domingo, 26 de dezembro de 2021

Um Conto de Natal.Pedro C. da Silva.23/12/2021

 

UM CONTO DE NATAL

Pedro C. da Silva.           

Nestes dias de vésperas de Natal, em que se vive sob a autoridade neoliberal fascistóide, me acode ao pensamento a sensatez do povo português da segunda década deste século. Talvez também porque as cicatrizes que deixaram a ditadura autocrática conservadora pré-capitalista, na qual o povo lusitano se quedou por cerca de meio século e dela se libertou por iniciativa e liderança de militares adeptos do comunismo, tenham lhe acicatado a razão e o motivado a concertar pelo voto a base para a “geringonça”, acordo parlamentar que alçou o Partido Socialista ao governo da República.  Pelo voto parlamentar que ensejou a “geringonça” socialista, o povo português consertou o erro que cometera há alguns pouquíssimos anos ao eleger um parlamento que entregara o poder governamental aos neoliberais furibundos e ágeis no malefício. Agora, pois, lhe seriam restaurados os direitos econômicos e sociais que lhes haviam sido violentados.

Este conto é de Natal e, por isto, vou falar de Natal. E como não reportar a melhor recordação de vésperas de Natal que eu tenho?

Foi em Portugal e começou em Viseu, com a abertura das festas natalinas. O povo, liberto então do neoliberalismo autoritário do estado mínimo pela formação de um parlamento de liderança socialista, comemorava nos dias de vésperas da data máxima cristã a restauração do que lhe fora arrancado pela austeridade econômica e fiscal, tais como dois meses a mais de salários anuais, o mínimo para a vivência digna dos beneficiários dos sistemas previdenciários, a revalorização dos vencimentos do funcionalismo público. Foram fechados cerca de vinte por cento dos estabelecimentos comerciais, principalmente restaurantes, logo no início desta política de estado mínimo neoliberal.  Aí ressurgira a mendicância, disfarçada como pedido de auxílio para atender urgências, principalmente em Lisboa, depois no Porto. Eu estava lá e vi.

Estava em Portugal durante três das quatro últimas semanas outonais de ano anterior, como fiz por anos seguidos, e assisti a movimentos populares vigorosos contra aquela política governamental neoliberal, submissa às exigências da troika - banco central europeu, FMI e UE. Entre as manifestações de protesto a que mais havia me atentado fora a interdição das duas mãos de trânsito na Ponte Vinte e Cinco de Abril, que permite o trânsito rodoviário entre Lisboa e Almada sobre o Rio Tejo, por dezenas de autocarros (ônibus) de diversos concelhos (municípios) compreendidos na região da capital lusitana. Impressionou-me não só a massa de veículos mas também o inteligente trabalho dos seus condutores que, para o bom sucesso da sua movimentação mantinham a velocidade dos veículos qualquer coisa acima do zero, apenas movimentando-os para evitarem a multa por paralisação sobre ponte. Os veteranos de guerra também se movimentaram na altura (ocasião) contra a austeridade econômica e fiscal implantada, que estava a levar Portugal cada vez mais para a derrocada não só econômica – a dívida pública sempre a subir, o PIB estagnado – como principalmente social, decorrente da rápida elevação dos níveis de desemprego, tal qual não se presenciava há muito.

Nesse contexto, em um início de noite fui a uma taberna típica (restaurante popular) nos arredores de Queluz, com o propósito de saborear um caldo verde, e lá fiz conhecimento com um veterano da Marinha de Guerra portuguesa, que adentrara ao estabelecimento para beber algo. Como na tasca (bar de restaurante popular) as três mesas existentes estavam ocupadas e ele bebia em pé, apoiado no balcão, o convidei a se sentar à mesa que eu ocupava; ao que ele se recusou sob a desculpa de que sempre bebia ali naquela postura, e invocou o testemunho da rapariga (moçoila) que atendia a todos ali. Ele não se sentou, serviu-se como alegou ser do seu hábito e mantivemos uma longa conversa, entrecortada de quando em vez por poses para fotografias daquele encontro. Ele vestia fatiota militar, com quepe azul marinho de lã, medalhas na lapela do casaco igualmente azul marinho de lã. Vivamente emocionado, falou que viera da manifestação dos veteranos de guerra em Lisboa contra a política governamental neoliberal obediente à troika. Ao cabo, diante da minha entusiasmada solidariedade aos que em Portugal penavam por causa daquela nefasta política, me entregou de presente o seu broche de veterano de guerra, retirado da lapela do seu casaco militar.

Alguns outros portugueses do povo, ante as amarguras econômicas porque passavam, compartilharam comigo também manifestações de posicionamento resoluto contrário àquela política da troika aplicada a Portugal, à qual reagiram os governos da Grécia e da Itália, endividados tal como Portugal, e que se saíram melhor logo.  Em Barcelos, a comerciante de uma pequena loja, a se reclamar dessa política, disse a mim que seria ótimo se o ex-Presidente Lula fosse para lá e governasse o país.  

Essa a causa intrínseca daquela extrínseca manifestação memorável do povo a comemorar a abertura do Natal em Viseu sob os novos ventos socialistas, sem menoscabo à edilidade local que enfeitou a cidade como merecia em face do renovado tempo de prosperidade que se iniciava para o país e para o povo português. Protegido do forte frio por vestimentas adequadas, a populaçao não arredava o pé da feira natalina, do rocio (praça principal da cidade), da Rua Direita, dos outros espaços centrais disponíveis para tal, a comemorar desde aqueles dias de vésperas de Natal o início da sua restauração econômica e social sob o governo de liderança socialista.

 Presenciei a mesma comemoração da população no Porto, em Póvoa de Varzim, em Lisboa e outras cidades portuguesas, com suas luzes e árvores natalinas maravilhosas. Afora as comemorações em Viseu, me tocou muito a preparação natalina em Seia, com pinheiros natalinos de médio porte deitados nas calçadas para venda aos passantes pedonais (transeuntes). E o povo, lá em Seia, na Serra da Estrela, mesmo com bastante frio, a vender, a comprar, a passear, a sorrir, a conversar, feliz por voltar a viver um tempo melhor, sob governo de liderança socialista.

Maria Farinha, de 23 para 25 de dezembro de 2.021.

 

 

 

 

 

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

SOBRE A VENEZUELA, OS EUA E O PETRÓLEO.

 SOBRE A VENEZUELA, OS EUA E O PETRÓLEO

(PRIMEIRA PARTE)

No dia 31 de março de 2021, li no site do ESTADÃO notícia de entrevista exclusiva que lhe dera o general da reserva C. A. Santos Cruz, ex-Ministro da Secretaria Geral da Presidência no (des)governo atual.

Diz o ESTADÃO nesta matéria, entre outras menções que, “rompido com o presidente que ajudou a eleger” ... O general afirma que hoje não repetiria mais o voto em Bolsonaro nem em um hipotético segundo turno entre o presidente e sua nêmesis, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.”

Pela pena do ESTADÃO naquela noticiada entrevista, “O general acusa Bolsonaro de ter desrespeitado os comandantes, as funções e as próprias instituições”... e que “Santos Cruz diz ainda que ninguém pretende seguir o exemplo da Venezuela no Brasil.”

De tudo contido na matéria em foco, o que se me apresentou mais relevante é a referência à Venezuela, que nada tem com o imbróglio em que o Brasil se meteu a partir do golpe parlamentar que retirou Dilma Roussef do exercício da Presidência da República, em 2016, e que se aprofundou com a injusta e ilegal prisão do ex-presidente Lula da Silva, com a adrede eleição do ex-tenente J. B. para aquele cargo, em 2018. 

Tenho notado que, desde as campanhas de rua iniciadoras da movimentação tática dos extremistas neoliberais para o assalto ao Poder, em 2013, quando alguma personalidade, mesmo de menor capacidade política, quer dissentir de ações desse agrupamento político sem querer causar-lhe oportunidade de acusação de “esquerdismo”, ou sendo aparentemente de “centro-esquerda” quer se achegar àquele agrupamento, desanda a vociferar contra a Venezuela, esconjurando-a porque o seu regime seria ditatorial.

Parece-me que tais exclamações, quase sempre despropositadas ou inoportunas, subsumem disfarçada demonstração de lealdade canina aos interesses do império econômico norte-americano, e propositada (ou não) ignorância da história política e econômica da Venezuela, bem assim dos fatos atuais relativos à guerra econômica e às ameaças de invasão encetadas pelos sucessivos governos dos EUA contra o país venezuelano, desde quando Hugo Chávez assumiu o poder venezuelano em 1999,  e às reiteradas eleições populares e universais realizadas naquele país caribenho, com a maior freqüência dentre todos os das Américas. 

Nos dias mais intensos da pandemia provocada pela COVID 19, deu-se-me de reler, “Que sabe você sobre petróleo?”, da autoria de Gondin da Fonseca, obra a qual li a primeira vez há quase sessenta anos. Trata-se de um dos maiores livros não ficcionais já escritos no Brasil, que foi fundamental, entre outros, para a minha própria formação política. 

Esse livro de Gondim da Fonseca contém esclarecimentos históricos que os néscios políticos, e mesmo os entreguistas ignorantes (que os há em grande número), precisam ter em mente quando falam sobre a Venezuela.  

Para início de referência à virtual colônia do império norte-americano que era a Venezuela, pauperizada ao extremo e sufocada em suas mais legítimas aspirações de independência econômica, até antes da subida de H. Chávez à presidência venezuelana, que se anote o que está escrito no citado “Que sabe você sobre petróleo?” (4.ª edição, 1955):

“Na Venezuela domina a Standard. Todos os seus campos petrolíferos, - os de Maracaibo, Falcón, La Rosa, Ambrosio, La Paz, Rio Palmar, Concepción, etc., são controlados por esse bruto consórcio estadunidense. A renda do país provém dele. Logo, a política do país gira também em torno dele. Quando surgiu na Venezuela um presidente nacionalista, Romulo Gallegos, que aconteceu? Foi deposto sumariamente pela Standard; e o adido militar dos Estados Unidos, - conforme declaração de Gallegos, - dirigiu a revolução “salvadora”. (Págs. 84/5)

O mesmo tipo  de golpe perpetrado contra Romulo Gallegos, em 24 de novembro de 1948, foi intentado contra Hugo Chávez mais de cinqüenta depois, em 11 de abril de 2002, pelos novos representantes da alta burguesia venezuelana, civis e militares, em concerto com os poderosos condutores dos interesses econômicos do império norte-americano, como rememorou o <sítio brasildefato.com.br>:

“ Neste 11 de abril de 2020, completam 18 anos da primeira tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente venezuelano Hugo Rafael Chávez Frías. O ex-comandante foi sequestrado por militares desertores, que colocaram em prática um plano arquitetado por setores tradicionais das classes mais abastadas do país, vinculadas à indústria  do petróleo e à Casa Branca.

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Rapidamente os governos dos Estados Unidos, Espanha, Equador, Colômbia e Nicarágua reconheceram a junta golpista cívico-militar.

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Numa operação coordenada entre o chavismo organizado, o povo venezuelano e as forças armadas, o vice-presidente constitucional Diosdado Cabello conseguiu entrar novamente no Palácio de MIraflores, assumindo as funções de chefe de Estado até que em 13 de abril Hugo Chávez voltou à presidência.”

O que motivou esses golpes? O realizado contra Romulo Gallegos, o intentado contra Hugo Chávez e as outras tentativas depois, inclusive contra Nicolas Maduro, o sucessor democrático de Hugo Chávez e atual mandatário na Venezuela?

Antes tendo advertido que “A Venezuela é, de fato uma colônia ianque” (pág. 88), esclarece meridianamente Gondim da Fonseca, na indicada obra, em passagens que aqui transcrevo literalmente:

Outrora, na Venezuela, mandava a Shell. Hoje oitenta por cento do petróleo desse país é da Standard. Quando a Inglaterra gemia e chorava às portas da derrota, com Hitler nos calcanhares, vocês se lembram que pediu soda aos Estados Unidos e os Estados Unidos lhe entregaram 50 destroyers? ... 

... Os destroyers foram secretamente permutados por campos petrolíferos. ...

No dia 23 de outubro de 1943 comunicavam as agências telegráficas ianques à imprensa da América do Sul que “a administração de petróleo para o consumo de guerra, de Washington, decidira ativar a produção de petróleo da Venezuela”. A fim de explicar semelhante patifaria (um país dispondo da produção de outro) acrescentava o despacho: “oitenta por cento dos recursos petrolíferos venezuelanos pertencem a firmas ianques e apenas vinte por cento ainda se encontram sob o controle de empresas britânicas”. (págs. 173/4)

... Nos Estados Unidos (lembrem-se! Lembrem-se!) todos os presidentes da República são presidentes legais da Standard. Não de direito, mas de fato. Na Inglaterra, todos os primeiros-ministros são presidentes legais da Shell. Não de direito, mas de fato. Os governos da Inglaterra e dos Estados Unidos tudo farão para conquistar as áreas petrolíferas do Brasil. “(pág. 200)

  Neste passo, é de se anotar fato público e notório que referenda a assertiva de Gondim da Fonseca, qual seja que Condolezza Rice, ex-Secretária de Estado dos EUA, no período de 2005 a 2009 da presidência de George W. Bush, antes de assumir esse cargo fora presidente de direito e de fato da Exxon, a atual denominação comercial da Standard Oil of New Jersey.

De volta aos fatos relativos à história exclusiva da Venezuela, remeto-me à nota (1) na CONVERSA PREAMBULAR COM O LEITOR BENIGNO (PREFÁCIO DA 3.ª EDIÇÃO) inserida na quarta edição da esclarecedora obra de G. da Fonseca aqui reportada:

“Na Venezuela, conforme adiante se dirá, o petróleo de exportação não é refinado nos portos de embarque, mas nos Estados Unidos e nas ilhas de Aruba e Curaçáu. O capital monopolista inglês e ianque não confia na passividade do explorado ilota venezuelano. E por isto não constrói ali refinarias. Pobre, miserável país! A 10 de maio de 1946, o “Correio da Manhã ”órgão entreguista carioca transmitia em sua secção de “Economia e Finanças” esta lamentável notícia do exterior: “A Venezuela continua a importar grandes quantidades de gêneros alimentícios . Vejamos os dados globais referentes a compras externas de milho, trigo, açúcar, legumes e outros produtos: 1950, 108 milhões de dólares; 1951, 111 milhões; 1952, 107 milhões; e 1953, 109 milhões”. Podemos informar que tais compras aumentaram em 1954 para 115 milhões. A área da Venezuela ultrapassa um milhão de quilômetros quadrados e a sua população não chega a 5.500.000 habitantes. Importando como importa (300.000 dólares por dia de milho), legumes, etc.) conclui-se que ali não existe qualquer sombra de agricultura organizada. Todas as atividades do povo convergem para o petróleo, sob o chicote da Standard e da Shell.”                               

(Que sabe você sobre petróleo?, págs. 44/5) 


* Este artigo continuará em breve com a publicação da sua segunda parte.




quinta-feira, 25 de março de 2021

Sobre o início de cumprimento de prisão condenatória sem trânsito em julgado da sentença.

        Indignado pela sórdida campanha midiática, capitaneada pelos maiores órgãos da imprensa e do jornalismo televisivo nacionais, pela aprovação parlamentar de alteração na legislação processual penal  para introduzir norma injurídica de início de cumprimento de pena de prisão com a condenação do acusado tão somete em segunda instância, sem trânsito em julgado da sentença condenatória, dirigi em 17 de novembro de 2020 uma mensagem aos meus amigos, preferencialmente os advogados, a qual  transcrevo a seguir, tal como a encaminhei; por isso que peço escusas pela linguagem coloquial, descuidada.       

           "Desculpem-me a crueza das palavras. Só é a favor do cumprimento de pena condenatória sem trânsito em julgado da respectiva sentença quem é ignorante em Direito ou tem interesse de má fé nessa causa. E isso inclui os ministros judiciais e juízes. 

           Esse meu posicionamento não é político; é estritamente jurídico e no interesse público da sociedade brasileira, que conta com quase metade da população carcerária sem julgamento condenatório definitivo. 

           Fato esse que trás danos irreparáveis para o Poder Público pelas despesas inerentes com a manutenção da parcela carcerária que, ao final, será inocentada; danos irreparáveis à própria sociedade, que supostamente quer-se proteger, pela universidade do crime em que se transformaram os presídios para o alunado formado pelos jovens de primeira incriminação e acusados de crimes leves como furto e receptação, de grande acontecimento nesses caso até por falta da devida assistência judicial e mal funcionamento do aparelhamento policial judicial.

          E danos materiais, familiares e de ordem psicoestrutural às pessoas desses encarcerados sem condenação definitiva trânsita em julgado, que em boa parte veem a ser posteriormente inocentados.

          Eu mesmo tive que agir junto à Polícia e ao Judiciário, com urgência, de improviso e não sendo criminalista, para que duas prisões, uma fundada em sentença produzida em processo kafkiano ilegal e outra em denúncia caluniosa, não se alongassem e viessem a prejudicar as pobres vítimas dessa fábrica de monstros que é o sistema brasileiro supostamente protetor da sociedade e de recuperação de pessoas criminosas, constituído pelo tripé Polícia, Justiça, Presídio. 

          O cumprimento da pena sem trânsito em julgado da sentença condenatória em nada alivia ou favorece a sociedade nem o Estado, como dela o sistema processual penal não necessita rigorosamente, pois já são previstas prisões que acautelam a ordem jurídica.

           Existem a prisão em flagrante, que dispensa mandado judicial; a prisão temporária, para assegurar colheita de provas contra o indiciado; e a prisão preventiva, para proteger o inquérito, o processo, ou a ordem pública ou econômica. 

           O que é uma aberração jurídica é a pessoa iniciar cumprimento de pena por condenação ainda sujeita a ser anulada. 

           Se a pessoa, no curso do devido processo legal, vier a se demonstrar perigosa para a ordem pública ou econômica, que se lhe decrete a prisão preventiva. Quem quer o contrário são os verdadeiros corruptores das instituições do Estado e da sociedade brasileiros."

quarta-feira, 24 de março de 2021

A História e o tempo.

 



O site <gazetadopovo.com.br>, pertencente ao Grupo Paranaense de Comunicação, em 19/08/2016, sob o título PF conclui inquérito da Operação Triplo X e identifica dona de um dos triplex do Guarujá, com o subtítulo “Nelci Warken foi indiciada como real proprietária do triplex 163-B, vizinho ao imóvel que pode pertencer ao ex-presidente Lula”, no último tópico do seu conteúdo, Tríplex ligado a Lula (sic), “vazou” para o público:


O condomínio Solaris possui dois tríplex com o mesmo número. A PF já conseguiu identificar Nelci como proprietária do apartamento 163B, mas ainda há a suspeita de que o real proprietário do apartamento 163-A – vizinho ao de Nelci – possa ser do ex-presidente Lula.

O Ministério Público de São Paulo chegou a conduzir uma investigação sobre o caso.
Os promotores paulistas afirmaram ter concluído que Lula é o dono do tríplex 163-A. No entanto, na escritura do imóvel, o tríplex está em nome da construtora OAS. A denúncia do MP afirma que a OAS, investigada na Operação Lava Jato, reservou o apartamento para o ex-presidente e pagou mais de R$ 700 mil pela reforma do imóvel. Lula aparece em fotos visitando o apartamento.

Os promotores de São Paulo chegaram a pedir a prisão preventiva de Lula e mais seis pessoas ligadas ao ex-presidente, mas a juíza de São Paulo remeteu o caso ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, que conduz as investigações da Operação Lava Jato.

Até agora, a investigação sobre o tríplex 163-A ainda não se tornou pública. Há um procedimento em andamento, mas ainda está em segredo de Justiça.

Os advogados de Lula negam que o ex-presidente seja o proprietário do imóvel e alegam que a 13ª Vara não tem competência para conduzir o caso, já que Moro “não aponta um único elemento concreto que possa vincular as investigações sobre a propriedade de um sítio em Atibaia (SP) ou de um apartamento no Guarujá (SP) a supostos desvios ocorridos no âmbito da Petrobras, e, consequentemente, à Operação Lava Jato”.

                  Os néscios lavajatistas, para não os cognominar corruptos morais, exultaram com o início da campanha midiática de destruição da dignidade do cidadão Luís Inácio da Silva, o Lula.


O vazamento de partes de investigação que ...”ainda não se tornou pública” (“… há suspeita de que o real proprietário do apartamento 163-A – vizinho ao de Nelci – possa ser do ex-presidente Lula”; “Os promotores paulistas afirmaram ter concluído que Lula é o dono do tríplex 163-A”; “Lula aparece em fotos visitando o apartamento”) revelam ostensiva e iniludivelmente o desiderato colimado por essa campanha da grande mídia nacional, encabeçada pela nefanda Globo, qual seja a repercussão deletéria perante o público geral da moralidade pessoal e da representatividade política do ex presidente como poderoso elemento adjunto à ímproba persecução criminal que se lhe fez, como bem delineiam Rafael Valim, Walesca e Cristiano Zanin Martins no livro de suas autorias Lawfare: Uma introdução.


O tempo passou e agora, quatro anos e sete meses depois daquela exultação pelo início daquela ímproba persecução criminal, eis que o Supremo Tribunal Federal, pela pena do relator designado para os procedimentos da apelidada “Operação Lava Jato” (em 08/03/21), reconhece e decreta a incompetência da 13.ª Vara da Justiça Federal em Curitiba para processar e julgar o ex-presidente Luís Inácio da Silva, precisamente nos termos arrazoados pela sua defesa e reportados ao final daquela malsinada matéria jornalística, ao modo de EM TEMPO:


Os advogados de Lulaalegam que a 13.ª Vara não tem competência para conduzir o caso, já que Moro “não aponta um único elemento concreto que possa vincular as investigações sobre a propriedade de um sítio em Atibaia (SP) ou de um apartamento no Guarujá (SP) a supostos desvios ocorridos no âmbito da Petrobras, e, consequentemente, à Operação Lava Jato”.


Neste outro tempo, a verdade veio a prevalecer. E a sua inteireza, neste caso de ímproba persecução criminal, se impôs judicialmente ainda no dia 21 deste mesmo mês de março de 2021, com o julgamento pela Segunda Turma do Suprema Tribunal Federal do Habeas Corpus impetrado pela defesa do ex-presidente em 2018, devolvendo-lhe a presunção constitucional de inocência, reconhecendo-lhe o injusto opróbrio que vinha a sofrer, ao julgar a suspeição da conduta processual ilegal e indigna com que se houve o seu julgador primário.


Anuladas todas as provas “fabricadas” que lhe imputavam falsamente o ilícito penal de corrupção passiva por recebimento de uma propriedade da qual jamais sequer teve a mera detenção factual ou ficta, inclusive disponibilizada para fins de transações reais pelo terceiro seu verdadeiro senhor e proprietário, vê-se afinal suplantada a mentira adrede concertada e proclamada por um tempo pela verdade lídima dos fatos e da razão aclarada meridianamente perante e pela Justiça.


Agora, não se vê mais alvoroço jubiloso por aqueles néscios de má conduta, mas percebe-se os seus ranger de dentes e suas mal disfarçadas imprecações, ante o insucesso definitivo da sua infamante e impatriótica ação contra o mais legítimo representante das massas trabalhadoras do País.


Na vivência deste momento de afirmação da verdade e da justiça, duas lembranças me ocorreram, de uma obra artística e de dois fatos históricos, os quais proporcionaram contrariamente, de uma parte, júbilo fugaz aos fanáticos pela lei da força e da discriminação, e de outra orgulho eternizado nas mentes dos admiradores da justiça e da paz.


A obra artística lembrada trata-se de uma escultura em mármore, com cerca de três metros de altura, que vi exposta no Victoria and Albert Museum, em Londres, de cuja autoria não recordo. São duas figuras de forma humana em luta entre si, em que a representativa da verdade subjuga a representativa da mentira e puxa-lhe a língua bipartida.


Jamais esqueci dessa maravilhosa obra de arte e, recordando-a agora neste momento em que o Supremo Tribunal Federal fez a subjugação da maior mentira judicial de que se tem memória à simples verdade dos fatos e da razão, jamais deverei esquecê-la, pela força da sua reprsentatividade nesta quadra histórica brasileira.


O primeiro dos fatos históricos que me ocorreu neste momento é a aproximação, no dia dois de outubro de 19941, das forças da Wermacht às cercanias de Moscou, o que fez com que os fascistas de todo o mundo se rejubilassem como se a história houvesse terminado e acreditassem que o império nazista reinaria por mil anos, como prometera o “fuhrer”.


O segundo fato histórico agora recordado é a rendição das tropas da Wermacht em Berlim ao comando do Exército soviético ali estacionado, no dia dois de maio de 1945, pondo de fato fim à Segunda Guerra Mundial, ou como dizem os russos à Grande Guerra Patriótica, e para o mais puro gáudio dos povos eurasianos, a selar uma paz duradoura.


Entre o início da mais vil persecução criminal já vista no Brasil, lastreada unicamente em mentiras articuladas por meios diversos, e a afirmação pelo Supremo Tribunal Federal da verdade afinal, decorreram-se pouco mais de quatro anos e meio.


O decurso do tempo entre a não conclusiva invasão das forças Wermacht à cidade de Moscou e a derrocada definitiva daquela máquina de guerra e do próprio infame regime nazista, dentro da cidadela de Berlim, foi de três anos e quase meio.


Conclui-se que a história, a mais ou a menos tempo, sempre consagra ao final a verdade e a justiça ante a mentira e a vilania.


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