O que fizeram as
forças da economia hegemônica mundial com a sociedade brasileira,
usando as poderosas ferramentas de dominação da opinião pública?
Em linguagem
metafórica, observador atento do cenário poderá concluir que
desmontaram, peça por peça, a bicicleta sócioeconômica que fora
montada com pertinácia na última década e quase meia e que, depois
de subir íngreme ladeira inicial, se iniciava a rodar em terreno
mais plano.
O desmonte da
bicicleta com apuro, determinação inabalável e ardil meticuloso
iniciou-se com as manifestações de ilusória massa na cidade mais
populosa e politicamente de classe média burguesa mais inculta
nacionalmente.
Questionou-se,
inclusive de modo violento sem antecedente, o aumento de alguns
centavos de real no preço de passagens de coletivos urbanos,
administrado por governo estadual de centro-direita, de oposição ao
governo federal, de centro-esquerda. Um problema localizadíssimo,
pela geografia e pela solução.
Ali, em 2013,
deu-se a partida a um projeto de fascistização de massa - “comme
il faut”. Com a cobertura nacional dirigida de propósito
erradamente contra o governo federal, o acontecimento
surpreendentemente (ao início, até para Arnaldo Jabor, comentarista
humorístico da Rede Globo de Televisão) deu-se início à aplicação
da primeira ferramenta para a desaceleração do avanço democrático
e inclusivo social procedido com aquela bicicleta.
Prosseguiu-se
com o uso, eficazmente alarmante, enfurecido e continuado da
ferramenta da “mass media” para a fanatização – à extrema
direita – da classe média burguesia, quando esta era então
visivelmente favorecida pelas políticas global, setoriais e de
inclusão social adotadas pelos seguidos governos objeto daquela
desconstrução política. Na ocasião se alcançava índice de quase
pleno emprego, jamais ocorrido, e o consumo se dava exuberante. A
inflação residual decorria mais da incapacidade industrial –
tecnológica e financeira - de atender bem à demanda e o
incumprimento em dia das obrigações pela população do crédito
concedido decorriam mais dos escorchantes juros cobrados pela banca
ao consumidor e ao pequeno empresariado, como se faz até o presente.
Evidência
meridiana do propósito de fascistização de parte da classe média
burguesa, a partir daquela agitação de rua, surgida, procedida e
multiplicada por um tempo, foi o entranhamento nela das ações
provocativas e destruidoras patrimonialmente de “blackblocs” de
origens desconhecidas. Notável também é que dessa agitação de
rua das que se lhe seguiram não participaram efetivamente as classes
mais populares nem agrupamentos comprometidos com elas, bem que tais
agitações se circunscreviam a protestar contra a gestão
governamental administrativa de problemas setoriais – educação,
saúde e segurança, porque ausentes fortes causas econômicas,
sociais ou políticas. Indício, presentemente incontestável, da
funcionalidade política para acesso ao poder de elementos
comprometidos com o fascismo foi o surgimento entre as principais
lideranças daquele primeiro momento de desmonte de alguém (até
então plenamente desconhecido por todos), com esse discurso
ideológico e que, por aquela via, ascendeu agora ao parlamento
nacional com impressionante votação dada por aquele estado
originador do ovo da serpente; sendo ele o próprio inseminador desse
ovo, sem dúvida adrede preparado para tal.
Para a
continuidade do desmonte, passou-se de imediato à utilização de
outra ferramenta disponível na prateleira da oficina do diabo, qual
seja intensa capacitação de agentes públicos brasileiros em
eventos jus policiais nos aparelhos de inteligência mais eficientes
e vigorosos de atuação global, experientes na intervenção em
países de todo o quadrante mundial, como famosíssimo magistrado
sempre fez público a sua formação e atualização por entidades
componentes desse quadro para a sua exação funcional em
procedimentos judiciais que envolvem interesses econômicos
estratégicos para o Brasil.
Iniciou-se,
então a judicialização da política nacional, a buscar e conseguir
a criminalização da atividade política, necessária para a sua
substituição pelo autoritarismo e, por conexão criminal com esta,
a inviabilização econômica das grandes empresas estratégicas
nacionais – públicas e privadas – de modo a eliminá-las da
concorrência no mercado internacional em que atuavam com sucesso
inegável – América Latina, África, alguns países do Oriente
Médio - ou reduzi-las, aqui no País, a meramente serviçais dos
interesses das multinacionais oligopolizadas mundialmente.
Dá-se aí,
concomitantemente, a “débâcle” do preço internacional do
barril do petróleo, procedido pelas manipulações na produção e
comercialização do óleo pelo cartel da OPEP, capitaneadas pela
Arábia Saudita, o maior produtor mundial, com a sua ARAMCO –
sociedade de propriedade da família Saud, reinante absoluta no país
com as principais empresas petroleiras do ocidente, a Exxon Mobil,
Gulf, British Petroleum, Royal Dutch Shell, …
Essa “débâcle”
premeditada levou à quebra econômica de países como a Venezuela –
maior fornecedor dos EUA e terceiro maior produtor mundial – que
tem na exploração do óleo sua quase exclusiva fonte de riqueza,
assim como inviabilizou a continuidade do desenvolvimento econômico
e da inclusão social que se operava no Brasil até então.
Estagnou-se o
País, mas se conseguiu retirar uma peça essencial no desmonte da
bicicleta econômica, social e política nacional, uma verdadeira
pedivela. A atividade econômica paralisou quase por completo,
minguaram os “royalties” pagos pela Petrobrás, que irrigam as
finanças dos estados e municípios onde se dá a exploração do
petróleo; a Petrobrás passou a desinvestimento, com implicação na
redução de produção ou paralisação das atividades de suas
empresas fornecedoras nacionais, especialmente da indústria naval
(navios sonda, plataformas submarinas e navios transportadores) que
ficou a ver navios (perdoe-se o trocadilho), que se havia
restabelecido vigorosamente com as encomendas da estatal e que
empregava um número imenso de trabalhadores, principalmente em
Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Parada a
bicicleta que levava avante a população nacional, restou que se a
desmontasse de vez agora, para que o país não mais andasse para a
frente em momento seguinte, apenas voltasse atrás, para a objetivada
eternização da “casa grande e senzala”, para o passado de
senhores e servos da gleba; para que não mais o povo viesse a ser
condutor e passageiro, a um só tempo, de um veículo ensejador de
mudança contínua vívifica, que não dá ré; para que, ao invés,
o povo volte a arrastar as ferramentas de exploração primária de
uso, fruto e gozo das classes sociais que lhe são superiores,
proporcionados pela exportação a preços vis para os países de
economia desenvolvida.
Deu-se, então,
o uso da ferramenta do assassinato político de todas as forças
políticas democráticas no País, corrompidas ou honestas,
capitalistas ou socialistas, de origem burguesa ou proletária. Há
que se preparar o terreno para a passagem do veículo fascista que
por ele precisa afzer o caminho para o atraso, inverso ao da
bicicleta desmontada. À fanatização autoritária não convém, não
é admissível, a liberalidade política. A liberalidade admissível
é somente a econômica, mas cartelizada cuidadosamente, contando com
a Ford e a GM, a Vokswagem e a Porsche, a Siemens e a Krupp, a Boss e
a ... (a Renner e a Riachuelo que se cuidem, o Pão de Açúcar e o
Bom Preço já foram devidamente cuidados).
No seguimento,
para o sucesso do desmonte econômico, sócio e político objetivado
por essa “razia” sobre o Brasil, era condição “sine qua non”
o impedimento da presidente, eleita legitimamente em confronto direto
nas urnas contra o representante eleitoral dessa “entourage”
maléfica ao país. Deu-se, assim, o perfeito golpe parlamentar,
muito bem executado com a colaboração prestigiosa e acovardada do
supremo judiciário nacional. Deu-se o golpe sem sustentação de
ordem institucional, jurídica ou ética, apenas por vontade política
de uma maioria congressual de ocasião, como se não se tratasse de
presidencialismo, mas sim de parlamentarismo, onde a aprovação de
um voto de desconfiança é bastante para a derrubada de um gabinete
governamental.
Por efeito desse
golpe parlamentar, instalou-se na presidência do País, então, um
dos líderes na arquitetura daquela manobra de desmonte da bicicleta
nacional. Foi necessário, então, que as peças desmontadas fossem
confundidas de modo a se dificultar ao extremo a sua rearrumação no
bom propósito da remontagem daquele veículo importante para a
retomada do caminho, pelo povo, do desenvolvimento econômico e
social nacional. O agora chefe oficial da desmontagem tem cumprido
bem a sua tarefa, a envidar esforços para entregar ao capital
estrangeiro os pedais, a coroa e a corrente de transmissão da nossa
bicicleta econômica e para tornar quase impossível o aproveitamento
pelos trabalhadores nacionais do desmontado selim dos direitos
trabalhistas e previdenciários.
Nessa ordem de
acontecimentos, a função de oficina do desmonte passou-se para o
edifício de manipulação espiritual cujos mestres há tempo
colocavam seus pregos na estrada por onde rodava a bicicleta da
democracia política brasileira, qual seja o fundamentalismo de
exploração emocional das novas seitas evangélicas, detentoras de
variados veículos de mídia importantes nacionais – onde não se
incluem as tradicionais igrejas protestantes, que por largo caminhar,
nos erros e nos acertos, tal a igreja católica, não se integraram a
essa renovada aventura fascista. Aquelas, as novas e as novíssimas
seitas, praticam desde sempre o fanatismo religioso, assim como
muitos acusam a prática do islamismo em países do Oriente Próximo.
Nessas novas
igrejas evangélicas apregoa-se um fundamentalismo irracional,
puramente emocional, a explorar um dos piores sentimentos do ser, o
medo. Daí a se multiplicarem pelo mundo afora, mesmo nos países
mais desenvolvidos. É a prática da perversidade intencional na sua
pior manifestação.
A conjugação
desse fundamentalismo religioso ocidental com o fascismo seria
inevitável, como de fato tem ocorrido aqui e alhures, seja em países
subdesenvolvidos ou superdesenvolvidos. Não é por acaso que são os
evangélicos fundamentalistas norte-americanos os maiores
contribuintes financeiros ao estado de Israel, como incentivo ao
procedimento caracteristicamente nazi de expansão territorial e
submissão indigna de partes da população palestina, sob a
pretensão de viabilização mais rápida possível do armagedão, do
apocalipse, o dia do juízo final, no qual o Messias retornaria à
terra a fim de realizar a justiça final.
Nesse compasso,
um político, que há décadas se servia disfarçadamente, inclusive
familiarmente, desse “cocktail” de fascismo com fundamentalismo
evangélico – militar frustrado na sua carreira, mas com ímpeto a
“generalizar” o País - apropriou-se do desmonte total da
bicicleta a que se havia feito e veio com a pretensão de
substituí-la por um tanque de guerra, para conduzir a população
nacional a … onde, por onde?
A população
nacional fanatizada pelo fundamentalismo religioso evangélico e pelo
fascismo de soluções mirabolantes, como que chineses drogados pelo
consumo de ópio estimulado pelos colonizadores britânicos, parece
apoiar esse Messias.
Desmontou-se a
bicicleta e confundiram-se suas peças, espalhado-as a esmo.
Preocupa-me como poderá se dar a remontagem dessa bicicleta, se nem
sabemos aonde está cada peça, para recolocar cada qual no lugar certo.
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