer uma proposta para atender a demandas específicas da região, como o baixo índice de saneamento básico, ao analfabetismo entre outras questões.”
        Pela omissão dos comparecentes quanto ao tema que serviu de razão motivadora ao debate - propostas programáticas para superação do atraso econômico e social peculiar ao Nordeste, é notório que, embora realmente sentida, a ausência da candidata Dilma Roussef foi significativamente eficaz para os nordestinos perceberem o despreparo intelectual e a irresponsabilidade política dos candidatos presentes ao evento
 P.C.S.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Arsênio em Paracatu atinge níveis de genocídio.

Em continuação ao que a IMPRENSA LIVRE não repercute como deveria, se realmente servisse à OPINIÃO PÚBLICA, reportaremos agora a um alarme sobre um atentado atual e continuado à saúde pública e ao meio ambiente em Paracatu, no estado das Minas Gerais, pelas atividades da maior mina de ouro a céu aberto do País, procedidas pela KINROSS GOLD CORPORATION, empresa canadense, com sede em Toronto, que adquiriu o empreendimento à Rio Paracatu Mineração - RPM, cujo controle acionário pertencia aos grupos EIKE BAPTISTA e outro majoritariamente controlado pela ex-premier britânica Margareth Tatcher.
Trata-se de um artigo do médico Sergio Ulhoa Dani, graduado e habilitado no Brasil e na Alemanha, divulgado publicamente desde Göttingen, embasado em pesquisas científicas realizadas sob a responsabilidade de organizações sociais brasileira e estrangeiras.
Vale a pena se inteirar do assunto, ocultado pelas empresas de mídia de grande público deste País.  

Arsênio em Paracatu atinge níveis de genocídio

Por Sergio U. Dani, médico e cientista, de Göttingen, Alemanha, 18 de
julho de 2010

Concentrações medidas de arsênio entre 32 mg/Kg e 2980 mg/Kg em
amostras de poeira colhidas nas residências e estabelecimentos
comerciais da cidade de Paracatu indicam que milhares de pessoas estão
sendo envenenadas crônicamente na cidade de 85 mil habitantes do
noroeste do estado de Minas Gerais, Brasil.

As amostras foram colhidas em duplicata em 20 residências e
estabelecimentos comerciais localizados no centro e na periferia da
cidade de Paracatu por pesquisadores do Instituto Medawar e da UFMG.
As análises foram feitas em duplicata no Departamento de Química da
Universidade Federal de Minas Gerais e no Laboratório de Análises
Geoquímicas do Instituto de Mineralogia da Universidade Técnica de
Minas de Freiberg, na Alemanha.

A poeira contendo arsênio é liberada 24 horas por dia a partir da mina
de ouro a céu aberto operada na cidade pela mineradora transnacional
canadense Kinross Gold Corporation. As rochas da mina contém
arsenopirita, o principal minério de arsênio. De cada tonelada de
minério, a mineradora retira em média apenas 0,4 g de ouro, mas 1 kg
de arsênio.

As atividades de mineração em rocha dura que envolvem explosão,
carregamento, transporte, britagem e moagem da arsenopirita resultam
na dispersão de quantidades inacreditáveis de arsênio tóxico que de
outra forma estaria preso nas rochas sem causar mal. O arsênio
liberado percorre longas distâncias através do vento e da água,
afetando a saúde de plantas, animais e seres humanos.

Estudos científicos provam que concentrações de arsênio no solo da
ordem de 7 mg/kg (7 partes por milhão, ou "ppm") já causam efeitos
graves sobre a saúde, como a doença de Alzheimer. As concentrações de
arsênio encontradas na poeira de Paracatu (32-2980 ppm) estão
aumentadas de mais de 4 a mais de 400 vezes esse valor, sendo que os
efeitos danosos crescem em proporção exponencial com a dose.

A dose da lei

Não há dose segura para substância cancerígena como o arsênio; os
limites legais de segurança são fixados meramente em função da
capacidade de detecção dos laboratórios. Graças aos avanços na
tecnologias de detecção e análise, o limite de detecção de arsênio
aumentou muito nos últimos anos, mas a legislação não acompanhou esse
avanço.

Apenas uma parte de arsênio por bilhão de partes de água potável (1
ppb) durante um longo tempo de exposição já constitui um risco para a
saúde e o ambiente. No entanto, muitos países ainda adotam 10 partes
por bilhão (10 ppb ou 10 microgramas / litro) como a concentração
máxima permitida por lei.

Menos de 10 partes de arsênio por milhão de partes de solo (<10 ppm
ou <10 mg / kg) estão associadas com prevalência e mortalidade da
doença de Alzheimer e outras demências. No entanto, muitos países
ainda adotam concentrações máximas variando de 10 a 100 ppm.

O corpo humano absorve arsênio principalmente por ingestão e inalação.
As vítimas não percebem isso, pois o arsênio é inodoro, insípido e
incolor. A dose de exposição é a exposição cumulativa por todas as
rotas.

Doenças já são visíveis

As doenças mais graves associadas ao arsênio, como doenças
cardiovasculares, câncer, diabetes e doença de Alzheimer normalmente
têm um longo período de latência, de modo que as vítimas do
envenenamento podem permanecer assintomáticas por muitos anos.

Entretanto, os primeiros sinais e sintomas do envenenamento crônico
por arsênio já podem ser observados em Paracatu: manchas de pele,
tosse crônica, doenças respiratórias, hipertensão arterial, doença
renal, resistência diminuída às infecções e indisposição geral.

As doenças crônicas causadas por arsênio causam sofrimentos e enorme
carga econômica para as famílias e para o município.

Responsabilidade civil e criminal

A mineração de ouro a céu aberto em Paracatu foi iniciada em 1987,
pela Rio Paracatu Mineração SA, uma empresa com participação do grupo
Rio Tinto e Eike Batista. Em 2006, a RPM foi adquirida pela
transnacional canadense Kinross Gold Corporation.

Desde 2007, a Kinross e os órgãos do governo encarregados do
licenciamento da mineração de ouro vêm sendo advertidos dos riscos
para a saúde da continuidade da mineração em Paracatu. Em vez de
encerrar a mineração, o governo preferiu autorizar a sua expansão para
mais 30 anos. Durante esse período, serão liberadas 1 milhão de
toneladas de arsênio a partir do minério triturado. O processo de
licenciamento, concluído em agosto de 2009, está sob investigação do
Ministério Público do Estado de Minas Gerais, com suspeita de
corrupção.

A Kinross e o município de Paracatu foram intimados essa semana no
bojo da Ação Civil Pública de Prevenção e Precaução proposta em
Setembro de 2009 pela Fundação Acangaú.

Baseada em estudos conduzidos pela Environmental Protection Agency
(EPA), agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, a Fundação
Acangaú estimou os danos à saúde de 10% da população de Paracatu em
mais de 37 bilhões de reais, valor superior ao faturamento bruto da
mina de Paracatu nos próximos 30 anos de operação.
Poluir e matar nunca foi tão fácil e lucrativo

Impulsionadas pela alta mundial do ouro e pela baixa taxação do metal
no Brasil, dezenas de mineradoras transnacionais, a maioria delas
canadenses espalharam-se pelo território brasileiro, contando com o
apoio de autoridades governamentais brasileiras e canadenses.

A Kinross Gold Corporation é sediada em Toronto, no Canadá. A empresa
autoriza “pagamentos facilitadores" a membros dos governos dos países
onde ela atua, visando "facilitar seus negócios". Relatório
independente implicou o presidente da empresa, Tye Burt,
ex-funcionário do Deutsche Bank, em operações financeiras
fraudulentas. A mina de ouro de Paracatu é a maior mina da Kinross no
mundo e também a mina de mais baixos teores de ouro e mais alta
liberação de arsênio.

Os canadenses estão rindo à toa com a facilidade de ganhar dinheiro
com a mina de ouro em que se transformou o Brasil. Para Greg McKnight,
vice-presidente da mineradora canadense Yamana Gold, "o Brasil tem uma
excelente infraestrutura, os custos da mineração são baixos e o
processo de licenciamento é simples."

Campanha mundial

O mundo inteiro está despertando para os danos persistentes à saúde e
ao ambiente causados pela mineracao de ouro em grande escala. Esse
mês, o Parlamento Europeu aprovou resolução para proibição total do
uso de cianeto na mineração a partir de 2011.

O número de publicações científicas sobre intoxicação crônica por
arsênio cresce exponencialmente, comprovando as suspeitas de que mesmo
em baixos níveis de poluição ambiental por arsênio o organismo humano
é afetado por doenças de alto impacto biológico e sócio-econômico,
como diabetes, hipertensão, doença cerebrovascular, câncer, doença
renal e doenças neurodegenerativas, entre outras.

Uma campanha global para banir a mineração em rocha arsenopirita e
fazer as mineradoras pagarem pelas perdas e danos que causam está
sendo iniciada pela Fundação Acangaú, Instituto Serrano Neves e
Instituto Medawar, juntamente com diversas outras organizações
nacionais e internacionais, incluindo Rettet den Regenwald (Salve a
Selva), Mining Watch Canada, Society for Threatened Peoples
(Gesellschaft für bedrohte Völker - GfbV) e a Associação pelas Serras
e Águas de Minas.


--
Sergio Ulhoa Dani, Dr.med. (DE), D.Sc. habil. (BR)
Göttingen, Germany
Tel. 00(XX)49  15-226-453-423
srgdani@gmail.com

P.C.S.