sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

ESTADISTA GLOBAL

No dia de ontem, uma jornalista política brasileira, em sua coluna publicada em grandes jornais de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Recife, para sustentar a sua opinião conclusiva de que o sucesso da possível candidatura presidencial de Dilma Roussef independe do empenho que o Presidente Lula pode lhe dispensar na campanha (transferência de voto, na linguagem usual do jornalismo político), porque “o que vai definir o desempenho ...é o grau de empatia que ela conseguir , ou não, estabelecer com o eleitor”, comete diatribes várias contra o líder político maior do Partido dos Trabalhadores brasileiros, em evidente surto idiossincrático.
De princípio, vejo que assiste razão à jornalista, apenas quanto à importância da empatia que a possível candidata pode estabelecer com o eleitorado, desde que não há candidatura resistente a comportamentos desastrosos à imagem pública de candidato em campanha.
Penso, entretanto, que para o sucesso da candidatura do Partido dos Trabalhadores à presidência da República é indispensável todo o apoio que o líder dos trabalhadores, Lula, puder a ela dispensar, pois tanto o seu governo quanto a sua liderança política estão solidamente fundadas na população, sem permissão a dúvidas; como demonstram a superação com o apoio popular das falsas crises institucionais construídas pelos seus adversários e toda a série de pesquisas de popularidade e aceitação pública abrangentes desde o início do seu primeiro governo, procedidas pelas mais diversas instituições de pesquisa de opinião pública.
Mas o que se acentua na arenga da jornalista são as diatribes, que assomam a desaforos, assacadas contra o líder político Lula, como, entre outras, a de possuir popularidade por meio de trabalho de construção de mito, de esquema de culto à personalidade.
A jornalista foi desafortunada neste ponto porque, na noite anterior, os sítios eletrônicos de notícias “on line” do País – entre os quais, Folha On Line e Terra – haviam divulgado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será agraciado com o "Prêmio Estadista Global", do Fórum Econômico Mundial, destinado a honrar os líderes políticos que usam o seu mandato para aperfeiçoar o estado do mundo, e cuja premiação, a se dar no próximo dia 29, em Davos (Suíça), será a primeira a ser concedida nas 40 edições do fórum.
Segundo a notícia divulgada, para o presidente-executivo do Fórum Econômico, Klaus Schwab, "o presidente do Brasil demonstrou um verdadeiro comprometimento com todos os setores da sociedade" e "esse comprometimento tem sido de mão e mão, integrando crescimento econômico e justiça social, em cuja nota afirmou que “O presidente Lula é um modelo a ser seguido pela liderança global".
É plausível que a jornalista brasileira não tivesse cometido o despropósito acima reportado, pelo menos tão de imediato à notícia da premiação do Presidente Lula como ESTADISTA GLOBAL, se dessa notícia tivesse ela tido conhecimento antes da edição da sua coluna de ontem; pois é desarrazoável pensar que o reconhecimento internacional da liderança política de Lula, mormente por parte da elite econômica mundial, haja sido obra de construção de mito, de culto à personalidade.
Mesmo sem conhecimento da atribuição do prêmio de ESTADISTA GLOBAL, se mais comedimento tivesse no cometimento das suas diatribes, a jornalista de certo não teria acoimado a popularidade do presidente Lula de resultado de trabalho de construção de mito, de culto à personalidade, não só por que mito não é conceito apropriadamente aplicável em análise política séria e culto à personalidade não soe acontecer nos regimes democráticos em que ocorre ampla e permanente campanha oposicionista pelos maiores órgãos dos meios de comunicação pública (v. g., Folha, Estado, noticiosos das redes de TV Globo e Bandeirantes); porque um mínimo de sua atenção ao conceito político internacional conquistado pelo presidente, desde algum tempo, lhe evidenciaria o desarrazoamento dessa sua afronta.
Com efeito, já em 24/12/2009, a BBC Brasil noticiou que o jornal francês Le Monde escolheu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como O HOMEM DO ANO DE 2009, na primeira vez em que o prestigiado diário de Paris decidiu fazer esse tipo de indicação, em seus 65 anos de história, com a seguinte afirmação: "Nossa escolha de razão e coração recai sobre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva."
Le Monde justificou que a "trajetória singular de antigo sindicalista, por seu sucesso à frente de um país tão complexo como o Brasil, por sua preocupação com o desenvolvimento econômico, com a luta contra as desigualdades e com a defesa do meio-ambiente, Lula bem poderia ter merecido... o mundo."
Antes, no dia 11 do mesmo mês de dezembro, o Presidente Lula foi escolhido pelo jornal espanhol El País uma das cem personalidades mais importantes do mundo ibero-americano em 2009, em cujo perfil assinado pelo primeiro-ministro da Espanha, José Luiz Zapatero, foi classificado de "homem que assombra o mundo", "completo" e "tenaz". Por Lula sinto uma profunda admiração", escreveu o premiê espanhol.
Não é crível que - se a LIDERANÇA política do presidente Lula, baseada na sua identificação com as principais causas da população nacional, fosse mero populismo, como é vezo dos conservadores brasileiros acoimarem - a elite da economia mundial, encastelada no Fórum Econômico de Davos, Le Monde, conceituado periódico parisiense, o jornal espanhol El País e o governante ibérico José Luiz Zapatero viessem a com ela comprometerem suas idoneidades, ao invés de denunciá-la.
Essa é a questão que tanto aflige os neoliberais brasileiros, denominados sociais-democratas, e seus porta-vozes: a liderança política do presidente Lula fundada na sua identificação com as principais causas populares; que, assim, tentam sofregamente, diminuí-la com a vã e indefinível conceituação de populismo, desde sempre um dos fantasmas agitados pelo conservadorismo latino-americano na busca da desqualificação da legitimidade dos governos politicamente embasados no apoio popular, inclusive como motivação para eventuais golpes de estado.
PCS