“A atualização do socialismo”, alegada pelo governo cubano, começou com a exoneração, segunda-feira, de parte da cúpula oficial, exemplificada pela “liberação” da ministra da Indústria de Base, Yadira García Vera, cujo motivo invocado foi a de ser incompetente. A decisão teve a aprovação do Birô Político do Partido Comunista e do Comitê Executivo do Conselho de Ministros. Em março de 2009, idêntica medida atingiu quatro vice-presidentes e oito ministros.
Há um aspecto a ser destacado na atual conjuntura de Cuba, digno de atenção. Trata-se, a nosso ver, de um grave revés para um regime socialista, quando o Estado parece estar derrotado por forças que se distanciam do conceito marxista mais ortodoxo, caracterizado pela posse dos meios de produção e ausência de propriedades privadas.
Isso acontece ao mesmo tempo em que a grande crise mundial do regime capitalista forçou a intervenção estatal, para evitar a ruína de grandes bancos e do próprio sistema que os regulava, a partir dos Estados Unidos, quando o presidente Barack Obama decidiu investir trilhões de dólares na economia, fazendo ressuscitar a presença do Estado como fator de sustentação para enfrentar os problemas.
Feito esse parêntese, por uma questão de imparcialidade, é inegável reconhecer os avanços do regime de exceção cubano alcançados na área social. Desde 1993 ocorreram grandes progressos em biotecnologia, com registro de patentes e direitos nos EUA (há mais de 600 patentes para drogas novas, proteínas recombinantes, anticorpos monoclonais, equipamento médico com "software” especial etc.); sua capacidade científica talvez seja a mais importante dos países em desenvolvimento, à exceção de alguns asiáticos.
A vacina contra hepatite B é vendida em 30 países; a educação é gratuita no ensino fundamental, médio e superior, obrigatória até o nono ano; o analfabetismo foi erradicado, sendo a ilha o primeiro país do mundo a fazê-lo. O braço capitalista norte-americano já se faz presente em Cuba por intermédio do turismo, que é a maior fonte de renda nacional, atingindo em 2005 quantia superior a a US$ 2 bilhões. sendo, hoje, a maior fonte de renda do arquipélago formado por 1.500 ilhas. Conforme observamos, é preciso imparcialidade no julgamento do regime castrista quando aos êxitos conseguidos, apesar das restrições e repressão às liberdades.
Enquanto isso, o governo cubano, bastante acossado pelo embargo comercial norte-americano, teria um prejuízo estimado US$ 79 bilhões desde 1962. Aumentou, então, a repressão, chegando, segundo fontes da oposição, a existirem 112 mil prisioneiros políticos em 2006, reduzindo-se, progressivamente, o número para 205, em 2008.
Nesse mesmo ano, em junho, a União Européia decidiu eliminar as sanções diplomáticas contra Cuba, pela Espanha, França, Reino Unido, Suiça e Canadá, mediante diálogo político incondicional.
No momento atual, em que os problemas se aguçaram internamente, parece-nos que Cuba sinaliza pedindo ajuda aos regimes democráticos, sob as bases das mudanças anunciadas, acenando com a possibilidade concreta de maior abertura política, e, por fim, a restauração do regime democrático no médio ou longo prazo.

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segunda-feira, 27 de setembro de 2010
CRISE EM CUBA - I : EDITORIAL FOLHA DE PERNAMBUCO DE 21/09/2010
São duas sérias medidas anunciadas pelo governo cubano, a serem concretizadas nos próximos meses: a demissão de 500 mil servidores públicos e restrições à concessão da cartilha denominada "libreta do abastecimento", com a introdução de mudanças que afetarão boa parte da população. A essas decisões o governo da ilha define um novo modelo econômico, chamado de "atualização do socialismo", abrangendo conceitos como impostos e microcréditos e a contratação de empregados por empresas privadas.
No início, a Revolução liderada por Fidel Castro em 1959, teve amplo apoio da opinião pública internacional, como, também, dos cubanos que resistiam à ditadura de Fulgencio Batista. A República de Cuba sempre foi objeto de intervenções externas, a partir dos dominadores espanhóis que ali permaneceram durante 400 anos. Em 10 de dezembro de 1898, a Espanha sofreu derrota definitiva com a invasão de tropas norte-americanas. O governo dos EUA estabeleceu, então, um governo militar na ilha, mantendo-o durante quatro anos.
Em maio de 1902 foi proclamada a República em Cuba, porém o governo norte-americano convenceu a Assembléia Constituinte cubana a incorporar um apêndice à Constituição da República através da qual era-lhe concedido o direito de intervir nos assuntos internos cubanos, limitando sua independência por 58 anos.
No primeiro dia de janeiro de 1959, o Exército Rebelde, sob a liderança de Fidel Castro, derrotou um governo cubano títere dos EUA, para instaurar em 1961 uma república socialista, organizado de acordo com os princípios marxistas e leninistas (partido único, sem eleições diretas para cargos executivos e imprensa sob rígido controle). Castro passou a ser o chefe de Governo, chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas.
Sempre mantendo uma relação conflituosa com os EUA, buscou natural aliança com a então União Soviética para que a nação sobrevivesse, vendendo à URSS 5 milhões de toneladas do açúcar a preços mais elevados do que os praticados no mercado internacional, recebendo petróleo a preços subsidiados e cereais.
Era a válvula de escape ao bloqueio comercial internacional liderado pelos EUA na época da "guerra fria", quando Cuba permitiu a instalação de mísseis soviéticos, fato que quase deflagra um conflito nuclear entre as duas grandes potências militares existentes.
Os desentendimentos entre Cuba e os EUA se sucederam, inclusive a derrotada invasão da ilha, estimulada e financiada pelo governo norte-americano. Cuba, por sua vez, seguindo os padrões adotados, controlou os salários mensais, realizou uma grande reforma agrária, cujas primeiros 14 mil hectares pertenciam à família Castro.
Na sequência da Revolução, houve execuções de adversários, milhares de prisioneiros políticos (hoje, segundo o grupo oposicionista Comissão Cubana de Direitos Humanos, reduzidos a 200 ou 300). Doente, o comandante Fidel Castro passou o poder ao irmão Raul Castro, que vem, lentamente, promovendo algumas mudanças.
Em território cubano, é importante referir a existência de uma base militar dos EUA, em Guantánamo, o que implica na violação da sua soberania. Agora, o governo cubano parece sinalizar para o mundo que suas dificuldades são de grande vulto, amparada a economia, praticamente, no fluxo de turistas que visitam a ilha.
No início, a Revolução liderada por Fidel Castro em 1959, teve amplo apoio da opinião pública internacional, como, também, dos cubanos que resistiam à ditadura de Fulgencio Batista. A República de Cuba sempre foi objeto de intervenções externas, a partir dos dominadores espanhóis que ali permaneceram durante 400 anos. Em 10 de dezembro de 1898, a Espanha sofreu derrota definitiva com a invasão de tropas norte-americanas. O governo dos EUA estabeleceu, então, um governo militar na ilha, mantendo-o durante quatro anos.
Em maio de 1902 foi proclamada a República em Cuba, porém o governo norte-americano convenceu a Assembléia Constituinte cubana a incorporar um apêndice à Constituição da República através da qual era-lhe concedido o direito de intervir nos assuntos internos cubanos, limitando sua independência por 58 anos.
No primeiro dia de janeiro de 1959, o Exército Rebelde, sob a liderança de Fidel Castro, derrotou um governo cubano títere dos EUA, para instaurar em 1961 uma república socialista, organizado de acordo com os princípios marxistas e leninistas (partido único, sem eleições diretas para cargos executivos e imprensa sob rígido controle). Castro passou a ser o chefe de Governo, chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas.
Sempre mantendo uma relação conflituosa com os EUA, buscou natural aliança com a então União Soviética para que a nação sobrevivesse, vendendo à URSS 5 milhões de toneladas do açúcar a preços mais elevados do que os praticados no mercado internacional, recebendo petróleo a preços subsidiados e cereais.
Era a válvula de escape ao bloqueio comercial internacional liderado pelos EUA na época da "guerra fria", quando Cuba permitiu a instalação de mísseis soviéticos, fato que quase deflagra um conflito nuclear entre as duas grandes potências militares existentes.
Os desentendimentos entre Cuba e os EUA se sucederam, inclusive a derrotada invasão da ilha, estimulada e financiada pelo governo norte-americano. Cuba, por sua vez, seguindo os padrões adotados, controlou os salários mensais, realizou uma grande reforma agrária, cujas primeiros 14 mil hectares pertenciam à família Castro.
Na sequência da Revolução, houve execuções de adversários, milhares de prisioneiros políticos (hoje, segundo o grupo oposicionista Comissão Cubana de Direitos Humanos, reduzidos a 200 ou 300). Doente, o comandante Fidel Castro passou o poder ao irmão Raul Castro, que vem, lentamente, promovendo algumas mudanças.
Em território cubano, é importante referir a existência de uma base militar dos EUA, em Guantánamo, o que implica na violação da sua soberania. Agora, o governo cubano parece sinalizar para o mundo que suas dificuldades são de grande vulto, amparada a economia, praticamente, no fluxo de turistas que visitam a ilha.
RESPONSABILIDADE DO SENADO NA PRECARIEDADE DA SAÚDE PÚBLICA
Na coluna semanal O PRESIDENTE RESPONDE, em 21/09/2010, publicada em diversos jornais do Brasil, o aposentado Jorge Henriques, de Teresópolis, RJ, indagou do presidente LULA sobre a situação caótica da saúde pública que, quiçá (sic), teria piorado nos últimos anos.
O presidente Lula respondeu:
"... a própria Organização Mundial da saúde (OMS) publicou, no dia 8 deste mês, um informe mundial com elogios aos avanços no sistema público de saúde brasileiro. O informe diz que o Brasil avançou a caminho de atender toda a população, com destaque para a Estratégia de Saúde da Família, que hoje já conta com mais de 30 mil equipes e atende mais de 97 milhões de brasileiros. O documento destaca também, entre outros avanços, as campanhas de prevenção e programas como o Farmácia Popular e o Programa Nacional de Imunizações, com mais de 130 milhões de doses/ano aplicadas. A ressalva do documento é para o subfinanciamento da saúde pública. No final de 2007, o governo federal tentou colocar R$ 24 bilhões a mais no SUS. Esse avanço foi impedido por parlamentares da oposição no Senado, que se articularam e derrubaram a CPMF. Sem os recursos da contribuição, que somavam R$ 40 bilhôes e seriam aplicados na Saúde, não foi possível dar uma nova base de financiamento para a rede pública. A oposição não criou um problema para o governo como pretendia, mas prejudicou gravemente a saúde pública e, portanto, o povo brasileiro."
P.C.S.
O presidente Lula respondeu:
"... a própria Organização Mundial da saúde (OMS) publicou, no dia 8 deste mês, um informe mundial com elogios aos avanços no sistema público de saúde brasileiro. O informe diz que o Brasil avançou a caminho de atender toda a população, com destaque para a Estratégia de Saúde da Família, que hoje já conta com mais de 30 mil equipes e atende mais de 97 milhões de brasileiros. O documento destaca também, entre outros avanços, as campanhas de prevenção e programas como o Farmácia Popular e o Programa Nacional de Imunizações, com mais de 130 milhões de doses/ano aplicadas. A ressalva do documento é para o subfinanciamento da saúde pública. No final de 2007, o governo federal tentou colocar R$ 24 bilhões a mais no SUS. Esse avanço foi impedido por parlamentares da oposição no Senado, que se articularam e derrubaram a CPMF. Sem os recursos da contribuição, que somavam R$ 40 bilhôes e seriam aplicados na Saúde, não foi possível dar uma nova base de financiamento para a rede pública. A oposição não criou um problema para o governo como pretendia, mas prejudicou gravemente a saúde pública e, portanto, o povo brasileiro."
P.C.S.
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