Celso de Mello pede para votar, mas Barbosa ignora
Felipe Recondo – O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – Ministros do Supremo contrários ao novo julgamento
fizeram ontem “catimba” para adiar o voto de desempate de Celso de
Mello. A cartada final foi do presidente do tribunal, Joaquim Barbosa,
que interrompeu a sessão mesmo com o pedido do decano para votar.
A tendência de Celso de Mello era votar pelos embargos infringentes.
Os ministros contrários, porém, estenderam o quanto puderam a sessão.
Queriam adiar a decisão para, eventualmente, obter uma mudança de
posição até a próxima quarta-feira, quando o caso será retomado.
A estratégia foi revelada por um ministro antes do intervalo da
sessão de ontem. A intenção, disse esse ministro, é fazê-lo “repensar”.
Gilmar Mendes expôs seu voto contrário aos infringentes por mais de uma
hora. Marco Aurélio Mello, que seria o penúltimo a falar, também. A ideia era mesmo interromper a sessão depois disso.
A realização de uma reunião do Tribunal Superior
Eleitoral – do qual alguns ministros fazem parte – foi o argumento
oficial para a interrupção antes do voto do decano. Às 18h30, porém,
Celso de Mello havia se levantado, ido ao ouvido de Barbosa e dito que
queria falar: tinha voto pronto, que o resumiria a 5 minutos para evitar
que o caso se estendesse. Sabia que estava sendo envolvido na manobra
de parte dos colegas. O presidente do STF ignorou o pedido. Celso de
Mello ainda fez um gesto para intervir e tentar votar, mas a sessão foi
encerrada.
Os ministros, então, correram para o decano. Os primeiros a chegar
foram Luiz Fux e Barbosa, ambos contrários ao novo julgamento.
Em seguida, chegou Ricardo Lewandowski, favorável aos infringentes. Ele deu um abraço em Celso de Mello e disse: “Bom fim de semana”.
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